OS VOSSOS TEMORES
Porque o medo da sede, quando está a meio o vosso poço, é a própria sede inclemente, que nenhuma água pode saciar.
E o medo da noite, quando apenas se anuncia o crepúsculo, não vos permite desfrutar plenamente a doce carícia dos últimos raios de sol.
É o medo do futuro que vos impede de aproveitar os bons momentos do presente, e vos faz viver no passado que já não existe.
Como o medo da solidão vos rouba o prazer da companhia, e o medo da tristeza vos frustra a maior das alegrias.
Já vos disse alguém, e eu vos repito, que a nada deveis temer tanto, como ao próprio medo.
Porque é ele que vos acorrenta os pés, e vos impede de prosseguir em vossos caminhos.
E é ele que vos tolhe as asas, quando poderíeis alçar os mais elevados voos, e conhecer a felicidade.
É o medo que vos leva a imaginar os espinhos do abandono, quando em vossas almas floresce a rosa do amor.
É o medo do abismo que vos impede de construir a ponte, e o temor ao rio que não vos deixa aprender a nadar.
Afastai os vossos temores.
Pois não conhecereis o sorriso, se paralisados estiverdes pelo medo do pranto; nem o amor, se vos assusta a separação.
Pois o homem que teme a traição, jamais entregará o coração; nem viverá plenamente a noite, aquele que teme o amanhecer.
Pois não concedereis o vosso perdão, se temerdes que se repita a injúria; nem vivereis um novo sonho, se vos assusta um outro desengano.
Afastai os vossos temores.
Porque o barco não cruzaria o oceano, se o navegante temesse as tempestades. Como não escalaria a montanha aquele que teme a altitude.
E muitas vezes, durante a vossa jornada, precisareis escalar as vossas próprias montanhas.
E cruzar os vossos próprios oceanos.