AS ESTAÇÕES DA VIDA
Como não vos é dado preservar o aroma do perfume,
o enlevo da canção, o calor do raio de
sol, a beleza do botão de rosa, a inocência de um sorriso de criança.
Lembrai-vos, entretanto, que existirão outros aromas,
outras canções, outros raios de sol, outros botões e outras crianças. Porque a
Vida se renova em todos os dias.
Como o ano, a Vida tem as suas estações; e cada
uma tem os seus próprios encantos. E por todas elas devereis passar, para que
de todos possais desfrutar.
Como o verão, é a juventude; à primavera se assemelha
a idade adulta, ao outono a maturidade e ao inverno a velhice. E para cada
estação há um jeito de ser feliz.
No verão, o sol convida à praia; à vida e aos
seus prazeres. É a época do sol e do mar, dos corpos rijos e expostos, do
sangue ardente e impetuoso nas veias.
A primavera traz as flores, com a sua beleza e o seu
perfume. Diminui a urgência dos sentidos e o apelo urgente do prazer já se mescla à suavidade da ternura.
Com o outono, uma doce nostalgia cai sobre a alma.
Como uma saudade imprecisa, com gosto de lembranças, que se reflete na beleza
das folhas sobre o chão.
Sobrevém o inverno. E o manto alvo da neve, que se
derrama sobre o mundo, parece adormecer a vida, trazendo uma ilusória impressão de paz
e quietude infinitas.
Entretanto, há fogo na lareira. E à luz das chamas
pessoas se encontram, histórias são contadas, mãos se entrelaçam; corpos se
aproximam, permutando calor.
A Vida continua. E haverá de continuar em cada raio
de sol, em cada perfume, em cada sorriso de criança. Em cada gota de chuva, em
cada lágrima de adulto.
O enlevo existirá em cada canção, o aroma em cada
perfume. A beleza do botão desabrocha na flor que se abre e sabiamente expõe ao
sol e à chuva as suas pétalas.
Não podeis reter a vossa juventude. E não é sábio que
o tenteis; como não seria sábio aquele que vestisse roupas leves no inverno, ou
no verão desejasse a neve.
Sábio, sim, é desfrutar de cada estação de vossas vidas!