O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 31 de maio de 2019

A CANÇÃO DO DESAPEGO


Praticai o desapego.
Pois, ao longo do tempo, tudo e todos que hoje julgais que vos pertençam, serão levados de vós. E o que deveis guardar não é a frustração da perda, mas a alegria de tê-los um dia conhecido.
Este, é o mundo da matéria e dos limites. E, assim sendo, tudo que conheceis se findará, um dia; ainda que seja com a vossa partida. Esta é a realidade, mas este fato não vos deve entristecer.
Ao contrário: deve despertar-vos para viver mais intensamente cada minuto. Saboreai a comida, enquanto está em vossa boca; e a água cristalina e fresca, enquanto sacia a vossa sede.
Apreciai o perfume das flores, enquanto abrem os seus botões e mostram a sua beleza; amai os vossos amores, enquanto preenchem os vossos corações e vos aquecem o corpo e a alma.
Encantai-vos com o sorriso da criança e a harmonia da canção. Com o encanto luminoso da vida, que renasce ao amanhecer; com a suave nostalgia do crepúsculo, prenunciando a noite que cai.
Encontrai-vos em vossos filhos e nos filhos de vossos filhos; gozai o aconchego e a segurança da vossa família. Desfrutai com prazer dos vossos bens e orgulhai-vos das vossas conquistas.
A verdade é que mereceis cada alegria que encontrais no caminho. E necessitais dos momentos felizes, para encontrar as forças que vos sustentarão quando as dificuldades vos buscarem.
Erguei o archote da vossa alegria e da vossa coragem, quando a tristeza e o desânimo lançarem sombras sobre a vossa estrada; aprendei o valor do que tendes e não sofrereis pelo que vos falta.
Sim; valorizai o que tendes e menos vos angustiareis com o que vos falta. Sede gratos, por tudo que conseguistes, e mais fácil se tornará o vosso caminho; mais leves e rápidos serão os vossos passos.
Praticai, porém, o desapego. Porque não é sábio o avarento que se agarra às suas moedas e prefere privar-se de tudo que poderia ter, para não desembolsar um pouco do que guarda e viver melhor.
Sábio é o homem que valoriza o que tem, mas não se ilude que o conservará para sempre; que não se angustia por medo de perder as suas conquistas, mas delas se vale para buscar a felicidade.
Nada do que aqui existe, vos pertence. Porque tudo faz parte do hoje e a vossa alma habita na Mansão da Eternidade; para onde nada podereis levar, quando  vos fordes, além do que houverdes aprendido. 
Praticai o desapego. Recordai que nada trazíeis, quando chegastes a este mundo; e, entretanto, o Coração do Universo cuidou de prover às vossas necessidades e encaminhar os vossos passos.
Praticai o desapego. Ele é o vosso caminho para a Liberdade.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_richard_claydermen_el_mundo.mid

sexta-feira, 24 de maio de 2019

O TER E O SER


Meditemos sobre o TER e o SER.

Porque um não nos serve, senão enquanto caminhamos sobre a terra; e o outro faz brotar as asas com as quais podemos voar até o Coração do Universo. Um nos limita, o outro nos torna livres.

Para aquele que se dedica ao TER, a morte é o limite final. O SER, entretanto, nos abre os portões da Eternidade; pois o TER pertence ao corpo, enquanto o SER está em nosso verdadeiro Eu.

O TER nos mantém presos à Terra; o SER nos leva a passear entre as estrelas do céu. Fugazes são as compensações que nos oferece o TER; decerto, o Tempo as carregará em suas águas.

Ainda que o TER possa trazer-nos muitas alegrias, apenas o SER nos pode fazer felizes. Porque o TER nos faz sofrer o medo da perda, e o SER nos dá a coragem para viver plenamente.

E ninguém pode ser feliz, sem viver plenamente. Não encontraremos a felicidade em desfrutar da abundância do TER; mas podemos aprender a encontrá-la, na sabedoria do SER.

Necessitamos do TER; ao menos, enquanto estivermos neste mundo. Mas não devemos permitir que a ânsia do TER se sobreponha ao SER; ou estaremos negando a essência do que somos.

Porque somos caminhantes que buscam a evolução. E, embora a parte material que existe em todos nós busque impor-nos o TER, sabe a nossa alma que a evolução se encontra no SER.

Essa dualidade se reflete em nossos sentimentos e em nossas ideias; é por isto, que tantas vezes nos vemos divididos entre a razão e a emoção. E nos arrependemos de algumas decisões.

Recordemos o passado; e veremos que, na raiz de cada decisão que nos trouxe arrependimento, esteve o TER. Ele nos apequena e induz ao erro; o SER nos engrandece e melhora.

