O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 29 de março de 2013

A CANCÁO DO RENASCIMENTO



Sim; muitas vezes, fazeis as escolhas erradas.
E de que vos serve lamentar, entretanto? Necessário é seguir em frente, pois a vida continua o seu curso e o remorso não vos trará de volta a oportunidade perdida.

Em verdade, tudo que vos cerca é fruto das escolhas que ontem fizestes. Não as deploreis, todavia; se uma delas houvesse sido diferente, outro seria o vosso hoje.

Aceitai, portanto, os vossos erros. E não permiti que vos deixem cabisbaixos; é erguida que deveis manter a cabeça, para que os olhos vos possam conduzir pela estrada que segue.

Arrependei-vos, sim; porém apenas em vosso coração. E não vos percais em lamentações inúteis, que nada acrescentam; apenas vos roubam as alegrias do novo caminho.

Como a flecha que deixa o arco e o relâmpago que é lançado sobre a terra, as vossas decisões não retornam; e necessitareis viver com as suas consequências, boas ou ruins.

Podeis, porém, renascer a cada dia. E ainda que não vos seja possível voltar no tempo, para consertar os erros do passado, sempre vos será dado construir um novo futuro.

Sede, pois, como o homem que, enquanto torra o trigo que em pão se tornará para alimentá-lo, cuida de arar a terra e plantar novas sementes, para garantir a nova colheita.

E o faz com amor e gratidão, pela oportunidade que lhe é dada de uma nova semeadura. E haverá de ter uma safra cada vez maior, se houver aprendido com os erros do passado.

É assim que é. Na vida, como na natureza, as estações se sucedem; e a semente que hoje plantais determina os frutos que amanhã colhereis. Assim acontece, todos os dias.

Aproveitai a oportunidade de cada novo dia e plantai em vossos corações a semente do renascimento. Que regareis com vossas lágrimas e aquecereis com vossos sorrisos.

Porque é preciso renascer, para entender o sentido da Vida. Como é preciso sofrer, para dar valor à felicidade; e ter os próprios filhos, para entender os cuidados dos pais.

Buscai em vós o renascimento. E o encontrareis através da tolerância, do perdão, da humildade e sobretudo do Amor, que é a ponte que vos liga ao Coração do Universo.

Buscai o renascimento; através do aprendizado, que vos conduzirá à compreensão de vosso papel no infinito Concerto da Vida. É assim que chegareis ao Conhecimento. 

E encontrareis o vosso verdadeiro Eu. 



FELIZ PÁSCOA, AMIGOS!   

sexta-feira, 22 de março de 2013

AS VOSSAS AMARRAS



Criais as vossas próprias amarras.
Quando vos prendeis ao conforto e ao luxo, que exageram as vossas necessidades, corrompem as vossas vontades e aos poucos vos escravizam a alma.

Quando aceitais sem discussão os preconceitos, que nublam a vossa visão da vida e vos impedem de descobrir os diversos mundos que existem além do horizonte.

Quando através das lembranças vos prendeis ao passado, como o barco que se amarra ao cais por temer a tempestade e não desfruta dos encantos do mar em calmaria.

Porque assim fazendo refreais os voos do vosso verdadeiro Eu, como se o pudésseis subjugar aos ditames do corpo. E abdicais dos vossos sonhos e das vossas esperanças.

Deixai-me recordar-vos, entretanto, que aquele que deseja andar para frente não pode olhar apenas para trás. E que o futuro não chega para o homem que se perde no passado.

Soltai as vossas amarras, para que possais seguir o vosso caminho. E que os vossos erros do passado sejam apenas o farol que ilumina os vossos acertos no futuro.

Porque, se é certo que devereis recordar as pedras em que tropeçastes, é igualmente verdade que não necessitais reviver a dor que sentistes, a cada vez que vos lembrardes.

Tende presente que o barco ancorado, embora não não se arrisque ao vento forte, tampouco conhece a brisa amena que lhe enfuna as velas e o faz seguir até um novo porto.

É a vós, portanto, que compete decidir entre a tranquilidade frustrante das vossas amarras e os perigos e atrativos encobertos pelo manto misterioso do futuro que vos aguarda.

