O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

AS ESTAÇÕES DA VIDA



Não podeis reter a vossa juventude.

Como não vos é dado preservar o aroma do perfume, o  enlevo da canção, o calor do raio de sol, a beleza do botão de rosa, a inocência de um sorriso de criança.

Lembrai-vos, entretanto, que existirão outros aromas, outras canções, outros raios de sol, outros botões e outras crianças. Porque a Vida se renova em todos os dias.

Como o ano, a Vida tem as suas estações; e cada uma tem os seus próprios encantos. E por todas elas devereis passar, para que de todos possais desfrutar.

Como o verão, é a juventude; à primavera se assemelha a idade adulta, ao outono a maturidade e ao inverno a velhice. E para cada estação há um jeito de ser feliz.

No verão, o sol convida à praia; à vida e aos seus prazeres. É a época do sol e do mar, dos corpos rijos e expostos, do sangue ardente e impetuoso nas veias.

A primavera traz as flores, com a sua beleza e o seu perfume. Diminui a urgência dos sentidos e o apelo urgente do prazer já se mescla à suavidade da ternura.   

Com o outono, uma doce nostalgia cai sobre a alma. Como uma saudade imprecisa, com gosto de lembranças, que se reflete na beleza das folhas sobre o chão.

Sobrevém o inverno. E o manto alvo da neve, que se derrama sobre o mundo, parece adormecer a vida, trazendo uma ilusória impressão de paz e quietude infinitas.

Entretanto, há fogo na lareira. E à luz das chamas pessoas se encontram, histórias são contadas, mãos se entrelaçam; corpos se aproximam, permutando calor.

A Vida continua. E haverá de continuar em cada raio de sol, em cada perfume, em cada sorriso de criança. Em cada gota de chuva, em cada lágrima de adulto.

O enlevo existirá em cada canção, o aroma em cada perfume. A beleza do botão desabrocha na flor que se abre e sabiamente expõe ao sol e à chuva as suas pétalas.

Não podeis reter a vossa juventude. E não é sábio que o tenteis; como não seria sábio aquele que vestisse roupas leves no inverno, ou no verão desejasse a neve.

Sábio, sim, é desfrutar de cada estação de vossas vidas!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

CONCEITOS E CONTRASTES


A voz não é a canção.

Como o rio não é o seu leito, mas as águas que o formam; e o livro não está nas páginas, mas nas palavras. Como a saudade não está na ausência, mas nas lembranças.

O desejo e a ternura não estão em vossos corpos, mas em vossas emoções. O aroma não está no perfume, mas no ar; e a riqueza não está nas posses, mas na satisfação.

A Educação não está nas palavras, mas no exemplo. E o mestre não é aquele que tudo sabe, mas o que tem prazer em ensinar; porque é assim que vos faz aprender.

A morte não está na sepultura, mas no esquecimento. Como a poesia não está nos versos e a beleza não está na aparência; é em vossas almas que ambas residem.

O amor não está na carícia, mas no enlevo; o encanto não está na noite, mas no luar. A magia não está na varinha da fada, nem na poção da bruxa, mas em vossa imaginação.  

O ressentimento não provém do ódio, mas da mágoa; o desencanto não provém do fracasso, mas da decepção. O preconceito não vem da intolerância, mas da ignorância.  

O medo não é a ausência da coragem, mas o primeiro passo para o seu nascimento. O céu noturno não é a escuridão, mas a moldura perfeita para o brilho das estrelas.

Não é nas notas que está a harmonia, mas na música; não é nos sonhos que está a felicidade, mas na sua realização. Não é a fogueira que afasta o frio, mas a chama.

Não é a separação que vos faz sofrer, mas a frustração; nem a rejeição que vos machuca, mas o orgulho ferido. Não é o desamor que vos assombra, mas o temor da solidão.

Não serão os bens a maior herança de vossos filhos, mas as lições que lhes ensinardes. As suas melhores lembranças não serão dos seus brinquedos, mas do vosso carinho.