O amor é o SER; o ciúme é o TER. O perdão é o SER; a vingança é o TER. A generosidade é o SER, o egoísmo é o TER. Gostar de si mesmo é o SER; a presunção é o TER.

O respeito é o SER; a transgressão é o TER. A humildade é o SER; a arrogância é o TER. A paz é o SER; a violência é o TER. Dizer a verdade é o SER; mentir reflete o desejo do TER.  

Muitos exemplos eu poderia dar; a todos os momentos, precisamos escolher entre o SER e o TER.  É através desta escolha, e das suas consequências, que se processa o nosso aprendizado.

Aprendamos a dividir-nos entre o TER e o SER, enquanto caminhamos sobre a terra. Não nos deixemos levar pelo momento, porque de nada nos valerá a jornada, se cultivarmos só o TER.

Antes de tudo, precisamos SER.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_ernesto_cortazar_you_are_my_destiny.mid

sexta-feira, 17 de maio de 2019

AS VOSSAS MOCHILAS


Sim; sempre haverá ocasiões em que a dor vos encontrará.

E é natural que assim seja. Porque não andareis sempre sobre verdes prados de grama macia; em vosso caminho também existirão pedras, que às vezes vos magoarão os pés.

Nada aprenderíeis sobre a Vida, se apenas encontrásseis alegrias; as alegrias e as dores são a chuva e o sol, que fazem germinar em vossa alma as sementes do aprendizado.


Assim, eu vos tenho dito; e assim vos ensina a própria lógica. As lições mais duradouras são aquelas que aprendeis pelo sofrimento e consolidais com as vossas lágrimas. 

Porém vos cabe escolher as lembranças que levareis, daquilo que experimentardes na jornada. E do seu peso dependerá todo o restante da vossa caminhada. 
Não podeis evitar as dores; mas vos é dado escolher o que carregareis às vossas costas. E mais leves serão os vossos passos, se abandonardes as pedras e levardes as flores.
Aprendei, pois, a ter sempre duas mochilas: uma para as boas lembranças, que são as flores cujo aroma vos revigora; e outra para as ruins, as pedras do vosso caminho.
Não deveis misturar, no mesmo lugar, as recordações felizes e as tristes; ou o peso destas tirará o encanto daquelas. As pedras esmagarão as flores, se juntas ficarem.
Acostumai-vos a esta ideia das mochilas. Porque flores e pedras não deixarão de alternar-se, em vosso caminho; em cada dia que virdes nascer, umas e outras encontrareis.
Sede sábios, portanto: colocai em uma das vossas mochilas as boas lembranças, que vos são leves e agradáveis; na outra amontoai as pedras, aquelas que vos magoam.
E, uma vez separadas, carregai ambas as mochilas apenas enquanto não o possais evitar; pelo tempo que for necessário, para que possais aprender com os vossos erros.
Tão logo vos seja possível, deponde sobre a terra a mochila onde colocastes as pedras; aprendida a lição, deixai-a ficar para trás e escolhei carregar apenas as boas lembranças.
Pois não é sensato o homem que percorre a sua estrada arrastando às costas um peso morto, que dificulta o seu passo e torna árdua e penosa a caminhada que lhe resta fazer.
Levai convosco, sim, as mochilas onde armazenastes as flores. E descobrireis que elas perfumarão o ar ao vosso redor; e o seu aroma vos trará novo alento, em vossa jornada.
Até o Coração do Universo. 


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/andre_rieu_my_way.mid


Minha gravação predileta, entre todas as músicas que conheço:
https://youtu.be/YeiFmUbgems