Renunciai aos apelos do conforto e do luxo, e descobrireis os encantos da simplicidade que liberta; aprendei a conviver com o corpo, para encontrar a plenitude da alma.

Vencei os preconceitos, para que possais criar os vossos próprios conceitos. Cada ser humano é único, e não pode ser julgado senão por seus próprios atos.

Desapegai-vos do passado, para que possais viver no presente e construir o futuro. Como a cada dia ganhais o pão para o corpo,  assim também necessitais alimentar a vossa alma.

Desatai as amarras que vos prendem e conhecereis a liberdade. Ainda que sobre a terra caminhe o vosso corpo, podereis voar entre as estrelas e ouvir a canção do Universo.

Porque livre é o vosso verdadeiro Eu. 


Inspirado pela (bela) foto do site 1000 Imagens. 

sexta-feira, 15 de março de 2013

ALGUÉM QUE AMA



Eu bem sei que não sou o homem dos teus sonhos.

Nem poderia sê-lo, porque a realidade tem as suas limitações e não se pode comparar à perfeição de um sonho. Como o céu não é azul, senão enquanto visto à distância.

Eu bem sei que não tens a vida que desejavas. Que nem sempre te consigo entender, nem corresponder aos teus anseios; que nem sempre estou ao teu lado, quando o desejas.

E, entretanto,  assim precisa ser. Porque cada um tem as suas próprias ideias e convicções. É de pensamentos diferentes, que surgem novas descobertas e novos horizontes.

Eu bem sei que às vezes te sentes só. Mas, deixa-me dizer-te, é preciso que assim aconteça; porque é só que o homem inicia cada jornada e é só que estará em cada final.

E não nos cabe repartir o caminho; apenas ajudar o outro a caminhar.  Porque cada um tem a sua própria estrada, embora todas elas nos conduzam ao mesmo destino.

Eu bem sei do muito que te falta. E que posso fazer, se a ninguém é dado possuir tudo aquilo que necessita? Se é a insatisfação que nos move, em direção aos nossos sonhos?

É assim que é. E como a ave, que não voa para apreciar a bela paisagem, mas para prover às suas necessidades, também o ser humano não busca senão aquilo que lhe falta.

Eu bem sei das dúvidas que te inquietam. Mas como poderia dissipá-las, se me vejo perdido em meio às minhas próprias dúvidas e preciso encontrar as minhas respostas?

Porque não existem certezas absolutas. Como os fios de uma teia sem fim, de cada nova resposta haverá de brotar uma nova dúvida, até que todas sejam esclarecidas.

Eu bem sei da tristeza que às vezes transparece em teus olhos. E gostaria de apagá-la com meus beijos, para que a alegria neles voltasse a brilhar, iluminando nossos caminhos.

Como, porém, posso fazê-lo, se tristeza e alegria pertencem a cada coração onde se abrigam? Se a ninguém cabe chorar as lágrimas de outrem, nem sorrir os sorrisos alheios?

Eu bem sei que, talvez, não te ame como gostarias. Sou como sou, entretanto; e a lua, embora não possa evitar as suas fases, em todas elas gira ao redor da Terra.

Sim; eu bem sei que não sou o homem dos teus sonhos.

Sou alguém que te ama. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

DA MULHER


Deixai, hoje, que eu vos fale da mulher.

E que o sopro do Universo possa inspirar as minhas palavras, para que tenham a beleza e o perfume das flores, a suavidade da brisa, o encanto e a poesia das mais lindas canções.

Mas, também, para que nelas exista a têmpera do mais puro aço, a solidez dos mais vetustos carvalhos e a determinação do navegante que enfrenta as piores tormentas.

Para que nelas exista o sagrado das orações mais devotas que possam proferir peregrinos e sacerdotes; e o profano dos gemidos de prazer dos amantes que se entregam.

Porque assim é a mulher, este ser iluminado, em cuja alma paraíso e inferno se alternam ao sabor dos sentimentos; e em cujo ventre a vida renasce da semente do amor.

Assim é a mulher, que transcende os seus limites e multiplica as suas forças, para enxugar as lágrimas que afligem os entes amados, ainda que chore a sua própria alma.

