O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

AS FACES DO AMOR

 


Existem várias formas de amar.

Porque o amor é como um caleidoscópio de emoções. E por isso, ao olharmos em nosso coração, dificilmente veremos repetida a mesma figura; como não vemos duas vezes a mesma onda no mar.

São várias as faces com que o Amor surge em nossos caminhos. E, entretanto, o reconhecemos sob cada uma delas; não pelo rosto que mostra, mas pelas sensações que desperta em nós.

Sim; existem vários tipos de amor. E, se entendermos essa verdade tão simples, mais leve será o nosso caminho e muitos sofrimentos nos serão poupados. E mais fácil será andar em sua companhia.

A verdade é que insistimos em não ver o Amor como ele é, e sim como gostaríamos que fosse; e não nos contentamos em encontrá-lo, mas queremos possuí-lo, sem notar que ele já está em nós.   

Porque o Amor está presente, todo o tempo, em nossas vidas; desde que começamos a ser concebidos, já existe entre nós e aquela que nos cede o próprio corpo. E não há maior mostra de amor.

Esta é a verdade: o Amor nos acompanha. E, enquanto caminha conosco, nos mostra as suas faces e as suas plumagens, de diversas cores, que encantam e tornam mais rica e intensa a nossa vida.

Há várias formas de amar. E abençoados são aqueles a quem o Amor toma pela mão e leva a socorrer as pessoas que mais necessitam. Aqueles que são capazes de abraçar o irmão caído e sozinho.

Há os momentos em que o Amor nos faz apoiar os idosos e nos encanta com o riso alegre e inocente das crianças. E, nesses momentos, é como se nos levasse, em suas asas, ao Coração do Universo.

Há os momentos em que a ternura nos invade; e, neles, o Amor veste a sua plumagem mais macia e delicada, para que com ela possamos acariciar o rosto amado e afagar docemente os seus cabelos.

Porém, também existem os momentos em que amamos com o corpo e a alma; e, nesses momentos, o Amor nos mostra a sua plumagem vermelha, da cor do desejo que alucina os nossos sentidos.

Mas os momentos mais sublimes são aqueles em que o Amor transborda de nós e preenche o espaço à nossa volta; em que o sentimos derramar-se de nossos olhos e retornar nos olhos que nos fitam.

Felizes os que já viveram esses momentos! Porque, ainda que nem sempre se repitam, refrescam e refrigeram a nossa alma; como a água generosa da fonte torna fértil e fresco o solo seco do deserto.

Verdade é que o Amor tem muitas faces, porque muitas maneiras existem de amar; e muitas vezes o encontramos em nossa vida. Tudo de que precisamos é sermos capazes de sentir a sua presença.

Porque ele está vivo, em nós.

Música: 

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/a_comme_amoue.mid

Link para música.

Link para vídeo. Eu sempre adorei as imagens deste brinquedo.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

UMA PARTE DE NÓS

 


Existe uma parte de nós que se recusa a envelhecer.

Que passeia entre as flores da primavera, quando as folhas amarelas do outono já cobrem o chão; que sente um leve calor de verão, ainda que já não possa negar a chegada do frio de inverno.

Que mantém a capacidade de sonhar, apesar de todas as desilusões que já conheceu; que tem saudades dos sonhos que se foram, mas não desiste de acalentar novos sonhos em sua alma.

Que conserva o fogo da paixão, embora o sinta abrandado sob as cinzas da acomodação; que ri com o entusiasmo e a esperança da criança, mesmo que chore as lágrimas saudosas do idoso.

Existe uma parte de nós que persiste em continuar aprendendo, dia a dia; acumulando novas experiências e descobrindo um mundo sempre novo, que se torna mais amplo a cada aprendizado.

Que reconhece as limitações do corpo, mas sabe que não atingem o espírito; que é capaz de voar por entre as estrelas, mesmo quando já não pode dar os passos que o levariam pelo caminho.

Que nos faz ouvir a melodia da Vida, mesmo quando já se dissiparam as notas da juventude; e às vezes nos traz os seus ecos longínquos. Que torna forte a alma, quando o corpo enfraquece.

Há uma parte de nós, onde o sol jamais se põe. Que, mesmo no anoitecer de cada dia, nos faz ter fé no novo amanhã, ainda que não saibamos qual será o último. Que nos faz seguir em frente.

Há uma parte de nós, de onde brota o riso alegre; que nos consola e conforta, quando as lágrimas nos correm dos olhos. Que produz o mel das lembranças, para aliviar o amargor da saudade.   

Há uma parte de nós que é sempre criança. E, por isso, se encanta com as flores, o crepúsculo e o alvorecer. Que corre pelas ruas, com o vento nos cabelos, e a liberdade no coração.

