O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O APRENDIZADO DA PAZ

É em vós, que está a paz.

E não na satisfação dos vossos maiores desejos, mas nas pequeninas coisas do dia a dia. Na vossa capacidade de perdoar aos vossos irmãos e tolerar os seus pequenos deslizes.

Na compreensão, está a raiz da tolerância; e no amor se esconde o segredo da compreensão. Aquele que é capaz de amar aos seus semelhantes, em si mesmo encontrará a paz

E se o homem estiver em paz consigo mesmo, em paz estará com todos os outros. Aos seus ouvidos não chegarão as trombetas da guerra, que apenas refletem o desassossego daquele que se perdeu de si próprio.

Pois, assim como o mar não afundará o navio, sem que bravias estejam as suas ondas, não vos é dado ofender aos que vos cercam, sem antes ofender ao vosso verdadeiro Eu.

Em verdade, é do medo que nasce a vossa insegurança; e dela nasce o orgulho, que vos roubará a paz. Pois aquele que melhor do que os outros se julga, não percebe que só o seria se melhor do que eles agisse.

Como no fluir tranquilo das águas está a mansa canção do regato, é na compreensão da Vida que encontrareis a paz. Porque aquele que em si mesmo percebe a Força do Universo, sabe que não existe razão para inquietar-se.

Necessitais vencer o orgulho, para encontrar a paz. E isto é algo que devereis fazer todos os dias. Pois ninguém caminha sobre a Terra, a quem não agrade a idéia de ser melhor que os seus semelhantes.

Entretanto, aquele que se acredita infalível e se nega a ouvir as idéias de outrem é como a besta, a quem os antolhos só permitem discernir um único caminho, como se nenhum outro existisse.

Lembrai-vos, sempre, de que a flor mais bela é a primeira a ser colhida. E, ao escolher a rês para o sanguinário abate, decerto o fazendeiro apontará aquela que entre as outras se destaque.

Como o carvalho, tão admirado pelo majestoso porte, é alvo constante dos perigosos relâmpagos, enquanto a grama humilde aos poucos ocupa todo o campo.

Abandonai o vosso orgulho. Pois, antes de exibir a sua altura e a sua beleza, sabe a árvore que necessita fortalecer as suas raízes, para que o peso dos ramos e frutos não a faça tombar.

Guardai-vos, pois, de aguardar que os vossos irmãos satisfaçam os vossos desejos; ou de deles exigir o respeito que não lhes demonstrais. Cuidai, antes, de atender aos seus pedidos e oferecer o mesmo respeito que esperais receber.

Cultivai, em vós, a humildade e a tolerância; para que não venham as nuvens sombrias do orgulho e da inquietude a interpor-se entre o sol do conhecimento e o vosso verdadeiro Eu.

É assim que encontrareis a paz.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A CANÇÃO DO OTIMISMO

Afastai de vós o desânimo.

Porque nada de bom ele vos poderá trazer. Antes virá como a sombra, impedindo a visão dos vossos caminhos. E não desfrutará da luz do sol aquele que apenas abre os seus olhos para a noite.

A represa, ao tolher o curso do rio, não faz com que deixem de existir as suas águas; apenas as direciona, para onde mais úteis se podem tornar. Muitas vezes, sob o disfarce de uma dificuldade pode estar a vossa oportunidade.

Acreditai no futuro. Porque este é o farol que sobre os vossos caminhos lançará a luz do entusiasmo; e de tudo esta luz vos tornará capazes. É a dúvida, em vossos corações, que pode tornar vacilantes os vossos passos.

Acreditai em vós. Porque ninguém alcançará o êxito, em um trabalho que não se sinta capaz de realizar; e é a vossa descrença em vós mesmos o maior obstáculo ao vosso sucesso. É por não conhecer a própria força, que o touro se julga aprisionado pela cerca.

Acreditai na Vida. Porque descrer seria duvidar do Universo, que provê a todas as vossas necessidades. E não é sábio aquele que duvida da Força maior, capaz de manter o próprio equilíbrio dos planetas.

Em vós, existe a força do Universo. Apenas vos cumpre aprender a despertá-la, para que vos seja possível vencer todos os limites e transpor os empecilhos que possa a adversidade semear em vossos caminhos.

Mais bela se torna a rosa, para aquele que a colhe após vencer os seus espinhos. E, como o sol renasce mais radioso quando finda a noite mais escura, o vosso verdadeiro Eu se fortalece a cada obstáculo vencido.

Decerto, vos contará o poeta que o seu verso mais belo foi aquele que mais lhe custou escrever; como dirá o marinheiro que mais doce se torna o porto, após a tempestade. E haverá de dizer-vos o engenheiro que a sua maior obra foi a mais difícil de construir.

Porque assim é: as dificuldades vencidas pavimentam o vosso caminho. E aquele que sobre a maciez das pétalas se acostuma a caminhar, decerto sofrerá mais, quando a primeira pedra lhe machucar os pés.

Deveis acostumar-vos à chuva, porque nem sempre haverá o sol de aquecer-vos. E as lágrimas, como os sorrisos, vos são igualmente necessários: é entre ambos, que se processa o vosso aprendizado.

Perante o Infinito, sois como a criança que ensaia os primeiros passos; e muitas vezes haverá de cair, até que as suas pernas se acostumem a suportar o peso do corpo.

Lembrai-vos, entretanto, que o mérito não estará no choro das pequeninas derrotas, nem no sorriso da vitória; mas na coragem de levantar-se, depois de cada queda.

