AS FOLHAS DOS MEUS OUTONOS
Começa uma nova etapa
da jornada.
E a verdade é que não
estou ficando mais jovem. A cada ano, mais numerosas são as folhas dos meus
outonos, que caem da árvore da vida e cobrem o chão que forma o meu caminho.
A cada ano, mais
lentos se tornam os meus passos e mais reduzidas as minhas forças; menos
enxergam os meus olhos, menos escutam os meus ouvidos e menos firme é minha voz.
E, se assim é,
preciso saber melhor em qual direção devo caminhar e como devo utilizar as
forças que me restam. Preciso escolher bem o que devo ver, que palavras ouvir e
o que dizer.
Esta é a vantagem da
idade: a sabedoria da experiência, que compensa o peso dos anos. As folhas dos
outonos, se dificultam o caminhar, amenizam a dor que as pedras causam nos pés.
Eis que já não posso
carregar o peso do ressentimento; assim, preciso aprender a perdoar. Tampouco suporto
lidar com a carga da frustração; assim, devo buscar a paz na resignação.
Já não me resta tempo, para gastar com o preconceito; acolho, pois, o respeito às diferenças. E busco a tolerância, para que as contrariedades não envenenem o tempo que me resta.
Não posso permitir
que me derrube a desesperança; escolho, portanto, acreditar no futuro, ainda
que seja curto. Nem quero temer que venha o fim dos meus dias; por isto, necessito ter
fé.
Porque rejeito a solidão, escolho praticar o amor por aqueles que me cercam; porque é difícil conviver com o medo e a insegurança, devo esforçar-me sempre para aprender a confiar.
Começa uma nova etapa
da jornada.
E, como as que já
ficaram para trás, esta também não me trará só alegrias, ou só tristezas. Como
em todas as outras, terei os meus dias de calor e as minhas noites de frio; o sol e a chuva.
Preciso lembrar que
cada caminho apenas me leva a algum lugar. Sou eu que o escolho; são as minhas
pernas que caminham, são meus pensamentos e minhas emoções que me conduzem.
Assim tem sido, até
hoje. E não me cabe culpar o caminho, nem duvidar do futuro. Preciso, sim,
relancear os olhos para trás, contemplar as folhas dos meus outonos e seguir em
frente.
Porque, a cada ano,
mais se aproxima o inverno final. Entretanto, haverá outros verões e outras
primaveras, enquanto eu caminhar o meu caminho. É assim que são todos os anos,
eu sei.
É a mim que cabe
escolher a estação que abrigarei em meu coração; e é ela que seguirá comigo, a
maior parte do tempo. Posso caminhar entre jardins floridos, ou bosques
ressequidos.
Tentarei, portanto,
ser melhor durante esta nova etapa. Abrirei meu coração e meus braços,
estenderei a minha mão. Oferecerei a todos as folhas que caíram e caem, em meus outonos.
Até que chegue o fim
da jornada.
FELIZ ANO NOVO, AMIGOS!
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_eddie_calvert_autumn_leaves.mid