A RETRIBUIÇÃO E O AMOR

Não é a retribuição que deveis buscar, no amor.

Como não a procurais na poesia, na música, ou no vento que acaricia os vossos cabelos; nada mais almejais, do que abandonar-vos à sensação de bem-estar que provocam em vossa alma.

O amor, que faz nascer em vós a sensação de felicidade, é, em si mesmo, a sua maior retribuição. Entregai-vos ao enlevo que vos causa e nada mais desejareis do que sentir a sua presença.

Não é o que fazeis, entretanto. Longe de desfrutar das emoções que o amor vos traz, buscais subordiná-lo aos vossos desejos. Como o homem insensato engaiola a ave cujo canto o encanta.

Como ele, esqueceis que podeis aprisionar o pássaro; mas jamais tereis controle sobre o canto. E, como ele, o vereis definhar e perder aos poucos a beleza que possuía em liberdade.

Porque os sentimentos são como as aves. E não existem, senão quando voam livres e irrequietos pelo universo que existe em vós; pelo céu nem sempre tranquilo que é o vosso verdadeiro Eu.

Assim eu vos tenho dito, todo o tempo. E, todavia, não vedes que o homem sábio não prende o pássaro que o encanta; antes busca agradá-lo com o seu jardim, para que jamais o queira deixar.

Lembrai, pois, de não asfixiar o vosso amor; evitai sufocá-lo, com as correntes da vossa insegurança e do vosso egoísmo, ou o vereis fenecer diante de vossos olhos e lamentareis a sua perda.

Concentrai-vos em sentir o amor. Agradecei-lhe, em vosso coração, por vos haver tocado; porque o seu toque vos faz descobrir um mundo novo, de cores mais vivas e emoções mais intensas.

Aquele que ama, de nada mais necessita. O amor preenche todas as suas necessidades, ocupa todos os seus espaços; e, ainda que não realize todos os seus sonhos, o torna capaz de sonhar.

Aquele que ama, vive em um mundo à parte. Onde um sorriso apaga uma mágoa, uma carícia varre a solidão, um beijo faz parar o tempo e uma palavra devolve o azul ao céu mais cinzento.

Vivei em plenitude o vosso amor. Aproveitai todas as suas horas, todas as suas cores, todos os sonhos que vos inspira, todas as emoções maravilhosas que faz nascer em vossos corações.

Navegai em seus oceanos de prazer; perdei-vos nas suas ondas de ânsia e desejo. Repousai nos seus oásis de ternura, enquanto a brisa fresca e amiga refresca os vossos corpos ardentes.

Não é a retribuição, que deveis buscar no amor; mas a sua essência de liberdade e encantamento. Para que as suas asas vos envolvam e carreguem, juntos, através do tempo e do espaço.

Rumo ao Coração do Universo.  

Música:  
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AS VOSSAS DECISÕES

 

Meditai bem as vossas decisões.

Pois o tempo não caminha para trás; e é com ele que precisareis seguir a vossa jornada. O fruto, uma vez caído, não retorna ao galho; nem as águas do rio voltam sobre o próprio leito.

A porcelana, quando quebra, jamais voltará a ser o que era; assim também acontece a vossas emoções e em vossa vida. Muitas vezes, não podereis retornar sobre os vossos passos.

E, se assim é, melhor fareis em pensar bem, antes de seguir um novo caminho. Nem sempre as flores que de longe parecem mais belas realmente o são, quando delas vos acercais.

Não vos precipiteis, pois, em vossas decisões. Muitas portas encontrareis, ao longo do caminho; e cada uma delas vos oferecerá uma escolha, com seus riscos e suas consequências.

Tranquilizai-vos, portanto: para cada oportunidade que perderdes, uma nova haverá de surgir. E nem a todas as portas devereis abrir; mas apenas àquelas que forem melhores para vós.

Em escolher as portas certas, é que está a arte de viver. Não a aprendereis, contudo, se por vezes não errardes em vossas escolhas; é preciso sofrer com o errado, para conhecer o certo.

Assim é: quem conheceu a saudade, pode avaliar a alegria do reencontro; quem esteve nas trevas, conhece o valor da luz; e quem tiritava de frio canta de prazer, ao sentir na pele o calor do sol.

Meditai as vossas decisões; lembrai-vos, todavia, de que necessitais tomá-las. E não vos deixeis paralisar pelo medo, mas dedicai-vos inteiramente a cada novo caminho que escolherdes.

Pois o homem que se encolhe assustado, perante o abismo, jamais será capaz de construir a ponte; e ao que teme escalar a montanha serão negadas as belas paisagens que do topo se avistam.

A Vida segue em frente, todos os dias. E o Universo não se pode deter, em respeito aos vossos medos. Necessitais decidir os vossos rumos, ou alijados sereis da caravana que passa.

Vosso, entretanto, é o tempo da escolha. E mais vale demorar-se na decisão, do que retroceder ao meio do caminho; ou arrepender-se do rumo tomado, depois de queimadas as vossas pontes.

Meditai, sim, as vossas decisões. Pois aquele que no topo do penhasco construiu a sua casa, seduzido que foi pela beleza da paisagem, pode vê-la desmoronar ante as tempestades do destino.

Errareis, decerto, em muitas das vossas escolhas; assim é o caminho do aprendizado. Deveis, contudo, buscar sempre a mais acertada. E a encontrareis, se ouvirdes o vosso verdadeiro Eu.

