A MOCHILA DA ESPERANÇA

 

A Vida é um constante recomeço.

O sol, todas as manhãs, se eleva no horizonte; e ilumina a oportunidade de traçarmos um novo caminho. Que pode não levar à realização de nossos sonhos, mas renova a esperança.

E esperança é a palavra-chave, para a realização de todos os sonhos. Porque, antes de realizar, é preciso sonhar; como a criança precisa erguer-se, para que possa caminhar.

Acalentemos, pois, a esperança em nosso coração. Deixemos que renasça em nós, todos os dias, e durma conosco, em todas as noites, embalando o nosso sono e os nossos sonhos.

Assim, acordaremos todos os dias com um sorriso; e o teremos em nossos lábios, quando fizermos a oração da noite. Assim, a fé e a gratidão sustentarão sempre os nossos passos.

Sim, é verdade que cada um de nós tem as suas lembranças; e nem todas são boas. Mas aquele que escolhe recomeçar, precisa sacudir o peso dos ombros, antes da nova jornada.

E o tempo nos mostrará que nenhum momento foi perdido em nossa vida. Que o lugar onde estamos é o reflexo das escolhas que fizemos; e, boas ou más, as lembranças nos ensinam.

Se assim é, as escolhas que hoje fazemos nos conduzirão por outros caminhos e nos levarão a outros lugares; cruzaremos novos vales e subiremos novas montanhas, certamente.

Tudo depende de nós. Embora não possamos, nem devamos abandonar as nossas bagagens, precisamos aprender a conviver com elas; e não deixar que determinem os nossos novos passos.

Pois, eu vos tenho dito, aquele que deseja uma nova colheita não pode plantar as mesmas sementes. Aprendamos com os erros e deixemos no passado as tristezas que causaram.

Carreguemos as nossas bagagens; elas nos serão sempre úteis. Mas não as levemos nas mochilas da mágoa ou do arrependimento; se assim fizermos, o seu peso nos esmagará.

Cuidemos, sim, de envolvê-las no tecido da compreensão. Assim, não se apagarão em nossa mente; mas, com o passar do tempo, as sentiremos cada vez mais distantes de nós.

E, depois de assim cobertas, vamos colocá-las na mochila da esperança. Esta é a única que devemos levar aos nossos ombros, a cada vez que iniciamos uma nova caminhada.

Porque é sempre a esperança que nos conduz adiante. Ela é a nossa maior força, a base da nossa confiança. Ela é a mãe de todos os sonhos que nos sustentam, em cada recomeço.

E a Vida é um constante recomeço.

Música:

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SOBRE OS VOSSOS FILHOS

Amai, sim, os vossos filhos.

Porque eles são partes do vosso ser. E, acreditai-me, nada vos poderá ser mais caro que esses seres, que por vosso intermédio nascem pequeninos e deveis tornar maiores do que vós.

Lembrai-vos, entretanto, de que amar alguém não significa determinar os seus caminhos; mas apoiá-lo, quaisquer que sejam as dificuldades do caminho que ele mesmo houver escolhido.

Pois, assim como vos coube o direito de errar e acertar, ao longo dos vossos caminhos, a eles cabe igualmente o mesmo direito. E não seria justo que os privásseis de sua própria caminhada.

Porque aos pais não é dado o poder de impedir as lágrimas de seus filhos; apenas o de chorar com eles. Como não lhes podem outorgar sorrisos, somente compartilhar as suas alegrias.

Recordai o que vos disse, sabiamente, o profeta: vossos filhos não são vossos filhos. Sois apenas o arco encurvado, do qual partem novas setas, rumo a outra jornada e outro aprendizado.

E, se assim é, vossos filhos não são apenas os portadores do vosso orgulho e os depositários das vossas esperanças. Não podeis viver através deles; mas, se bem agirdes, neles vivereis.

Pois são os filhos da ânsia da Vida por si mesma. A Vida se renova, em todo o tempo; e felizes vos deveis sentir com o papel que desempenhais neste ciclo, que segue na Eternidade.

Deveis alimentar os vossos filhos; não apenas os seus corpos, mas também as suas almas. Colocai portanto na mesa, à sua frente, os frutos que colhestes, durante vossa própria experiência.

Não os forceis a comê-los, porém. Oferecei-lhes tudo que puderdes, mas tende presente que merecem descobrir novos sabores; e não o poderiam fazer, acaso fossem limitados ao que lhes dais.

Deveis mostrar-lhes os caminhos que percorrestes; para que conheçam os vossos erros e acertos. Mas não os forceis a seguí-los, pois cada um deve escolher os seus próprios caminhos.

Nem insistais em mantê-los na segurança do ninho; se assim for, mais difíceis se tornarão os seus próprios voos. E não tereis maior alegria, do que vê-los voando mais longe e mais alto que vós.

Eu vos tenho dito que o amor não é posse, mas entrega. Em nenhum momento da vida percebereis mais nitidamente esta verdade, do que ao lidar com vossos filhos; ao vê-los crescendo.

Esta, talvez seja a maior lição que vos podem ensinar os vossos filhos: a vencer o egoísmo e aprender a não pensar unicamente em vós mesmos. Porque eles não vêm apenas do vosso corpo.

São os filhos da vossa alma.

Música:

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Gibran: para mim, fantástico e inigualável! 

