CASTELOS DE AREIA
Sim: momentos existem, em
que nos sentimos velhos.
Como se, sobre os
nossos ombros, pesassem todos os nossos erros na vida. Os instantes perdidos, os enganos, as coisas que poderíamos ter feito diferente; as nossas escolhas
equivocadas.
Em outros, porém, nos sentimos crianças. Percebemos que em nós ainda vivem os sonhos da infância, agora
temperados pela experiência de vida. E é bom sentir que podemos sonhar e
brincar.
Não é assim que a
todos nós acontece? Se não é, deveria ser. Porque, ao temperarmos os sonhos com
a realidade, encontramos um novo caminho. E redescobrimos a criança que existe em nós.
Somos, todos, velhos e crianças; somos capazes de construir castelos de areia. E os construímos, durante os dias que temos, enquanto dura cada uma de nossas caminhadas sobre o mundo.
Vivemos a realidade, às vezes cruel, do dia-a-dia; mas, ao mesmo tempo, construímos os nossos castelos de
areia. Sonhamos os nossos sonhos, acalentamos as nossas esperanças.
Crianças e adultos, fazemos os nossos castelos de areia. E a diferença é que, com o tempo,
aprendemos a construí-los em lugares mais seguros, onde a maré demore mais a
derrubá-los.
Claro: todos serão,
um dia ou outro, alcançados. Porque as águas do tempo não se detêm; e, certamente, levarão todos os castelos que pudermos construir, durante as nossas jornadas.
Porém, nossa praia é
a Eternidade. E o tempo, que às vezes parece trabalhar contra nós, está, na
verdade, a nosso favor. Pois, ao carregar os nossos castelos, nos leva a
construir outros.
Não devemos,
portanto, recear que os nossos castelos sejam derrubados. Nada temos a temer; a menos que, algum dia, desistamos de erigir um novo castelo. Esta, sim, seria a nossa derrota.
Porque, enquanto
existir a areia, sempre nos será possível levantar novos castelos. E a areia é
infinita em nós; em nosso verdadeiro Eu, que é capaz de moldá-la, com a ajuda
do Tempo.
Este, talvez, seja o
segredo do aprendizado: depois da tristeza de cada novo castelo derrubado, viver
a alegria e a expectativa de construir um novo. E fazê-lo melhor que o anterior.
Este, talvez, seja o
segredo da Vida: saber que todos os nossos castelos cairão; mas seremos capazes
de construir novos castelos, enquanto a imaginação, a fé e o amor estiverem em nós.
Sentimo-nos velhos, cada vez que desaba um dos nossos castelos. E pranteamos a sua queda, enquanto a decepção nos magoa. Mas, em cada um de nós, existe uma criança esperançosa.
Que sempre nos leva a
erguer um novo castelo!
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