O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O CAMINHO, A JORNADA E A VIDA


É convosco que necessitais, antes de tudo, conviver.

Preocupai-vos sobretudo, portanto, com os vossos próprios pensamentos e conceitos. Porque aquele que se guia pelas opiniões de outrem, não saberá escolher a própria estrada.

Atentai para a voz do Universo, que vos fala ao verdadeiro Eu. Que seja o coração a enfunar as vossas velas, e a razão o leme que ao porto seguro orienta o vosso rumo.

Porque ninguém existe, que a si mesmo possa fugir por todo o tempo. Dia virá, em que contas vos serão pedidas do uso que destes ao vosso tempo; e, neste dia, cada um de vós será o seu próprio juiz.

Estai, pois, em paz com a vossa consciência. E sabei que só o podereis fazer, se certos estiverdes de que a cada dia buscastes o melhor; não apenas para vós, mas para todos que vos cercam.

Envolvei-vos no manto da gentileza, mas arrancai de vossa face a máscara da hipocrisia. Porque não ofende a verdade, enunciada no suave tom da compreensão, mas é traiçoeira a mentira que na bajulação se oculta.

Entregai-vos aos vossos amores, pois é o Amor que vos liga ao Infinito. Lembrai-vos, entretanto, que nele devem estar as asas que ao céu vos conduzem, e não os grilhões que ao sofrimento vos acorrentam.

Porque eu vos digo que o Amor apenas vos trará o sorriso. É na frustração, no orgulho, na saudade e na insegurança, que encontrareis os motivos para as lágrimas que ao amor tantas vezes erradamente atribuís.

Cuidai dos vossos corpos. Como o fazeis às vossas vestes, às vossas casas e a todos os bens que neste mundo vos pertencem. Lembrai-vos, entretanto, de que não é sábio aquele que protege as suas posses e de si mesmo descuida.

Cuidai, portanto, do vosso Ser. É na eterna Fonte do Universo que se dessedenta o vosso verdadeiro Eu; e são os vossos sentimentos que o alimentam, na jornada diária para o Conhecimento.

Afastai de vós o orgulho desmedido e o insensato egoísmo. Porque aquele que mais alto se tenha colocado, precisará descer para encontrar os seus irmãos. Ou a solidão será o seu destino.

Conservai, entretanto, a vossa auto-estima. Porque o homem que de si mesmo não cuida, de ninguém poderá cuidar; e aquele que não se ama, a ninguém será capaz de amar.

Pois ninguém é capaz de dar senão aquilo que lhe sobra. E não é o amor que vos leva a depender de outrem, mas as vossas próprias carências; o amor a si mesmo se basta e sobrevive desde o início dos tempos.

Pela eternidade, se estende a estrada; e muitos serão aqueles que em vossa jornada encontrareis. Entretanto, é com os seus próprios pés que cada homem necessita percorrer o seu caminho.

Embora todos eles nos levem ao Coração do Universo.

Atravesso uma dura fase da jornada, que não me tem deixado visitar os amigos, nem responder aos comentários. Minhas desculpas; espero poder retornar em breve. Sinto falta de vocês.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O TRABALHO E OS SONHOS


O mundo não gira ao redor das vossas vontades.

Sábio, entretanto, é o homem que conserva os seus sonhos. E neles encontra a força de que necessita, para construir novas realidades. Porque o sonho de hoje pode ser a realidade de amanhã.

Afastai de vós os grilhões da insatisfação. Porque, para o insatisfeito, a comida mais doce conservará o travo mais amargo; a água mais pura saberá a cobre e o maior amor jamais será o suficiente.

A insatisfação desmedida é como o poço sem fundo, onde se perdem as vossas oportunidades de serdes felizes. E faz cair sobre vós a noite do desânimo, onde não penetra a luz da esperança.

Conservai, sim, os vossos sonhos. Aprendei, entretanto, a conviver com a realidade que vos cerca; pois, embora vos revigore a visão do céu estrelado, é sobre o chão que precisareis dirigir os vossos passos.

E, embora não se ofereça aos vossos olhos, nem seja tocada por vossas mãos, a brisa refrescante vos acaricia o rosto, ameniza o calor do meio-dia e vos traz a sensação de bem-estar.

É entre os sonhos e a realidade, que vivereis todos os vossos dias; e muitas vezes entre eles não vos é possível distinguir. Credes, acaso, que para o enamorado a realidade maior não seja o seu sonho de amor?

Como a esperança, a insatisfação nos motiva para a caminhada. E, todavia, aquele que a uma ou outra se entrega sem limites, decerto perderá o contato com a realidade.

Cuidai, pois, de preservar os vossos sonhos. Tende presente, entretanto, que da vossa própria conduta dependerá que se realizem; ou percam-se à margem da estrada, onde deveis enterrar os vossos desenganos.

Porque é certo que nenhuma ilusão pode existir para sempre; e, por isto, cada novo sonho virá com o tempo a tornar-se um novo monumento, seja à vossa vitória ou à vossa derrota.