Porque outra forma não existe de aprender a andar.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O VOSSO PASSADO


Preservai, em vós, o passado.

Porque nele se ocultam os vossos erros e os vossos acertos; os vossos sonhos e desilusões, os vossos amores e os vossos desamores. Nele se ocultam lágrimas e sorrisos, não apenas dos vossos olhos e lábios, mas também dos vossos corações.

É no passado, que estão as vossas raízes. Nele encontrareis as razões dos vossos medos e das vossas angústias; mas havereis também de descobrir as origens das vossas mais caras esperanças.

No passado, estão as vossas lições. E, se fordes capazes de recordar quanto de sofrimento vos custou o aprendizado, não repetireis decerto os mesmos erros; antes, buscareis multiplicar os vossos acertos.

E, entretanto, ainda que muito tenhais chorado por vossos amores, jamais os havereis de lamentar. Porque, se sem eles não conheceríeis o sofrimento, tampouco vos seria dado experimentar a felicidade.

No passado, estão as vossas maiores saudades; aquelas que não podeis mitigar. Porque o tempo, como os infortúnios e as alegrias, não retorna sobre os seus próprios passos.

Sempre podeis retornar ao lugar onde nascestes, mas isso não trará de volta a vossa infância. E ainda que vos seja dado reencontrar a primeira amada, jamais desfrutareis novamente o encanto do primeiro beijo.

Entretanto, de pouco necessitais para viajar no tempo. Um perfume, um som, uma palavra, vos podem trazer de volta a um instante que julgáveis esquecido, sepultado em vosso passado.

Pois cada momento é único, em si mesmo. E não depende do lugar, nem das circunstâncias, nem das pessoas que vos cercam. Depende, sim, dos vossos sentimentos; e estes são passageiros, como a pluma que voa ao vento.

Cada momento é como um grão de areia, que se perde ao mergulhar por sua vez no passado. E, todavia, é a junção destes momentos que forma a estrada da sabedoria, por onde caminharão os vossos pés, sob o oceano do tempo.

Guardai, portanto, o vosso passado. Cuidai, porém, para que ele não se torne uma carga demasiado pesada; nem possa estender, sobre os vossos olhos, a sombria venda do medo, quando deveria trazer a luz do conhecimento.

Ao passado cabe iluminar o vosso futuro, não retardar os vossos passos. E o comandante sábio, que utiliza o lastro do navio para prover ao seu equilíbrio, jamais permitirá que ele o arraste para o fundo.

Guardai, com respeito, o vosso passado.

E ele vos conduzirá a um futuro melhor.


Mais uma vez preciso agradecer ao site 1000 Imagens, pela bela foto que sugeriu o texto.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O VOSSO AMIGO

Nada é tão triste, para o homem, como a solidão absoluta.

E ninguém é tão solitário, como aquele que abandona os seus amigos. Porque, embora a amizade a tudo perdoe, não é da vossa natureza oferecer afeto, quando de volta não o recebeis.

Como o rio necessita da chuva, para que mais uma vez ofereça à evaporação as suas águas, que voltarão a formar as nuvens, necessita o ser humano de sentir-se querido, para espalhar afeto entre aqueles que o cercam.

Guardai-vos, pois, de esquecer o vosso amigo. Mais facilmente sereis perdoados pela palavra ríspida de um momento, do que pelo silencioso desprezo de um prolongado abandono.

Estai atentos ao vosso amigo. Porque eu vos tenho dito que as pessoas que vos cercam são como espelhos, a refletir para vós o que de vós recebem. E aquele que à sua volta distribui o descaso, apenas o descaso há de receber.

Tende, para o vosso amigo, os melhores conselhos. Aguardai, entretanto, que vos sejam pedidos; porque os conselhos, como os guias, não são seguidos, a menos que sejam buscados.

Estai prontos a consolar o vosso amigo. Porque, embora cada homem precise chorar o seu próprio sofrimento e não vos seja dado evitar as suas dores, a solidariedade reconforta em meio a qualquer tristeza.

Oferecei o vosso melhor sorriso, ao amigo que vos procura para comemorar uma vitória. Guardai-vos, entretanto, de unir vossas lágrimas às dele, quando vos for necessário ouvi-lo lamentar a derrota.

Porque é certo que a alegria se multiplica, quando repartida, e a tristeza se divide, quando partilhada. Mas é preciso que os vossos olhos se mantenham secos, para que lhe possais indicar o melhor caminho a seguir.

Tende sempre, para o vosso amigo, uma palavra de ânimo. Porque esta, muitas vezes, pode ser a diferença entre o alegre início de uma nova jornada e o triste enterro da esperança por ele acalentada.

Decerto, conhecereis os seus defeitos e as suas qualidades. Porque a amizade não é como a paixão, que se deixa ofuscar pelas qualidades e desfalece quando o tempo vos faz perceber os defeitos.

Buscai exaltar as suas qualidades; e evitai expor os seus defeitos. Porque é através dos vossos olhos, que ele verá a si mesmo; e quanto mais capaz se acreditar, maiores vitórias alcançará.

Não vos negueis, entretanto, a indicar os seus defeitos, se ele assim vos pedir. Porque, antes de escolher o caminho a seguir, precisa o homem conhecer o tamanho e a força de suas próprias pernas.

Cuidai, sempre, do vosso amigo.

Como desejais que ele cuide de vós.

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