É através dele, que vos fala a voz do Universo. 

Música:
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UMA PAUSA NO CAMINHO

Às vezes, o caminhante necessita deter os seus passos.

Para assentar-se à beira da estrada e sacudir de si a poeira dos caminhos percorridos; descansar a mochila que leva aos ombros e examinar as suas lembranças.

Porque, como o sono noturno torna mais fácil atravessar o novo dia que surge no horizonte, recordar o passado é a melhor maneira de encontrar o rumo certo para o futuro.

Como a planta mais viçosa é aquela que brota do solo mais fértil, o homem sensato é o que aprende com os seus próprios erros e acertos, suas lágrimas e seus sorrisos.

Pois ninguém pode, verdadeiramente, sentir em si mesmo a dor alheia; ou gozar plenamente a alheia felicidade. Nenhuma árvore surge, senão da sua própria semente.

É assim que é. E não vos deveis iludir: quando dizeis que vos dói a dor de alguém amado, não é a sua dor que sentis, mas a vossa própria dor e impotência, ao vê-lo sofrer.

E quando com ele vos alegrais, ao repartir os seus sucessos, outra não é a causa da vossa alegria, senão a felicidade de vê-lo feliz. Assim se comporta o coração que ama.

É só, que o homem caminha. Sós, nascestes; e sós estareis, na hora do retorno. Aqueles que vos amparam durante a caminhada, não podem caminhar o vosso caminho.

Assentai-vos, pois, de vez em quando, à beira da estrada. E deixai que as horas passem por vós, enquanto recordais os caminhos que percorrestes e o que neles encontrastes.

Recordai os vossos passos e os lugares para onde vos conduziram. Perguntai-vos se os repetiríeis, se porventura vos fosse dada a oportunidade de voltar no tempo.

Não lamenteis, porém, os passos errados que encontrardes nas vossas lembranças. Também eles vos levaram onde estais e fazem parte do vosso aprendizado.

Limitai-vos a aproveitar o vosso descanso. Deixai que a brisa brinque em vossos cabelos e apurai os vossos ouvidos, para que possais ouvir as vozes do passado.

Lembrai-vos, todavia, de olhar também para o futuro. Porque a caminhada prossegue, todos os dias; sempre é tempo de mudar o rumo, se não gostais do vosso presente.

Aceitai o vosso passado, pois já não o podeis mudar. Aprendei, entretanto, com os erros que cometestes; para que não volteis a repeti-los, quando retomardes a jornada.

Assim, caminhareis para um futuro melhor. 

 Música:
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O TEMPO E O INVERNO

Julgais, acaso, que o tempo não passará para vós?

Assim muitas vezes parece, diante das vossas ações. Deveis ter presente, entretanto, que o tempo não detém a sua marcha; e as situações se modificam, conforme o seu transcurso.

Não sois eternos; ninguém o é. Um dia, o vigor deixará os vossos corpos; e nada vos restará senão as lembranças do que éreis capazes de fazer, enquanto a idade não vos tolhia os gestos.

É assim que é. E, se esta verdade assimilardes, decerto vos tornareis mais pacientes com os idosos que encontrardes em vossos caminhos. Porque eles são hoje o que sereis amanhã.

Vede, em cada idoso, o vosso futuro. E buscai tratá-lo como gostareis que vos tratem, quando chegar a vossa vez e já não fordes capazes de prover às vossas próprias necessidades.

Porque está escrito que a cada um será dado conforme as suas obras. E aquele que não trata com respeito os idosos não pode esperar outra coisa, quando idoso algum dia estiver.

Lembrai-vos de que a colheita não é mais do que o fruto da semeadura; e semeai hoje, entre os jovens que vos cercam, o respeito aos idosos, se quereis que vos respeitem no amanhã.

Porque a cigarra, que não planta nem armazena, é a primeira é morrer de fome e frio, quando chega o inverno. E não podeis duvidar de que, para cada um de vós, o inverno chegará um dia.

E aquele que não ensinar aos seus filhos as artes de caçar e semear, por certo não irá sobreviver, quando lhe faltarem as forças para dobrar o arco, arar a terra ou manejar a enxada.

É pelo exemplo, que o homem aprende; muito mais do que através da palavra. E os filhos que não vos vejam acender a lareira, ou agasalhar os vossos pais, não lembrarão de o fazer por vós.

Assentai-vos, portanto, junto aos idosos. Ouvi as suas histórias e respeitai as suas lembranças. Porque chegará um tempo em que também vivereis entre o presente e as lembranças.

Tende presente que, enquanto sonhais com o futuro, eles encontram consolo no passado. Lembrai-vos de que acalentais esperanças, enquanto a eles restam memórias e desenganos.

Os jovens olham para o amanhã, e os idosos fitam no ontem os olhos cansados. Quanto mais se aproxima o fim da estrada, mais presentes se tornam as recordações da jornada.

Sábio é o homem que armazena o que lhe sobra, para vencer o inverno que virá.  Oferecei a jovens e idosos o vosso amor e a vossa assistência, e nada tereis a recear do amanhã.

Quando os idosos sereis vós.  

Música: 

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/roger_willians_em_algum_lugar_do_passado.mid 

Para minha querida mãezinha, do alto de seus 94 anos bem vividos. 

FELIZ DIA DAS MÃES!