AS VÁRIAS MANEIRAS DE AMAR

 

Cada um tem o seu jeito próprio de amar.

Entendei esta verdade e acabará a maior parte dos sofrimentos que costumais atribuir ao amor. Porque não é por ele que sofreis; o sofrimento decorre dos desejos e da frustração.

Pois, eu vos tenho dito, o amor existe para fazer-vos felizes. Para preencher o vosso coração e cantar, aos ouvidos da vossa alma, as mais lindas canções que existem no universo.

O amor é a própria essência de Deus. É a beleza e o perfume da Vida, a sua razão de ser; é a centelha divina que habita em vós, tudo de que necessitais para serdes plenos e felizes.

Entregai-vos ao amor e descobrireis a verdadeira felicidade; nos momentos em que ele vos tocar, de nada mais precisareis para sentir a Vida em toda a sua grandeza e intensidade.

Isto, porém, só acontecerá se vos entregardes ao amor; se lhe abrirdes as portas do vosso coração, sem reservas ou desconfianças. Enquanto durar, ele vos carregará em suas asas.

Tende presente, todavia, que não podeis possuir o amor; ele é que vos possui. E nem todos o sentem da mesma maneira; porque existem vários tipos de amor e vários jeitos de amar.

Entre vós, há aqueles para quem o amor é como um lago, plácido e cálido; para outros é um rio de águas bravias e impetuosas, que tudo carregam em seu curso e a todos podem arrastar. 

Para uns, é como uma montanha elevada e serena, de cujo topo se vê uma paisagem de beleza e paz; para outros, é um vulcão em ebulição, cuja lava ardente escorre pelas encostas.

Há pessoas que veem o amor como objetivo de vida; são como metades, buscando quem as complete. Outras o veem como complemento e procuram alguém com quem se encaixem.

Alguns acreditam que o momento culminante do amor se encontra na ânsia do desejo e na explosão de prazer do orgasmo. Outros o percebem na ternura e no brilho de um olhar.

Às vezes, o amor vos atrai pela segurança que parece proporcionar; em outras, pelas aventuras e emoções que vos promete. E ele vos traz tudo isso, em momentos diferentes.

Há ocasiões em que estais ao lado de quem amais e o amor vos preenche; nestes instantes, o tempo passa mais rápido. Em outras, a saudade vos visita; e aí o tempo parece arrastar-se.

Sim; há várias formas de amor e vários jeitos de amar. Mas é certo que o amor está presente em vossas vidas e vos traz felicidade; quando sofreis não é por amor, mas por egoísmo. 

Porque o amor e o egoísmo fazem parte de vós.

Música:

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A PALAVRA E O SILÊNCIO

Deveis falar, apenas, quando tiverdes algo a dizer.

E a certeza de que sereis escutados. Porque falar para aqueles que não vos querem ouvir, é como espalhar sementes sobre a pedra: perdereis o vosso tempo, pois nada ali haverá de nascer.

Este, acreditai-me, é um dos vossos mais importantes aprendizados: saber a hora de falar e a hora de calar. Já ensina antigo ditado que a palavra é de prata, mas o silêncio pode ser de ouro.

Não é assim que procedeis, entretanto. Comportai-vos como se estivésseis certos sobre todas as coisas e vossas palavras tivessem o dom de mostrar a todos o único caminho a ser seguido.

Quanto vos enganais, nessa presunção! Porque, se cada homem tem a sua própria verdade, não existe uma verdade absoluta. E, se acaso existisse, não pertenceria a ninguém sobre a Terra.

Aprendei esta lição, tão simples e tão necessária; e que ela vos ajude a calar-vos, às vezes, para ouvir outras opiniões. É assim que ampliareis os vossos horizontes e ganhareis em sabedoria;

Ocasiões existem, em que deveis calar-vos. Pois o silêncio nenhum prejuízo vos traz e as palavras irrefletidas que às vezes dizeis podem custar-vos relacionamentos: amizades e amores.

Porque a palavra é como a pedra: uma vez lançada, não retornará sobre si mesma. E, em verdade, poucos dentre vós são capazes de perdoar e esquecer a palavra ou o gesto que os magoou.

Calar-vos, portanto, é melhor do que retribuir ofensas; ou enredar-vos em inúteis discussões. O silencio pode ser a opção mais sensata, mesmo quando estiverdes convictos de vossas opiniões.

Porque aqueles que insistem em repetir palavras e impor o que dizem pensar, não buscam convencer aos outros, mas a si mesmos. Quem acredita no que diz, a ninguém  necessita convencer. 

Pois o homem não precisa estar em paz com o mundo, mas com a sua própria consciência. Aquele que realmente acredita estar certo no que pensa, não se preocupa com a opinião alheia.

Este é o segredo, talvez, dos sábios e dos filósofos que vos legaram o seu saber. Por acreditarem nas suas ideias, foram capazes de mantê-las, mesmo enfrentando o clamor do mundo.

Porque calar-vos não significa endossar o que vos dizem; mas escutar novas ideias e examiná-las, com isenção de ânimos. Quando não vos convençam, deveis expressar a vossa opinião.

Sede, porém, sábios o suficiente para não discutí-la, caso não seja aceita. Analisai todos os argumentos e tomai a vossa própria decisão. Porque a ninguém mais precisais convencer de nada.

Se convencido estiver o vosso verdadeiro Eu. 

Música:

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