Que me inspire o Universo, para que eu possa cantar a dedicação da mãe que em triste e angustiado silêncio atravessa a noite insone, junto ao berço do filho adoentado.

E o amor infinito que faz do seu coração uma festa de júbilo, ante os sucessos daqueles que ama, mas também lhe inspira as mais doces palavras, para consolá-los nas derrotas.

Deixai-me falar-vos da mulher. Não espereis, entretanto, que eu busque definí-la; eis que não se pode definir a magia, e a mulher tem em si a magia do amor e da existência.

Não espereis, tampouco, que eu a possa cantar em prosa e verso. Pois nem ao maior dos poetas é dado cantar o espetáculo das luzes e sombras que se agitam na alma da mulher.

Deixai, sim, que eu vos fale dos seus olhos, onde promessas e negações se alternam; dos seus lábios, onde buscais palavras e beijos, e das suas mãos que acariciam ou repelem.

Deixai que eu vos fale do seu corpo, que nas horas do amor vos transporta ao Infinito; dos braços que vos enlaçam, das pernas que vos acolhem, do calor que vos aquece.

Deixai que eu vos fale da ternura que vos embala, do carinho que vos retempera a alma. Da doçura de um olhar, da meiguice de um sorriso, da inocência de um acalanto.

Deixai-me falar da mãe que vos gerou, dos amores que vos coloriram os caminhos, das filhas que de vós brotaram e hoje vos acompanham ao longo da jornada. 

Sim; deixai-me, hoje, falar-vos da mulher.

A força que nos sustenta, quando se esvai a nossa força. 


Dedicado a todos que tiveram o privilégio de conhecer uma mulher de verdade. 
Link para uma maravilhosa tradução da música: http://youtu.be/zm57moP83XM

sexta-feira, 1 de março de 2013

OS VOSSOS AMORES




O que fazeis dos vossos amores?
Vós os imolais, no altar das vossas vaidades e inseguranças; sufocai-os com os vossos desejos, turvais as suas cores com o cinza da vossa insatisfação.

E, depois, venerais os seus cadáveres empalhados. Pranteais a vossa saudade, recordais os bons momentos e lamentais não os terdes mantido junto a vós.

Ou culpais a uma terceira pessoa, pelo seu término. Como se o amor não fosse algo muito íntimo, que apenas em vosso coração pudesse brotar e nele mesmo pudesse fenecer.

Afastai esta ilusão, que vos alivia o sentimento de culpa mas vos deprecia a autoestima. E vereis que o amor não morre de repente, mas vai sendo envenenado dia a dia.

Permitis que o amor se perca na rotina. E sobre as chamas incandescentes de outrora, que em brasas tímidas se tornaram, espalhais as cinzas do costume e do conformismo.

E este é o princípio do fim. Porque o amor não é a amizade, mas a ânsia; não é o lago profundo e calmo, mas o oceano misterioso e agitado, onde as ondas não cessam jamais.

O amor é como uma planta delicada, que necessita ser cuidada todos os dias. E aquele que não zela por seu amor, decerto dele não desfrutará por muito tempo.

Cuidai, portanto, dos vossos amores. Ainda que muitas vezes necessiteis contrariar as vossas vontades, dominar o vosso orgulho ou esquecer as vossas rusgas. 

Nada disto devereis fazer, entretanto, se assim não vos pedir o coração. Porque de bom grado o homem cede por amor; mas aquele que o faz por conveniência abriga a revolta.

E a revolta é, para o coração que a oculta, como a água represada, que um dia findará por destruir o dique e tudo arrastará na enxurrada da vingança.

Guardai-vos da revolta, que vos empurra na direção do ressentimento. E da sensação de posse, que vos leva a menosprezar o ser amado por julgardes que vos pertença.

Porque, em verdade, cada um de vós pertence apenas a si mesmo. E não obedece senão às suas vontades, não acredita senão nas suas crenças e não vive senão a sua vida.

Uma pessoa não pode possuir outra, nem ditar o seu comportamento, nem arrastá-lo pelos caminhos por onde anda. A cada um cabe escolher o seu próprio caminho.  

Podeis, apenas, dar-vos as mãos.

Para que juntos chegueis ao fim da jornada.      


A bela foto é do site 1000 Imagens. 

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