O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 25 de março de 2016

DEUS


Hoje, eu gostaria de falar-vos sobre Deus.
 
Temo, porém, que não me entendereis; a menos que O encontreis em vós. Porque não é em vossa mente, que deveis sentir a presença de Deus; mas em vosso verdadeiro Eu.

Buscais racionalizar a Sua existência; adaptá-Lo a vossos conceitos e preconceitos, para Nele acreditar. Porque tendes dificuldade em acreditar no que não podeis entender.
Por isto, O imaginais como um rei; competis entre vós, construindo templos suntuosos, para honrar a Sua glória; a Ele ofertais bens materiais, para que atenda a vossos pedidos.

Não vedes que essa glória se mostra, em todo o em seu esplendor, na rosa que floresce ao amanhecer; no inseto que passeia na grama e muitas vezes esmagais com vossos pés.
E nenhuma oferenda Lhe será mais grata, do que a vossa felicidade. O que pode existir de melhor, para um pai, do que ver os seus filhos sorrindo, aprendendo, seguindo em frente?

Eu vos tenho ouvido reclamar provas da Sua existência; ou culpá-Lo, reclamando do abandono a que vos relegou, quando as coisas não saem conforme os vossos desejos.
Deveríeis reconhecer que Ele vos oferece o livre arbítrio, para escolherdes os vossos caminhos. E quem o escolhe o caminho da praia, não pode esperar chegar à montanha.

Deveríeis perceber todos os milagres que existem ao vosso redor: as nuvens que passeiam ao vento, as estrelas que enfeitam o céu noturno, o imenso mar que se enfurece e acalma.
Olhai à vossa volta; vede a criança que sorri, os enamorados que sonham, os idosos que se amparam no último trecho do caminho. O ventre que gesta, onde a Vida se avoluma.

É aí que encontrareis Deus: no céu, no vento e nas estrelas; na esperança dos sonhos e na ternura do amparo. Na Vida que segue e se renova pelo tempo, na Eternidade.
Ele não é um rei; nem um servo poderoso, a atender os vossos desejos. Se não vos é dado compreender a Sua natureza, sente o vosso Verdadeiro Eu que viveis na Sua essência.

Atentai, pois, para o que vos fala a voz da consciência. Pois, se desejais conhecer Deus, não o fareis através dos vossos olhos, nem dos vossos ouvidos, nem da vossa mente.
É em vossa alma, que podeis senti-Lo. Como acontece ao amor, à saudade, e à esperança. Deus é o fim e o começo, o aprendizado e o Conhecimento, o Ser e a Vida.

O Coração do Universo.

sexta-feira, 18 de março de 2016

COMO AS AVES


 
Perguntais-me como deveis viver os vossos dias.
E eu respondo que não vos deveis preocupar com isso. Pois seguireis pela Eternidade, e não deve cuidar apenas do hoje aquele que viverá também na Mansão do Amanhã.

Tende presente a efemeridade de cada uma das vossas jornadas; esta certeza é que vos ensinará a melhor forma de utilizar os dias que tendes para percorrer o vosso caminho.
Pois o caminhante sensato não se angustia por deixar a manta que hoje o abriga, se acredita que o sol irá brilhar e aquecê-lo no novo caminho que amanhã percorrerá.  

Ao dia de labuta segue-se a noite, que deveis consagrar ao repouso. E à noite se seguirá um novo dia, em que vivereis melhor se algo vos houver ensinado o que ontem vivestes.
Esta é a essência do aprendizado. E acreditai no que vos digo: o que hoje chamais vida, não é senão a oportunidade de aprender o que necessitais, para viver plenamente a Vida.

Cuidai, portanto, de aprender sempre. E recordai que não é apenas com as alegrias, que aprendereis; ao contrário, são os sofrimentos que vos ensinam as lições mais duradouras.
Isto, porém, não significa que deveis buscar os sofrimentos; decerto os encontrareis em vossa estrada. Buscai as alegrias, que vos trarão forças para prosseguir a caminhada.

Guardai-vos de ser como os esquilos, que desperdiçam o calor do verão armazenando nozes para o inverno. Mas não sejais como as cigarras, que só cantam e nada constroem.
Em tudo, a virtude está no meio e nunca nos extremos. Sede, portanto, como as aves que, ao tempo em que voam e desfrutam o calor do sol, buscam o alimento e fazem o seu ninho.

A maior lição que deveis aprender é aproveitar o tempo. Este é o capital que não vos é dado repor, mas tereis para sempre; e o único com o qual podeis adquirir o Conhecimento.
Sede como as aves, que  não se entregam ao plantio, mas em suas asas carregam o pólen e as sementes que farão brotar as novas plantas. Que voam com o sol e se protegem sob a chuva.

Sede como as aves. Construí os vossos ninhos, buscai os vossos alimentos, amai e protegei os vossos filhos; sabei, todavia, que dia virá em que tudo deixareis para trás.
Sede como as aves; embora vossos pés precisem estar no chão, para que possais atender às necessidades do corpo, cuidai para que seja capaz de voar o vosso verdadeiro Eu.

Porque um dia fareis o grande voo, do qual não existe retorno. E descobrireis que, ao iniciar a nova jornada, não vos será possível levar os bens que agora julgais possuir.
Levareis apenas o que sois. 

