O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ASAS PARTIDAS

Partidas as asas.

Entretanto, é necessário prosseguir a jornada. Porque o tempo não se detém em respeito à dor, uma ferramenta da realidade, que nos ajuda a entender a Vida.

Descalços os pés.

É preciso que se firam nas pedras do caminho. O rastro sangrento, que hoje deixamos no deserto, poderá amanhã indicar-nos a rota que ao oásis nos conduza. Assim será, em todas as nossas jornadas.

Despidas as roupas.

Nus estamos, diante do Universo. As roupas são, talvez, a primeira hipocrisia; uma forma que encontramos, para esconder o corpo aos olhos de nossos irmãos. Como escondemos os nossos sentimentos.

Cruzados os braços.

Porque muitas vezes encontramos o vazio, quando pensamos abraçar um sonho. E, entretanto, sempre seremos capazes de erguê-los, para construir novos castelos com a areia instável das esperanças.

Dobradas as pernas.

Pois nem sempre conseguem suportar o peso que o destino nos lança aos ombros. Mas precisam ter a força que nos leve em frente, para que possamos abandonar a senda da tristeza e encontrar novos caminhos.

Inclinado o rosto.

Ninguém existe, que encare sempre de frente os imprevistos que lhe traz o tempo. É preciso, às vezes, desviar os olhos, para que a lágrima possa rolar oculta pela face e sobrevenha um novo sorriso.

Soltos os cabelos.

Que entregamos ao vento, como se nele viajasse a liberdade. Como se a caricia da brisa pudesse carregar as nossas dores, em suas asas invisíveis. Como se o carinho pudesse evitar o sofrimento.

Escuridão, ao nosso redor.

E, todavia, sempre buscaremos a luz. Que poderá chegar no próximo instante, a bordo de uma nova esperança. Porque, enquanto formos capazes de acreditar, seremos capazes de voar.

Ainda que com as asas partidas.

Texto inspirado na magnífica foto, do site 1.000 Imagens.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

HOJE

Hoje, o meu coração anseia pelo mar.

Desejo passear pelas areias da praia, ouvindo a suave canção das ondas mansas e entregando os meus cabelos à caricia da brisa. Para que o Infinito me fale ao coração e das Suas forças me venham novas forças.

Quero beber a inocência, no sorriso de uma criança; para acalentar os meus sonhos, que os desencantos teimam em sepultar no passado.

Quero que a ternura me invada e reconforte; como ao cão, sem dono e sem carinho, torna feliz o doce afago da mão anônima

Quando a noite chegar, hei de deitar-me sobre a areia e erguer os meus olhos para o céu estrelado. Mais uma vez, perceberei que a escuridão existe apenas para que seja mais belo o brilho da luz. E a esperança voltará ao meu ser.

Porque às vezes, confesso, é forte a tentação de desistir. E assentar-me ao lad

o do caminho, esperando apenas que se passem os dias para que chegue o fim da jornada.

Entretanto, é certo que não tenho este direito.

Como o vento não interrompe a sua viagem, a flor não retorna ao botão e o rio não retrocede sobre o seu curso. É para o futuro que se move o tempo, e para o Coração do Universo que nos encaminhamos

E, se é necessário prosseguir, melhor fazê-lo ao som alegre do sorriso, que mover-me em meio à barreira liquida do pranto. Pois, embora o otimismo não mude as circunstâncias da vida, torna mais fácil viver.

Sorrisos e lágrimas existem; e nos aguardam, a cada dia. Porque cada jornada tem as suas montanhas e as suas planícies; os seus atrativos e os seus obstáculos.

E, para que de uns possamos desfrutar, é necessário que aos outros sejamos

capazes de vencer. Escalar a mais alta montanha é o caminho para avistar as paisagens mais belas.

Eis que todas estas certezas existem em meu ser. E não porque em livros as tenha aprendido, mas porque em mim as gravou o tempo; com as cores alegres dos meus sorrisos e o cinza sofrido das minhas lágrimas.

Delas, vos tenho falado durante todos estes anos. Como se vos fosse possível aprender com as minhas palavras. Como se cada um não precisasse sentir a própria sede, para descobrir a fonte onde saciá-la.

E, decerto, delas amanhã voltarei a falar-vos, se assim permitir o Universo. Porque esta é a função que nesta jornada me cabe desempenhar, como a flauta existe para que seja ouvida a melodia.