Não é a sinceridade que fere, mas a grosseria. Não é a autoridade que revolta, são a prepotência e a presunção; não é o comando que humilha, mas a arrogância.

Não é na unidade que está a essência do Universo, mas na diversidade. Não é na submissão que está a paz, mas na tolerância; não é na esmola que está  a doação, mas no Amor.

E a Eternidade não pertence ao tempo. Mas ao vosso verdadeiro Eu.  

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O AMOR E A REALIDADE



Por que idealizais os vossos amores?

Esta é causa das vossas maiores decepções, porque não há realidade que se compare a um sonho; e delas provêm os vossos maiores sofrimentos. 

Não sabeis, acaso, que os sonhos de uma noite terminam ao nascer de um novo dia e, quanto mais belos são, mais amargo é o gosto de frustração que vos deixam na boca?

Julgais que alguém possa ser tão perfeito quanto o imaginais? Que a vida possa ser um conto de fadas e o amado o príncipe encantado?

Acreditais que alguém exista que não tenha os seus próprios defeitos, as suas próprias ideias? E não sabeis que, muitas vezes, estas ideias serão diferentes das vossas ideias?

Credes que não haverá momentos em que os olhos se desviem dos olhos, em que as mãos se desentrelacem, em que as palavras não sejam de carinho, mas de desencanto?

Acreditais que todas as noites a paixão visitará o vosso leito e vos conduzirá a ambos, nas asas do desejo, a universos maravilhosos de prazer intenso e inesgotável?

Ou que sempre a ternura brilhará nos olhos da vossa amada e vos envolverá em um manto protetor de carinho e compreensão, apagando a mágoa dos vossos pequenos fracassos?     

Abandonai estas ilusões. Assim como vós, a pessoa a quem amais tem o seu jeito de ser e as suas necessidades; e não poderá renunciar à própria vida, para viver a vossa vida.

Tende presente esta verdade. Porque só assim conhecereis o verdadeiro amor e sereis capazes de dele desfrutar, em toda a sua plenitude; de amar qualidades e defeitos.

Pois o verdadeiro amor não é como a semente, que precisa receber para germinar; mas como a árvore forte, que  simplesmente existe e generosamente distribui os seus frutos.  

Amar não é a vossa conquista, mas o vosso desafio. E este desafio não apenas deverá ser vencido em cada dia, mas a cada dia se tornará maior, pois sobrevém o conhecimento.

E é a este que mais devereis temer. Porque o conhecimento realça os defeitos e torna menos notáveis as qualidades; faz desbotar as cores da paixão e traz o cinza da realidade.

Acautelai-vos, portanto. Não contra o conhecimento, uma vez que não o podereis evitar, mas com os vossos sonhos; quanto mais alto vos levarem, mais dolorosa será a queda.

Voai, sim, com os vossos amores. Porque é quando vos embalam os sonhos, que sois felizes; conservai, todavia, os vossos pés no chão, enquanto o coração vos eleva aos céus.

Para que doloroso não seja o vosso despertar.   

Inspirado na lúdica imagem, disponível na internet.   

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O PALCO DA VIDA


Afastai as vendas do orgulho.
E descobrireis que este mundo não é senão o palco em que encenais as peças das vossas vidas. E a cortina que desce ao fim de cada ato voltará a subir, ao iniciar-se o próximo.

Sim; cada um de vós, por mais autêntico que julgue ser, é em verdade um ator, contracenando com atores e atrizes, em uma peça que o destino escreve a cada dia.

Um dia, percebereis que todos os caminhos conduzem ao mesmo fim; a diferença é unicamente o tempo que gastareis na jornada. E este apenas de vós mesmos dependerá.

Porque não sois apenas os atores, mas também os diretores das vossas peças. E, se não vos é dado escrever os seus roteiros, por certo vos cabe definir as vossas ações.

Escolhei bem os vossos caminhos. Isto conseguireis vivenciando as vossas emoções e controlando os vossos pensamentos; porque umas e outros são as bússolas do vosso rumo.

