O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A SOLIDÃO



Eu vos tenho falado da solidão.

Decerto a encontrareis, em vossos caminhos. Porque a solidão habita em cada ser humano; e de nada vos adianta tentar fugir ao que não está ao vosso redor, mas dentro de vós.

Para onde fordes, a levareis em vossa alma. Ainda que haja alguém ao vosso lado todo o tempo, momentos existirão em que vos sentireis sós, como se ninguém estivesse convosco.

A solidão desperta os vossos medos. Pois vos assusta a ideia de terminardes sós os vossos dias e serdes esquecidos, como se jamais houvésseis caminhado sobre a terra.

Este é o lado ruim da solidão, que vos leva a duvidar de vós mesmos, a questionar os vossos atos e os vossos sentimentos; a descrer do Coração do Universo, que vos acompanha.

Esta é a solidão que vos inquieta e amedronta. Que vos faz atravessar noites insones, os olhos abertos no escuro, contando os minutos que passam para que chegue um novo dia.

Deveis, entretanto, recordar que é no silêncio que melhor se pode ouvir o canto melodioso do pássaro; ou o assobio aventureiro do vento nas folhas das palmeiras à beira do mar.

E é quando vos isolais de todos, que mais belas vos parecem as cores de uma tela, mais harmoniosas as linhas de uma estátua ou mais simples e verdadeiras as palavras de um livro.

É quando estais na solidão, que podeis verdadeiramente gozar da vossa companhia; examinar os vossos pensamentos e as vossas emoções, viajar por vosso universo interior.

É preciso que silenciem as vozes ao vosso redor, para que possais ouvir o vosso verdadeiro Eu; é preciso que não se façam ouvir os apelos do mundo, para ouvirdes a canção do Infinito.

É preciso que vos sintais sós, para entenderdes o valor da companhia; é preciso que nem o eco responda às vossas palavras, para que o vosso coração anseie por uma voz amiga.

A solidão, em si mesma, não é um fardo ou uma bênção; de vós, depende em que a tornareis. É nela que podereis viver alguns dos vossos momentos mais amargos ou mais doces.

Não é de companhia, que necessitais; mas de conviver bem com o que sois. Porque o homem que mais sofre com a solidão é aquele que não suporta estar a sós consigo mesmo. 

Reconhecei a vossa pequenez e descobrireis a vossa grandeza; apreciai as vossas qualidades e perdoareis os vossos defeitos. Entendei-vos e encontrareis o vosso verdadeiro Eu. 
  
E estareis em paz com a solidão. 

Música:
 http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_jean_claude_borelly_concierto_de_aranjuez.mid

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

DE SONHOS E REALIDADES

Certo é que não conseguireis realizar todos os vossos sonhos.
Porém, é igualmente certo que vale a pena sonhar cada um deles. Porque o sonho, enquanto dura, ilumina a vossa alma; como a chama efêmera, antes de extinguir-se, aquece o viajante.
Abraçai, portanto os vossos sonhos; deixai-vos flutuar sobre eles, como se vagásseis entre as nuvens do céu. Que não vos preocupe a sua duração, mas vos encante a sua intensidade.
Mantende, entretanto, os vossos pés no chão. Lembrai-vos de que o pássaro voa livre no espaço, mas é sobre a terra que necessita encontrar o alimento que o sustenta e o ninho que o abriga.
Deveis colocar limites às vossas atividades, porque para realizá-las dependeis das forças do vosso corpo. Mas por que limitaríeis os vossos sonhos, se a eles vos levam as asas do verdadeiro Eu?

Sede livres, ao sonhar os vossos sonhos. Porque o homem verdadeiramente preso não é aquele que se encontra em uma cela, mas sim o que é incapaz de voar sem limites, na sua imaginação.
Decerto, jamais encontrareis o pote de ouro ao fim do arco-íris. Porém, esta verdade torna menos atraente a estrada translúcida que adorna o céu, com todo o encanto das suas sete cores?
Nem encontrareis Papai Noel descendo por vossa chaminé, ou colocando o vosso presente. Todavia, é certo que a sua imagem povoou por algum tempo os vossos sonhos e vos fez mais felizes.
Talvez não tenham sido verdadeiros todos os vossos amores; contudo, cada um deles não vos fez viver em um mundo mais encantado e colorido, durante todo o tempo em que durou?
Porque os sonhos não precisam realizar-se, para trazer-vos felicidade. São como o perfume das flores, que se espalha pelo ar e torna agradáveis os vossos passos, enquanto caminhais pelo jardim.
E acreditai-me, quando vos digo: talvez seja melhor que permaneçam como sonhos.  Pois o horizonte, que de longe parece reunir o céu e a terra, de perto é um lugar como outro qualquer.
Não existem sonhos que não terminem um dia. Em verdade, um sonho não finda apenas quando se mostra impossível; muitas vezes, começa também a morrer quando se torna realidade.
Desfrutai deles, portanto, enquanto permanecem convosco. Desfrutai de cada um dos segundos que duram, da esperança que vos trazem, da alegria que fazem nascer em vosso coração.
E não temais as decepções que vos possam trazer; porque não é sensato temer as trevas da noite, enquanto o sol ilumina o mundo. Não vos deveis apiedar do homem que vê morrer um sonho.  
Tende piedade, sim, daquele que é incapaz de sonhar.  
Música:

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A FELICIDADE E A PÉROLA



Ser feliz: este é o desejo do homem que caminha sobre a terra. 
A felicidade é a pérola que buscais, enquanto mergulhados no mar da vida. Embora os rochedos e as ondas vos dificultem o mergulho, persistis em abrir as ostras, para colher o vosso prêmio.
Para cada pessoa, existe uma pérola; e apenas a ela cabe encontrá-la. Ainda que mergulheis em dupla, cada um deve fazer a sua própria colheita; ou nenhum de vós terá completado o mergulho.  
Deveis ter presente que cada um tem o seu jeito de ser; por isto, há entre vós diversas formas de mergulhar. E vos cabe respeitar a todas, assim como desejais que a vossa seja respeitada.
Há o mergulhador temeroso; aquele que preza, acima de tudo, a sua comodidade e segurança. Experimenta a temperatura da água, usa repelente de tubarões e assusta-se a cada sombra.
Evita as águas mais profundas, foge aos rochedos que lhe parecem aguçados e aos peixes que o cercam. Perdido em seus medos, não encontra a pérola que lhe cabe e no fundo do mar permanece. 
Há o prático, que ignora o mergulho, a água, os corais e os peixes; e vai direto às ostras que avista, abrindo a todas, indiscriminadamente, com a sua faca, no afã de encontrar a pérola que procura.
E tão envolvido se encontra nessa busca, e tantas ostras abre e examina apressadamente, que a pérola que seria a sua torna-se igual a tantas outras e escapa por entre seus dedos ávidos.
Há o sonhador, a quem falta coragem para mergulhar e que se deixa ficar idealizando a sua pérola. Em sua imaginação, encanta-se com a textura delicada, a superfície perfeita, o colorido único.
A imagem preenche os seus sonhos, anima os seus dias. E em sua ilusão adora a pérola imaginária. Na solidão da noite, consola-se pensando que no dia seguinte mergulhará para encontrá-la.
Pode acontecer que nenhum deles encontre a sua pérola, mas ainda assim ela refletirá em todas as suas vidas; o temeroso a encontra no conforto, o prático na esperança e o sonhador na ilusão.
Deixai-me dizer-vos, entretanto que o mergulhador sensato é aquele que não faz da pérola a razão de sua vida; desfruta, simplesmente, de cada valioso minuto de que dispõe em cada mergulho.
Pois esse é o que aproveita a carícia amiga da água em seu corpo, aprecia a beleza intensa dos corais e admira, embevecido, o nado inconsciente e o colorido variado dos peixes que encontra.
Porque sabe que a pérola não é uma finalidade, mas uma motivação. E agradece ao Universo pela água onde mergulha; pelos corais que oferecem as ostras e pelos peixes que o acompanham.
Para ele, a pérola não é tão necessária, porque a enxerga fragmentada em tudo que existe. E esta é a lição que necessitais aprender: encontrar a felicidade não deve ser a obsessão de vossa vida.
Mas a sua consequência. 

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O UNIVERSO EM VÓS



Vezes haverá, em que a tristeza buscará alojar-se em vossa alma.

Não a deveis temer, entretanto. Refugiai-vos nas vossas lembranças mais alegres, nos vossos sentimentos mais intensos, nos melhores momentos que vivestes. 

E ela se irá de vós. Pois, assim como a noite não resiste à luz do dia, nem a água permanece congelada ante a presença do fogo, o pesar não se mantém onde existe a alegria.
Em outras vezes, será o desânimo a visitar-vos. E tentará envolver-vos em seus cinzentos véus, levando-vos a duvidar não apenas de vós, mas de tudo e de todos que vos cercam.

