A SOLIDÃO
Eu vos tenho falado
da solidão.
Decerto a encontrareis, em vossos caminhos. Porque a solidão habita em cada ser humano; e
de nada vos adianta tentar fugir ao que não está ao vosso redor, mas dentro de
vós.
Para onde fordes, a
levareis em vossa alma. Ainda que haja alguém ao vosso lado todo o tempo,
momentos existirão em que vos sentireis sós, como se ninguém estivesse convosco.
A solidão desperta os vossos medos. Pois vos assusta a ideia de terminardes sós os vossos dias e
serdes esquecidos, como se jamais houvésseis caminhado sobre a terra.
Este é o lado ruim
da solidão, que vos leva a duvidar de vós mesmos, a questionar os vossos
atos e os vossos sentimentos; a descrer do Coração do Universo, que vos
acompanha.
Esta é a solidão que
vos inquieta e amedronta. Que vos faz atravessar noites insones, os olhos
abertos no escuro, contando os minutos que passam para que chegue um
novo dia.
Deveis, entretanto,
recordar que é no silêncio que melhor se pode ouvir o canto melodioso do
pássaro; ou o assobio aventureiro do vento nas folhas das palmeiras à beira do
mar.
E é quando vos
isolais de todos, que mais belas vos parecem as cores de uma tela, mais
harmoniosas as linhas de uma estátua ou mais simples e verdadeiras as palavras
de um livro.
É quando estais na
solidão, que podeis verdadeiramente gozar da vossa companhia; examinar os
vossos pensamentos e as vossas emoções, viajar por vosso universo interior.
É preciso que
silenciem as vozes ao vosso redor, para que possais ouvir o vosso
verdadeiro Eu; é preciso que não se façam ouvir os apelos do mundo, para
ouvirdes a canção do Infinito.
É preciso que vos
sintais sós, para entenderdes o valor da companhia; é preciso que nem o eco
responda às vossas palavras, para que o vosso coração anseie por uma voz amiga.
A solidão, em si mesma, não é um fardo ou uma bênção; de vós, depende em que a
tornareis. É nela que podereis viver alguns dos vossos momentos mais amargos ou mais doces.
Não é de companhia,
que necessitais; mas de conviver bem com o que sois. Porque o homem que mais sofre
com a solidão é aquele que não suporta estar a sós consigo mesmo.
Reconhecei a vossa pequenez e descobrireis a vossa grandeza; apreciai as vossas qualidades e perdoareis os vossos defeitos. Entendei-vos e encontrareis o vosso verdadeiro Eu.
Reconhecei a vossa pequenez e descobrireis a vossa grandeza; apreciai as vossas qualidades e perdoareis os vossos defeitos. Entendei-vos e encontrareis o vosso verdadeiro Eu.
E estareis em paz
com a solidão.
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_jean_claude_borelly_concierto_de_aranjuez.mid