Música:
  

sexta-feira, 11 de março de 2016

UM MUNDO Á PARTE


Julgais, acaso, que podeis viver em um mundo à parte?
Desiludi-vos, se assim pensais. Porque este é o mundo em que viveis; e ele se encarregará de trazer-vos à realidade, de cada vez que vos perderdes em sonhos que não podeis realizar.

Assim precisa ser. Por que a ave, embora passe a maior parte do seu tempo a voar no céu, necessita de um ninho onde depositar os seus ovos e descansar o seu corpo cansado das viagens.
E o artista, ainda que a sua alma vagueie por mundos insondáveis e viaje por universos apenas sonhados, necessita de um teto sobre a cabeça, alimento no estômago e um local onde durma.

Este, onde viveis, é o mundo das trocas. Aqui nada recebereis, sem que algo vos seja levado; aqui nada possuireis, a menos que alguma coisa tenhais feito para conquistardes a sua posse.
Este é o mundo que chamais real. Como se a realidade estivesse apenas no que podeis tocar, cheirar, ouvir e ver; como se não existisse outra realidade, que a vossa alma pressente.

Jamais podereis viver em mundo à parte, porque o vosso corpo vive no agora; um tempo em que as necessidades são imperiosas e prementes, e precisais satisfazer os seus reclames.
Esta é a verdade. E como podereis viver em um mundo à parte, se é neste mundo onde estais que, em cada dia, precisais ganhar a vossa subsistência, para que vos seja possível seguir adiante?

E como podereis viver em um mundo à parte, se o mundo onde viveis tem as suas regras, que vós mesmos criastes para garantir o vosso direito às coisas de que necessitais para sobreviver?
Jamais tereis o vosso mundo à parte, enquanto viverdes no agora. Porque o tempo é fugaz e escorre por entre os vossos dedos; não pode escrever versos, aquele que necessita cultivar o trigo.

A todo instante, fazeis as vossas escolhas. E como o caminhante sedento, que precisa escolher o cantil e desprezar a rosa, guiai-vos sempre pelas necessidades de cada momento.
É assim que fazeis. Recordai, porém, que existe um tempo para cada coisa; e o mesmo homem que desprezou os versos para cultivar a terra, pode encantar-se com a canção do vento no trigal.

Pois o vosso corpo vive no agora, mas na Eternidade mora o vosso verdadeiro Eu. E de vós depende que a vossa alma passeie nos jardins do amanhã, uma vez cumpridas as vossas tarefas.

Porque, eu vos tenho dito, há uma parte de vós que não está limitada pelo tempo, nem pelo espaço; salta entre cometas, deita-se em meio às estrelas, viaja entre o ontem, o hoje e o amanhã.
E é um mundo à parte, dentro de vós. 

Música:
 

sexta-feira, 4 de março de 2016

PENSANDO QUE ME AMAS



Gosto de pensar que me amas.
Porque, ainda que assim não seja, prefiro a ilusão cariciosa e doce, à verdade cruel que cobriria de cinzas o meu mundo e me levaria o alento e a maior razão para seguir vivendo.

Porque prefiro encantar-me com a beleza das estrelas, ainda que não as possa tocar, do que sentir-me opresso ante um céu escuro e opaco, vazio como a minha vida sem ti.
Porque melhor é ouvir a melodia harmoniosa e distante que o vento traz aos meus ouvidos, do que suportar o peso insuportável de um silêncio que reflete a tristeza da solidão.

Porque mais vale correr o risco de um desengano, do que viver a segurança monótona de dias iguais, sem o carinho e a paixão que só conhece aquele que entrega o coração.
Porque o homem que sonha com um tesouro, ainda que jamais o encontre, é mais feliz do que o homem sem esperanças, para quem a vida se resume ao passar do tempo.

Pouco me importa saber qual de nós dois é o que mais ama e qual se deixa amar. Pois a sombra não beneficia apenas a árvore, mas também quem sob a copa se assenta.
A verdade é que sou feliz, porque existes. E nada mais preciso do que olhar nos teus olhos, beber do teu sorriso, contemplar o teu corpo e sentir em mim o amor que me inspiras.

A verdade é que te amo. E o amor não mede a sua intensidade, nem reclama retribuição; basta-se a si mesmo e alimenta-se dos sonhos que faz nascer na alma apaixonada.
A verdade é que te amo. E esse amor, que me faz necessitar da tua presença, é o mesmo que me levaria a deixar-te livre, se acaso pressentisse que sem mim serias mais feliz.

Amar não é possuir. Quem acorrenta a si os entes queridos, não ama senão a si próprio; pois só o egoísta prende na gaiola a ave que livre o encantava com seu canto toda manhã.
Amar é conviver, é desfrutar, é descobrir um mundo novo pelos olhos de outrem; é atentar menos às palavras que à voz, é colocar os desejos de alguém antes dos próprios desejos.

Amar é sentir. É alternar as emoções, entre o desejo e a ternura; é colocar toda a alma em uma carícia, é sentir que o tempo para e o mundo desaparece nas sensações de um beijo.
Amar é viver com intensidade e esperança. É doar-se, e na própria doação encontrar toda a recompensa que precisa; mover-se em um espaço à parte, com as suas próprias regras.

Gosto de pensar que me amas.
Porque não imagino a minha vida sem ti.
 
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midi vocais/1_elvis_presley_unchained_melody.mid
 

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