O EQUILÍBRIO E A ETERNIDADE
É em nós, que estão a alegria e a melancolia.
Assim como na natureza existem os dias de sol e de chuva, a brisa que retempera e o furacão que destrói. E é da sua alternância que o equilíbrio depende.
Deixai-me dizer-vos, entretanto, que a melancolia não é um mal em si mesma. É ela que nos faz valorizar a alegria, como cada decepção torna ainda mais colorido um novo sonho.
Deixai, também, que eu vos diga que a melancolia não é necessariamente a tristeza. Pode ser apenas a lembrança de tempos passados, que a memória insiste em manter no presente.
É preciso que assim seja. Porque cada etapa da jornada é um capítulo do livro da Vida, onde o homem registra as suas experiências, para que delas venha a brotar o Conhecimento.
A melancolia de hoje não é senão a alegria de ontem, revisitada pelos olhos da saudade. E não vos deve entristecer, mas lembrar-vos que a felicidade existe e esteve em vossos caminhos.
Tampouco, deve entristecer-vos o passar dos anos. Porque envelhecer não é o fim do caminho, mas o começo de uma nova jornada, onde a lentidão dos passos é compensada pelos tesouros da sabedoria.
A cada dia, uma nova janela se abre em vossa vida. E deveis manter abertos os vossos olhos, para que possais vislumbrar as imagens do futuro, e aproveitar as oportunidades que vos possa trazer.
Conservai, porém, as lembranças do passado. Pois só assim evitareis as armadilhas da tristeza, que muitas vezes se esconde sob o manto da ilusão e a máscara das falsas alegrias.
Desfrutai, sim, de cada um dos vossos dias. Porque, se o tempo é o vosso maior patrimônio, é também o único que não vos é dado avaliar; a ninguém cabe saber a data da partida.
Não desprezeis, entretanto, as vossas lembranças. Porque são elas que constituem a riqueza do vosso verdadeiro Eu, que entre prantos e risos as amealhou em cada momento da jornada.
Ainda que tudo mais possa escorrer entre os vossos dedos, as lembranças comporão sempre a vossa bagagem, pois ninguém pode tirar de um homem o seu aprendizado.
É ele que vos acompanhará, durante todas as fases do vosso percurso. E dele virá a luz que haverá de iluminar o vosso caminho, que não se interrompe com o definhar do corpo.