Tampouco o conseguirá, todavia, se fordes capazes de confiar em vossa própria capacidade e na força do Universo. Porque o desespero jamais se instalará onde existe a esperança.
Acontecerá que a solidão vos assalte, um dia; e vos faça sentir como se caminhásseis sós, por toda a vida, sem um braço amigo que vos apoie ou um corpo que vos aqueça.

Quando assim ocorrer, também em vós está a solução. Buscai as recordações dos instantes em que a sensação de companhia mais presente se fez em vós, e a solidão vos deixará.
Não vos deixeis abater, frente às dificuldades da vida. O medo é o único adversário que deveis temer; o único grilhão capaz de tolher-vos os pés, ao aprisionar a vossa alma.  

Em vosso verdadeiro Eu, encontrareis todas as respostas; e é natural que assim seja, pois nele estão todas as perguntas. Dele dependem a vossa serenidade, ou a vossa inquietude.
Pacificai a vossa alma e a paz estará ao vosso redor; aprendei a amar-vos como sois e não mais padecereis a falta de amor; cultivai a humildade e o orgulho não mais vos fustigará.

É de vós, que depende a escolha; assim, eu vos tenho dito. E vossa é a responsabilidade por seguir o caminho que escolhestes; por vadear os vossos rios e escalar as vossas montanhas.
Isto não seria possível, se em vós não existisse a centelha do Universo; é nela que encontrais as forças de que necessitais, para vencer os obstáculos que defrontareis durante a jornada.

Aceitai esta verdade, pois a sua consciência modificará as vossas vidas. Para aquele que tem fé, nada é impossível; mas o homem que não acredita, nada será capaz de realizar.
Acreditar é o segredo do sucesso. Ninguém é bem-sucedido, sem confiar em si mesmo. E nada mais necessitais, do que aprender a ouvir a voz do vosso verdadeiro Eu.

Porque através dele vos fala o Universo. 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O ÚLTIMO HOJE


Temeis a morte.
Entretanto, comportai-vos como se fôsseis viver para sempre. Acreditais em fazer planos a longo prazo e programais o vosso futuro, como se soubesses até quando trilhareis as estradas deste mundo.

E, em verdade, não o deveríeis fazer. Pois cada um dos vossos momentos pode ser o último desta caminhada; e melhor faríeis se apenas vos concentrásseis em vivê-lo, na sua efêmera plenitude.

Porém, exatamente porque não vos é dado saber a duração de cada jornada, não vos deveis apegar ao instante que passa, como se depois dele nada mais viesse a existir em vossos caminhos.
Pois não podeis retê-lo, senão em vossas lembranças. E, quanto mais intensamente o viverdes, por mais tempo ele permanecerá em vós; e vos fará sorrir, a cada vez que o recordardes.

Acreditai, sempre, que exista um amanhã. Tende presente, todavia, que um hoje será fatalmente o último; se assim fizerdes, outra será a vossa perspectiva e outra a vossa forma de caminhar.
Sensato é o homem que desfruta a alegria do momento; e não aquele que o interrompe, para fotografar a ocasião. Em lugar algum podeis guardar a felicidade, senão em vossas almas.

Deixai-me dizer-vos que a morte é necessária, para que a Vida se possa renovar. Assim acontece, em toda a Natureza; e bem sabe o lavrador que a cada safra são mais doces os frutos que brotam. 
Como não saberíeis o valor do dia ensolarado, se não existisse a noite fria, não poderíeis aquilatar a benção da vida, sem conhecer o vazio e a tristeza que cercam o que chamais de morte.

Sabei, todavia, que a morte é apenas uma ilusão dos sentidos do corpo. Eis que não podeis ver nem tocar Deus, o amor e a saudade; porém bem vivos os podeis sentir, em vosso verdadeiro Eu.
Assim eu vos tenho dito. E, se atentardes para o que vos fala a vossa voz interior, descobrireis que o que mais fundo vos toca não são as sensações do corpo, mas as emoções da alma.

E assim acontece porque não sois o corpo que vos envolve, como a roupa que protege o viajante enquanto perambula pela estrada; sois a centelha divina, cuja essência reside na Eternidade.
Acolhei em vós esta verdade. Necessitais ter consciência da fragilidade do vosso corpo e da imortalidade de vossa alma, para que melhor possais direcionar os vossos passos pelo caminho.

Sabei, pois, que sois tão passageiros como as flores e até como o vento que afaga o vosso rosto; e, ao mesmo tempo, eternos como as estrelas que iluminam o céu noturno desde o começo das eras.

Porque viveis no Coração do Universo.  

Música: 
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/eduardo_lages_emocoes.mid

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