DE AMORES E FLORES
Nem como bens ou propriedades
que vos pertençam; nem como troféus que necessiteis ostentar perante a
sociedade, para que todos reconheçam o vosso valor.
Vede-os, antes, como realmente
são: dádivas que a Vida vos oferta, para amenizar a vossa caminhada; flores que
a felicidade vos traz, para conhecerdes o seu perfume.
Sabei que não vos pertencem; e
como um dia vieram, um dia se irão. E de nada vos adiantará querer retê-los; como
não podeis reter os raios de sol que vos acariciam o rosto.
Tende presente também que, como flores que são, não podem durar para sempre. Mas se a eles atentos
estiverdes, por certo desfrutareis de todo o seu encanto.
O botão, tímido ao brotar, atinge o esplendor da sua beleza
ao desabrochar; e antes de fenecer lança aos ares o seu doce aroma e adorna o
jardim com a sua presença.
Assim são os amores, em vossas
vidas. E também eles necessitam de vossa atenção e vossos cuidados, para que
possam florescer plenamente em vossos corações.
Zelai por eles, portanto.
Vigiai os vossos pensamentos e as vossas atitudes para com o ser amado; lembrai-vos
de que pequeninos furos pode fazem ruir
grandes represas.
Resisti à tentação de impor as
vossas vontades. Apaixonada ou não, cada pessoa é um ser à parte e tem os seus
próprios desejos, as suas próprias ideias e crenças.
Conviver não é uma luta de
vontades, mas a arte do entendimento,
que consiste em alternar a supremacia. Aquele que cede sempre não
cultiva o amor, mas a revolta.
Tende a humildade de
reconhecer os vossos erros; porque ninguém pode estar certo ou errado todo o
tempo e nada apaga o ressentimento, senão o sincero perdão.
Não economizeis as vossas
carícias; pois nem a mais pura e valiosa das sedas é mais agradável ao toque, para o
enamorado, que a pele macia da pessoa amada.
Ofertai, sem medo, o vosso
carinho e a vossa ternura. Porque o ser humano tende a retribuir aquilo que
recebe; quanto mais os oferecerdes, mais os recebereis de volta.
Cultivai, em vós, o fogo da
paixão. No altar da vossa libido, celebrai o corpo de quem amais; que seja ele
o ícone do vosso prazer infinito, incensado com a fumaça pagã do desejo.
Cuidai, sim, dos vossos
amores. Não porque assim os possais manter para sempre, uma vez que são flores;
mas porque só assim experimentareis a magia do Amor.
E por algum tempo sereis felizes.