sexta-feira, 10 de maio de 2019

DIA DAS MÃES


Abraçai a vossa mãe.
Ainda que ela não mais esteja ao vosso lado, abraçai-a em vossa memória; buscai as vossas melhores lembranças e com elas formai o buquê mais lindo e perfumado de que fordes capazes.
E depositai-o em suas mãos, se assim vos for possível. Ou contentai-vos em ofertá-lo a ela, em vossos corações, se o Coração do Universo já a houver chamado para a Grande Viagem.
Porque a verdade é que tudo lhe deveis. E, onde quer que esteja, ela poderá sentir o vosso amor; pois o vínculo que une aqueles que se amam não pode ser desfeito pela distância e pelo tempo.
Enquanto as estrelas brilharem no céu noturno, recordareis o seu sorriso ao ver os filhos felizes; ou as lágrimas de preocupação que derramou junto a vossa cama, quando algum mal vos afligia.
Quando o vento assoviar nas folhas das palmeiras, lembrareis a sua voz a chamar o vosso nome; ou a dar-vos conselhos dos quais julgáveis não precisar, porque a juventude acha que tudo sabe.
Quando vos buscam os vossos próprios filhos, as vossas respostas são os ecos das respostas que dela um dia recebestes; quando vos trazem as suas dúvidas, decerto recordais as vossas dúvidas.
Sempre sentireis a sua presença em vós. Sois o fruto do seu ventre e, mais do que isto, as fibras do seu coração; sois as suas maiores esperanças, por todo o tempo em que caminhais sobre a terra.
Sois a causa das suas mais intensas alegrias; e, também, das suas maiores tristezas. Porque umas e outras derivam das vossas próprias alegrias e tristezas, e ela sente o que vos toca, mais do que vós.
Sois a causa das suas maiores renúncias e as suas maiores realizações. Ainda quando não vos era dado entender as suas razões, acreditai que ela pensava em vós, antes de pensar em si mesma.
Depositai em seu rosto um beijo carinhoso. Ou não vos envergonheis de lamentar a sua ausência; porque é justo que ela seja a vossa maior saudade e a vossa lembrança mais duradoura.
Porque, para vós, ela veio antes mesmo do início. Desde que fostes concebidos, foi ela que vos nutriu e protegeu; que vos envolveu em carinho e vos amparou desde os primeiros passos no mundo.
Ela é o começo de tudo. É a vossa primeira impressão de aconchego, o vosso primeiro alimento, o vosso primeiro amor e a fonte de onde vêm os vossos conhecimentos e até as vossas emoções.
Com toda vossa alma, abraçai a vossa mãe. Jamais podereis retribuir tudo que vos deu; mas deveis mostrar-lhe a vossa gratidão e o vosso amor. E esta é a maior recompensa que lhe podereis dar.
Porque só o Amor pode recompensar o Amor.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_ernesto_cortazar_misty.mid


FELIZ DIA DAS MÃES!

sexta-feira, 3 de maio de 2019

O VOSSO TRABALHO



Deveis, sempre, fazer aquilo que vos agrada.
Pois tudo que é feito de boa vontade é melhor executado. Mais abundante é a safra do lavrador que planta com amor à terra e às plantas, do que a daquele que o faz apenas por obrigação.

Aprendei, portanto, a amar o vosso trabalho; e a realizá-lo com alegria no coração. Porque necessitais dedicar-vos às vossas tarefas, e gostar do que fazeis; ou jamais podereis ser felizes.  
Mais produtivo é o trabalho feito com dedicação e afeto. Ainda que dois homens tenham as mesmas condições, as mesmas ferramentas e o mesmo material, um trabalhará melhor que o outro.
E isto acontece apenas porque um deles dedica mais de si mesmo ao trabalho que executa; e este pequeno detalhe faz toda a diferença. Nada é bem-feito, quando feito de má-vontade.
Conscientizai-vos desta verdade. E sabei que este é, muitas vezes, o motivo do sucesso de alguns e do fracasso de outros. Ninguém consegue o sucesso, fazendo algo de que não gosta.
Mais tempo permaneceis no vosso trabalho, do que no vosso lazer. E, por isto, se não vos agrada o que fazeis, não vos sentireis felizes ou à vontade, durante a maior parte das vossas vidas.
Bem-aventurado é o homem que canta, enquanto executa o seu trabalho. Porque, não importa o que faça, ele se sente feliz; e a sua felicidade torna mais leve e mais produtivo o seu labor.
E, porque assim é, ele se realiza em tudo que produz. Encontra, no trabalho bem-feito, o seu merecido orgulho e uma razão de existir; e esta sensação lhe dá forças para fazer ainda mais.
Este é o agricultor que não encontra na plantação apenas a esperança da colheita e do lucro; com os olhos da alma, vê a beleza do mar que é o trigal, onde o vento forma ondas douradas.      
Triste daquele que não enxerga, no seu trabalho, nada mais do que a forma de ganhar o alimento que necessita; pois não verá o resultado de seu esforço, nem saberá o seu papel no mundo.
E sentirá que os seus dias transcorrem num limbo cinzento, em que o alvorecer não lhe traz a alegria de um novo dia, nem a chegada da noite lhe promete o bom descanso, justo e merecido.
O homem que não antecipa o prazer, ao moer o grão, nem se sente feliz com o delicioso cheiro da massa assando no forno, não sentirá todo o sabor do pão fresco, ao colocá-lo em sua boca. 
Acostumai-vos a amar o vosso trabalho. É de vós que depende o vê-lo como um castigo a que não podeis escapar, ou como a oportunidade de colaborar para a construção de um mundo melhor.
Onde todos vivereis melhor.
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_ernesto_cortazar_solitude.mid

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