Há uma parte de nós que desafia a lógica e se deixa guiar pelo sentimento. Por isto, nos leva nas mais lindas viagens e nos faz acreditar nos truques de mágica, que sabemos impossíveis.

Sim; há uma parte de nós que talvez não acredite em fadas e anjos, mas confia na sorte e na magia; que sabe que um dia partiremos, mas alimenta a oculta esperança de que tudo permaneça.

E esta, eu vos asseguro, é a parte melhor de nós; é a que faz de nós o que somos, que nos distingue entre toda a Criação. Que nos sustenta em cada dia, que nos leva à Mansão do Amanhã.

Esta é a parte que nos faz sentir vivos; que nos faz apreciar as artes, buscar a solidariedade, alimentar os melhores sentimentos. Que nos leva a cultivar o perdão, a tolerância, a paz e o amor.

É o nosso verdadeiro Eu.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_eddie_calvert_autumn_leaves.mid

Link música

Link vídeo

 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

QUE EU ME VÁ ASSIM

 


Que eu me vá assim.

Como um passarinho, que de repente fecha as suas asas e deixa a cabecinha pender sobre o peito. E parte para novos voos, durante os quais não precisará das asas, nem dependerá dos ventos.

E que aqueles que ouviam os seus trinados não se deixem dominar pela tristeza e pela perda, por não mais os escutarem; que lembrem a alegria que sentiam, ao ouvi-los em cada manhã.

Que eu me vá assim.

Como a flor, que em um segundo deixa cair a última pétala, desprende-se do galho e cai sobre o chão, onde se tornará adubo para outras flores, cujo perfume encantará a quem o sentir.

E que a sua lembrança persista na memória dos enamorados que, quando baixava o sol da tarde, vinham namorar à sombra da planta onde nasceu; e, embevecidos, comentavam a sua beleza. 

Que eu me vá assim.

Como o regato, cujas águas são inesperadamente desviadas e já não podem cantar, ou abrigar os peixes; nem carregar os galhos caídos até o rio maior, ou a foz onde beija o oceano.

E que, embora o leito seco seja só uma lembrança de onde corria a água, possam as plantas que brotaram às suas margens sobreviver, entre o calor amigo do sol e a água generosa da chuva.

Que eu me vá assim.

Como a melodia que termina e cujas últimas notas, enquanto se desvanecem à distância, deixam em todos os corações um resto de encantamento e poesia; de delicadeza e esperança.

E que, ainda depois que se dissipe a derradeira nota, possa o seu eco perdurar, por algum tempo naqueles que a ouviram; e alegrar as suas almas, nelas conservando a lembrança da harmonia.

Que eu me vá assim.

Como o pavio da vela, apagado pelo sopro casual e inesperado do vento; e que a escuridão absoluta não se siga à débil claridade da chama, que por algum tempo iluminou o que pôde ao redor.

Que, uma vez apagada a vela, outra possa ser acesa e espalhe a sua luz mortiça e suave; porque a verdade é que a escuridão não resiste ao menor sinal da luz, que desfaz o medo e as trevas.

Que eu me vá assim.

Como o sonho que termina, quando vêm os primeiros minutos da aurora; e, mesmo depois de desfeito, conserva ainda, por um pouco, um doce sorriso nos lábios daquele que o sonhava.

Que eu me vá assim.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/ElarGutierrez-MyWay-EM.mid

Link música (que, aliás, é recorrente aqui no blog)

Link vídeo

UPGRADE, em 22/10: Amigos, perdoem a minha ausência desta semana, mas o post foi quase profético: tive um AVC na segunda, fui para a UTI e só hoje estou voltando para casa, ainda sem todas as condições de ficar no computador, inclusive para responder aos comentários. Semana que vem, devemos voltar (eu e o oásis:) à normalidade. Obrigado, meu abraço; bom resto de semana!  

          

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

PARÁBOLA DA ÁRVORE


Plantai bem as vossas raízes.

Para que, quando o tempo passar, não venhais a sentir-vos perdidos no espaço; e possais oferecer, àqueles que vos cercam, o conforto da vossa sombra e o doce sabor dos vossos frutos.

Porque não vos deveis iludir: quando a idade chegar, todos seremos como árvores, a concentrar ao nosso redor aqueles que nos amam. Ou como arbustos ressequidos, levados pelos ventos.

Tratai, portanto, de escolher bem o que desejareis ser, em vosso futuro; porque esta é uma escolha que só podeis fazer durante a semeadura. Depois, nada mais vos restará senão a colheita.

Aproveitai, pois, o tempo de plantio, para semear em vossos corações os melhores sentimentos que vos for dado conhecer. Porque essas serão as vossas raízes e a vossa segurança.