Perdoai-me, portanto, se agora me recolho ao meu próprio coração. Porque cada um deve chorar as suas próprias lágrimas, para que possa sorrir os seus próprios sorrisos. Amanhã, haverei de buscar novamente o carinho dos vossos corações.

Hoje, o meu coração anseia pelo mar.

UPGRADE EM 28/10/2009: Da amiga Eu (http://eu-rabiscando.blogspot.com/), recebemos o lindo selinho que enfeita esta página. Obrigado, amiga, de coração, e permita-me ofertá-lo a todos os amigos fiéis que fazem o nosso oásis.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A LUZ E A SOMBRA

Em cada ser humano, a sombra e a luz se alternam.

Como, na natureza, a luz amiga do dia cede lugar à escuridão da noite. E a onda, que calmamente afaga a areia da praia, por vezes se transforma na vaga tempestuosa e à vida arrebata o navegante.

Cada um de vós é como um universo, em si mesmo, pois da mesma Força fostes gerados. E em vosso verdadeiro Eu existem os mais belos sítios, onde cantam os pássaros e as flores desabrocham.

Entretanto, existem também as vossas regiões sombrias. Onde se oculta o desespero e o som triste do pranto sufoca todos os sorrisos. Porque sem o escuro não existiria a luz e sem a dor não conheceríeis a felicidade.

É preciso que assim vos aceiteis. Pois cada um de vós é capaz dos gestos mais sublimes e das mais obscuras ações. E outra forma não existe, de percorrerdes a estrada que vos religará ao Coração do Universo.

Não vos deveis preocupar, entretanto. Porque se o bem e o mal convivem, em vossos pensamentos, são as vossas ações que constituem o fiel da balança; e sobre elas é vosso o controle.

Em verdade, não vos é dado impedir que a inveja ou o desejo de vingança encontrem, por vezes, o caminho para os vossos corações. Ou que o desencanto lance sobre os vossos olhos o manto cinzento da descrença.

Todavia, a inveja não é senão um dos disfarces do egoísmo; e o amor aos vossos irmãos a afastará de vós. Como o perdão vos roubará à vingança, e a fé vos devolverá as cores de que se veste a esperança.

Certo é que deveis vigiar os vossos pensamentos; pois são eles as razões dos vossos atos. E o sopro invisível do vento, que produz belas canções entre as folhas das palmeiras, pode também gerar o furacão que a tudo destrói.

Entretanto, ao vento não é dado controlar a sua intensidade; mas à vossa mente cabe o controle das vossas ações. E elas determinarão o vosso rumo; pelo qual chegareis à alegria do sucesso, ou à mágoa do arrependimento.

Pois ninguém existe, a quem jamais um pensamento ruim tenha ocorrido; mas é vossa a escolha dos atos que ireis praticar. Como vossa será a necessidade de reconhecer o erro cometido.

Aceitai, portanto, que a ambiguidade existe em vós. E aprendei a conviver com ela, para que se torne a ferramenta do vosso crescimento. Porque é preciso que a voz serena da razão tempere os arroubos da paixão.

Quanto maior o desânimo, mais necessária se torna a força da fé; e quanto mais vos atormentar a ira, mais a tolerância devereis praticar. Como a chuva redentora se faz mais urgente, quando a seca castiga a terra.

Ninguém caminha sobre este planeta, que livre de tentações esteja. Entretanto, o homem justo não é aquele que jamais conheceu as sombras.

Mas o que em si mesmo as consegue vencer.

sábado, 10 de outubro de 2009

A VIDA É

Perdoai-me, se me repito.

Pois já vos tenho dito que a Vida é o oceano do Universo, no qual estamos todos mergulhados. E, como o oceano, tem as suas ondas; o seu movimento próprio, que muitas vezes determina o nosso rumo.

Como o oceano, ela não é justa; nem injusta. Apenas É. E a cada um de nós cabe ajustar o próprio curso, para que seja possível atingir o porto do Conhecimento.

Não deveis, pois, esperar que a Vida vos traga punições ou recompensas, pelas ações que praticardes em cada dia. Cada um gera o seu próprio futuro, que não é senão consequência das decisões do presente.

E assim acontece para que possamos aprender o que necessitamos.

