AS FOLHAS DOS VOSSOS OUTONOS
Ou conservais a lembrança da sua beleza, quando enfeitavam os vossos dias?
Queixai-vos do trabalho de recolhê-las, ou agradeceis ao Universo pela magia da primavera?
A cada um de vós, compete a própria decisão. E é justo que assim seja, porque cada homem precisará viver com as consequências das suas escolhas.
Deixai-me dizer-vos, entretanto, que não é sábio aquele que lamenta o passado; embaçada pelas lágrimas, a sua visão não conseguirá distinguir as belezas do presente.
Para ele o futuro nada prenuncia, senão a continuação das suas desditas. Porque todo homem que se prende aos próprios rastros é incapaz de descobrir novos caminhos.Sensato é quem segue em frente. E cultiva, em seu coração, a gratidão pela dádiva de contemplar mais um outono; porque a ninguém é dado saber qual será a sua última estação.
Dobra os seus joelhos, e recolhe as folhas caídas sobre o chão; enquanto a sua alma recorda a beleza do verde e revive as sensações de paz e alegria que experimentou em cada dia florido.Assim acontece na vida, como na própria natureza; e quanto mais outonos atravessardes, em vossas vidas, maior será o número de folhas que vos caberá recolher.
E não é com revolta, que as devereis recolher; pois, se assim fizerdes, a frustração lançará em vossa alma as suas raízes, que findarão por sufocar a delicada planta da paz interior.
Sabei, antes, que cada uma das folhas hoje tombadas representa uma lição que aprendestes; e, não importa se com sofrimento ou alegria, contribuiu em vossa caminhada para o Conhecimento.Cultivai a humildade, para que possais reconhecer as vossas imperfeições. Cantai, ao recolher as folhas do vosso caminho, para que leve se torne a carga das vossas experiências.
Assim, aprendereis a conviver com o vosso próprio outono. Pois as lembranças do verão manterão aquecido o vosso coração, quando o tempo derramar a sua neve sobre os vossos cabelos.E, quando os vossos joelhos já não se puderem dobrar para recolher as folhas dos vossos outonos, sabereis que chegou a hora do descanso, antes que a jornada recomece.
Rumo a um novo verão.