Zelai por vosso corpo; afinal, ele é o tronco que usareis, no tempo em que estiverdes neste mundo. E deveis mantê-lo sempre no melhor estado que vos seja possível, para o vosso bem-estar.

Lembrai-vos, porém, de que é a seiva que corre pela árvore, que a alimenta e faz crescer; é dela que dependem as suas forças e os seus frutos. Por isto, atentai também ao vosso verdadeiro Eu.

Que este seja o vosso principal cuidado. Porque, enquanto a seiva for forte, a árvore se manterá de pé; resistirá a todos os ventos. E os seus frutos, caindo ao chão, adubarão o seu entorno.

Deveis nutrir-vos, sempre, de bons pensamentos e de boas ações; é assim que se tornarão mais saborosos os vossos frutos e mais belas as vossas flores, que encantarão a todos ao redor.

Sede fortes e generosos. Espalhai aos ares o suave perfume de vossas flores e às pessoas que se acercarem, oferecei os vossos frutos; e não vos preocupeis que algum dia venham a faltar.

Pois o Coração do Universo tem no amor a Sua essência; e, por isto, multiplica as Suas bênçãos aos que se mostram generosos, para que possam dividi-las ainda mais com os seus irmãos.

Assim como as estrelas no céu e as ondas no mar, são infinitas as bênçãos do Pai aos filhos que as partilham com seus irmãos. Dai e recebereis; se servirdes ao vosso irmão, nada vos faltará!

Plantai bem as vossas raízes; necessitareis dessa firmeza, para que os ventos do tempo e do acaso não vos possam arrancar do chão e arrojar-vos ao abismo escuro e fundo do esquecimento.

Sede como a árvore. Esgotadas suas folhas e seus frutos, ela será transformada em lenha; e continuará a viver, nas lembranças dos que a conheceram e na gratidão daqueles que se acercarem. 

Para aquecer-se ao calor amigo da fogueira.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_ernesto_cortazar_solitude.mid

Link música

Link vídeo. Sem conotações religiosas, acho linda essa oração.       

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

EM BREVE

 


Em breve, poderemos estar juntos novamente.

Sentiremos o calor dos abraços, que hoje nos faz falta; e poderemos tirar as máscaras de pano, com as quais cobrimos as máscaras de carne que, muitas vezes, foram os nossos rostos.

Porque a verdade é que nos acostumamos e disfarçar as nossas emoções e os nossos sentimentos; como se sua a exposição nos fragilizasse e nos deixasse expostos aos que nos cercam.

Em breve, poderemos novamente dar as mãos e trocar beijos e carinhos, sem outro receio que não seja o de sentir saudade; em breve seremos, novamente, os donos de nossos caminhos.

Mas... isto será verdade? Alguma vez fomos os donos de nossos caminhos, os arquitetos das nossas vidas? Ou sempre tememos tirar as nossas máscaras e nos mostrar do jeito que somos?

Sempre fomos livres, para distribuir os nossos abraços e oferecer os nossos beijos e os nossos carinhos? Sempre estivemos juntos, ou apenas eram outros os medos que nos separavam?

São perguntas que, talvez, agora não pareçam tão importantes. Mas precisam ser respondidas, antes que caiam as máscaras de pano... para que não voltemos a usar aquelas de antes.

Perguntas que precisam ser respondidas, antes que voltemos a ter direito aos abraços. Para que não continuemos a nos privar deles, não por medo de um vírus, mas por imposições sociais.

Esta é uma ocasião única, para que possamos examinar a nós mesmos e encontrar os nossos diagnósticos. Talvez, o vírus que faz tanto mal seja só a face visível de algo mais grave.

E, se assim for, é em nós que precisaremos buscar a cura; para os homens e para o planeta. Uma vacina será apenas um paliativo, se formos os próprios agentes da doença; outras virão.

É hora, talvez, de encarar as nossas imperfeições e os nossos medos. De não mais ocultar o nosso verdadeiro rosto; nem nos negarmos a um abraço, nem temermos um beijo ou um sorriso.

É hora, talvez, de pensar diferente. De esquecer um pouco o ter e ligar mais para o ser. De não permitir que o preconceito nos divida; que as diferenças nos afastem, quando deveriam unir-nos.

Quando as máscaras caírem e os abraços voltarem, será a oportunidade de mostrar o nosso rosto, e não economizar nos abraços. A ocasião de viver uma nova vida, que nos faça melhores.

Se os galhos se quebram, pode ser o sinal que a árvore está doente; a doença é apenas um sintoma, que nos leva a buscar a cura. E devemos encontrá-la, pois precisaremos reaprender a viver.

Em breve; muito em breve.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_eddie_calvert_il_silenzio.mid

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