O CARINHO E O SEXO
Não vos é possível negar os vossos desejos.
No frio da noite, o vosso corpo reclama outro corpo; a vossa carne anseia por outra carne, e a vossa pele necessita do contato macio de outra pele. É quando mais vos faz sofrer o toque cruel da solidão.
Que não sejam estas, entretanto, as vossas únicas necessidades. Porque o sexo, sem amor, é como a noite sem as estrelas; como o rio sem a canção das águas, e a flor sem o aroma que encanta.
Sem amor, o sexo não vos pode oferecer o prazer da plenitude. E, ainda que atenda aos vossos corpos, é incapaz de satisfazer às vossas almas, que reclamam a sensação de companhia.
É da ternura que une as almas, que deverá brotar o desejo a unir os corpos. Das mãos entrelaçadas, dos olhos nos olhos, nascerá a luz da comunhão, a santificar a carne que penetra na carne; a construir a invisível ponte entre corpos e almas.
É preciso que os lábios não apenas suguem os bicos enrijecidos dos seios excitados, mas pousem levemente no rosto e nos lábios da amante satisfeita, nos eternos minutos que devem seguir-se ao prazer.
E as mesmas mãos que exploram sequiosas o corpo desnudo, na ânsia urgente da posse, devem tornar-se suaves como as asas de um anjo, ao acariciar os cabelos desalinhados pelos frenéticos movimentos da entrega recente.
Porque, se o amor se faz mais urgente na paixão, sobrevive e mais profundo se mostra na infinitude da saciedade, quando corpo e alma satisfeitos repousam no Coração do Universo.
E, se a beleza do corpo desperta o vosso desejo, necessário se faz que também vos atraia a alma que o habita, para que não finde a comunhão no último estertor do orgasmo.
Pois um dia se extinguirá a beleza que encanta os olhos; e o sexo não mais será o caminho onde se encontrarão os amantes. Persistirá, entretanto, a união entre as almas que se completam.
Desfrutai das vossas horas de desejo e prazer; é ao mergulhar profundamente no oceano do sexo, que vos podereis abandonar ao doce calor das suas águas e experimentar as mais fortes sensações.
Cuidai, entretanto, para que sempre em vós esteja o amor; e o carinho exista em cada gesto. Porque só assim será completo o vosso prazer, e pura se tornará a vossa paixão.
De alma e corpo, sois formados; e se uma e outro não podeis separar, a ambos necessitareis satisfazer, para transcender os limites que vos impõe o mundo onde caminhais.
E ouvir a voz do Universo, que ecoa em vós.