Deixai que eu vos diga, todavia, que muitas vezes é a vossa determinação o fiel que para um ou outro lado faz pender os pratos da balança. E do vosso empenho dependerá o sucesso ou o fracasso.

Pois não é apenas a fertilidade do solo, que determina a pujança da planta; também o trabalho silencioso e anônimo das raízes faz surgir a seiva que a alimenta e sustenta.

Conservai, sim, os vossos sonhos. Pois é a força dos vossos ideais que vos faz seguir em frente, e vos leva a ultrapassar os obstáculos que surgem em vossos caminhos.

Lembrai-vos, todavia, que os sonhos, ao nascer, são apenas as canções das vossas esperanças; não existem senão em vós, e residem na mansão do amanhã.

Só o trabalho os poderá realizar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

UMA SAUDADE IMPRECISA

… uma saudade que me vem no tempo.

Na lembrança de dias passados, quando os sonhos ainda habitavam em mim. Quando um simples olhar me devolvia a alegria, o som de uma voz preenchia o meu mundo e a esperança me fazia seguir em frente.

Uma saudade que me vem no vento; nas notas da canção que se extingue lentamente no ar, no perfume que persiste em minhas narinas, no som do sorriso que permanece em meus ouvidos.

Que me assombra na calada da noite, quando dos corpos entrelaçados resta apenas o vazio dos lençóis; quando o calor da pele e da carne cedeu lugar ao tecido grosso do cobertor.

Uma saudade que insiste em viver, quando até os sonhos se desfazem a cada dia. Que permanece latente, sob a minha indiferença defensiva, como a fera que espreita entre as barras da jaula que a prende.

Que, enquanto finjo escrever, me sussurra as palavras que estão gravadas em mim, com letras de fogo e gelo, de espinhos e rosas, de esperanças e desilusões.

Uma saudade que eterniza as lembranças; que traz uma dor tão mais sentida, quanto mais doces são as recordações que provoca. Que mantém abertos os meus olhos, enquanto as horas escorrem na noite insone.

Que já faz parte de mim, que já está no meu ser. Que se dissolve na resignação; na certeza de que nada é para sempre e afortunado se pode julgar aquele que, ao menos por um minuto, conheceu a felicidade.

Uma saudade estranha. De lugares que não vi, de emoções que não senti, de aromas que não conheci, de canções que não escrevi. De dias que não vivi e hoje sei que não mais viverei.

Que traz, na frustração dos sonhos não realizados, o conforto de sempre haver buscado o melhor caminho. Porque é certo que o calor dos sorrisos nos faz esquecer o frio das lágrimas, até que venha o novo pranto.

Uma saudade que se reflete no desânimo do meu coração. E em meus cabelos brancos, onde as pegadas do tempo são cada vez mais nítidas e me fazem lembrar que se aproxima o fim desta jornada.

Que me traz um cansaço infinito, qual inconsistente bruma que às vezes me parece envolver o mundo, transformando o novo dia em mero trecho a ser percorrido.

Uma saudade imprecisa, feita de sonhos mortos e novas esperanças.

Que me ajuda a entender a Vida...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O ROSTO DO AMOR

Eu te agradeço pela minha vida.

E, mais do que isto, pelo amor e pelo carinho de cada dia. Pelo colo generoso e pelos braços amantes, a proteger-me dos perigos do mundo; e, muitas vezes, da minha própria imprevidência.

Eu me desculpo por cada lágrima que te fiz chorar. E hoje sei que foram muitas; porque o coração de mãe é como uma fonte amorosa, que através das lágrimas busca expiar as culpas dos seus filhos e repartir as suas dores.

Agradeço pela dádiva de conhecer-te. E por tudo que me ensinas, com a tua experiência da vida e a tua alma repleta de amor; agradeço ao Universo, por ter-me dado o teu ventre como início desta jornada.

Gostaria de poder dizer o quanto te amo. Pode, entretanto, alguém descrever o que sente? Como colocar em palavras o aroma da flor, o encanto da música, o azul translúcido do céu de verão?

Como descrever a gratidão infinita, a sensação de apoio e companhia, a certeza de ser compreendido e perdoado, a ternura de contemplar os teus cabelos brancos? Como dizer o que sinto por ti?

Eu gostaria de oferecer-te todas as estrelas do céu, todas as flores dos jardins, as mais belas canções e os mais delicados perfumes. Gostaria de poder realizar todos os sonhos que pudesses sonhar.

Gostaria de voltar no tempo, para ser criança outra vez e sentar-me em teu regaço; para evitar todas as vezes em que te magoei e reviver cada momento em que te fiz sorrir.

Não o posso fazer. Mas posso dizer o quanto te amo. Posso agradecer ao Universo, que mais uma vez me permite estar ao teu lado neste dia. Posso dizer que sou feliz, ao contemplar o teu rosto.

Para mim, o rosto do Amor.

Nesta foto e em nossas vidas falta um de nós, que prematuramente se foi.
Alvinho, toda a nossa saudade. Mãe, todo o nosso amor.

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