Porque somos como a criança, para quem muitas vezes o choro passageiro de hoje afasta o duradouro sofrimento do amanhã. Não há punições ou recompensas; apenas os resultados de nossas próprias ações.

Escutai esta verdade. E deixai que se assente em vossos corações. Porque é assim que entendereis as diferenças entre vós; e o que hoje vos parece injusto, não mais vos provocará a revolta.

Eu vos digo que não deveis depender dos sentidos do corpo, porque não é nele que se encontra a Vida. Como o caminho que se percorre em um dia não encerra toda a jornada.

Como a roupa que usa o mergulhador, para sobreviver ao oceano, é o corpo que caminha sobre este mundo. E como ela deverá ser despido, a cada retorno, até que um novo mergulho sobrevenha.

Sábio, portanto, é o mergulhador que cuida das suas vestes mas a elas não se escraviza. Porque a elas sobreviverá e após cada retorno deverá escolher uma nova roupa, mais apropriada para o novo trajeto que lhe cabe.

Abandonai a cultura do agora. Pois o momento já não existe, assim que transcorrido; retorna ao tempo. E não são as alegrias passadas que vos farão sorrir, nem os sofrimentos vencidos que vos farão novamente chorar.

E, assim como o dia que passou já não existe para vós, será também cada jornada; que ao findar não vos deixará sorrisos ou lágrimas, mas os conhecimentos que através deles adquiristes.

Vivei, intensamente, cada um de vossos momentos; e tentai ser sempre felizes, com todas as forças do vosso coração. Pois a ninguém é dado saber qual será o último minuto de cada uma das suas jornadas.

Sabei, entretanto, que não existe um fim. Porque a vida, como o oceano, renova incessantemente as suas ondas; e o que hoje vos parece a partida é apenas a véspera de uma nova chegada.

A Vida É. E não está contida no tempo, mas no Coração do Universo.

Como o vosso verdadeiro Eu.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A VERDADE MAIOR


Guardai-vos de abrigar a resignação.
Pois a resignação é o disfarce da revolta, sufocada pelo peso do raciocínio, e que um dia haverá de mostrar a sua face; como a fera arrebenta a jaula que a prendia.

Só no conhecimento, encontrareis a Paz.

Porque com ele viaja a aceitação. E apenas aceitando as coisas como verdadeiramente são, afastareis a inquietude; que a todos os momentos ronda o vosso verdadeiro Eu.

Buscai, pois, aceitar o que vos cerca. Outro caminho não existe, para que a serenidade se instale em vós. Como é preciso que se derreta o gelo do inverno, para que possa florir a primavera.

Afastai de vós o preconceito.

Pois na mesma árvore não existem sequer duas folhas iguais; e a canção do regato é sempre diferente, ainda que da mesma forma acaricie os vossos ouvidos.

Assim, cada pessoa tem o seu jeito de ser; e as suas razões, que nem sempre podeis entender. Entretanto, as diferenças entre vós formam o mundo que conheceis; como as cores das plantas fazem a beleza do jardim.

Deixai que, mais uma vez, vos previna contra o medo.

Pois é ele que vos prende ao solo, impedindo os vôos que poderia realizar o vosso verdadeiro Eu. E que vos tolda a visão, fazendo-vos imaginar perigos onde apenas existem novos caminhos.

Guardai-vos do medo; e de que ele se abrigue em vossos corações. Ou os vossos ouvidos, ensurdecidos pelos gemidos da insegurança, deixarão de ouvir a canção da Vida, que ressoa na voz do Universo.

Render-se ao medo, não é apenas duvidar de si mesmo. É duvidar do Infinito, que em todos os dias vem ao vosso encontro e provê às vossas necessidades.

Que vos envia o sol das alegrias e a chuva das privações, para que amadureçam os vossos pensamentos e as vossas emoções.

Pois é assim que se tornará maduro o vosso verdadeiro Eu. E, como o fruto maduro oferece o seu melhor sabor, a maturidade trará o Conhecimento; a ponte que vos pode religar ao Coração do Universo.

É a verdade, que sempre devereis buscar.

E nenhum de nós a encontrará em suas próprias idéias. Como em uma única estrela não pode estar contido todo o brilho do Universo, e a onda solitária não resume toda a força do oceano, cada um tem apenas a sua própria verdade.

E é a sua união que faz a Verdade maior.

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