Cada ser humano é o único responsável por suas próprias ações; e isto acontece porque a ninguém mais será dado colher as suas consequências, ou usufruir dos seus resultados.

É assim que é. E não duvideis que cada um dos vossos passos, por menos importante que vos pareça, poderá conduzir-vos a novos rumos e alterar a rota que vos parecia traçada.

Este é o desafio de cada novo ato, no teatro da Vida. E o vosso sucesso não se medirá pelo aplauso do público, mas pelo que vos seja dado avançar na jornada do aprendizado.
  
Haverá, decerto, alegrias e tristezas, de cada vez que os vossos pés estiverem sobre o palco. Porque alegrias e tristezas não podem faltar em cada história e em cada vida.

E haverá também um tempo de silêncio, a cada vez que a cortina cair. Porque este tempo vos será necessário, para que avalieis o vosso desempenho e o seu resultado.

Não vos atemorizeis, portanto, quando o público, o coro e a orquestra silenciarem. Este será o vosso momento de recolhimento; o tempo de repouso, antes que tudo recomece.

Tende presente que cada um de vós é a estrela de seu próprio espetáculo. Não vos deixeis levar pelos apupos e pelas palmas da plateia; cuidai, apenas, de ouvir o vosso coração.

É ele que vos julgará, ao final de cada ato. E por isto não vos será dado esconder os vossos erros e os vossos acertos, no palco da Vida; porque não é aos outros que respondereis.

Mas ao vosso verdadeiro Eu.     

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A CANÇÃO DA GRATIDÃO



Obrigado, Senhor!

Pela luz do amanhecer, que me convida para o trabalho diário, e pela penumbra da noite, que me acolhe para o sono necessário e reparador, onde o meu corpo descansa.
  
Pelo corpo que me deste, veste sagrada que me acompanha nesta jornada e, se não é belo como eu desejaria, é a ferramenta perfeita para o aprendizado do meu verdadeiro Eu.

Pelo labor de cada dia, do qual provém o sustento honesto da minha família. Porque sou capaz de semear a terra e colher o trigo, moer os grãos e assar o meu próprio pão.

Por meus pais, que me trouxeram ao mundo; e por meus filhos, que me ajudam a entender o sentido da Vida. Porque um filho não é a continuação dos pais, mas uma outra vida. 

Pelas sensações de meu corpo e pelas emoções de minha alma. Porque apenas quando corpo e alma se completam, nos é dado experimentar a felicidade e a plenitude.

Pelos sonhos que acalento e pelas desilusões que amargo. Porque assim aprendi que sonhos são vésperas de desilusões e cada desilusão dura até que venha um novo sonho.


Pelas esperanças e pelos desenganos de cada dia. Porque, se as  esperanças embalam os voos da nossa alma, os desenganos nos mantêm os pés bem firmes no chão.

Por cada encontro que me traz alegria e cada despedida que me faz sofrer. Porque a alegria e o sofrimento são as sementes do aprendizado, no solo fértil do nosso coração.

Obrigado, Senhor!

Pela agitação inconsequente da criança, que nos faz sorrir com ternura, e pela sabedoria tranquila do idoso, que nos mostra o caminho certo nas encruzilhadas da vida.

Pela brisa fresca do entardecer, que me afaga docemente o rosto, e pelo vento inclemente, que me leva a procurar abrigo seguro, antes que sobre mim desabe a tempestade.

Pela dádiva do nascimento, que me concedeu a oportunidade de uma nova jornada; e pela certeza de que virá o descanso, quando já não me for possível seguir adiante.

Pela fé que me reconforta, com a certeza da Vossa presença; e pelas dúvidas que me assaltam, levando-me a buscar as respostas que apenas em mim mesmo posso encontrar.

Pelas palavras que se agitam em minha alma e pelo silêncio profundo que se faz em mim, para que eu possa ouvir a canção do Universo, que ressoa em todos os cantos.

E busco levar aos meus irmãos. 



Recomendo aos amigos o link: http://youtu.be/T4bPQznCjJ4
uma maravilhosa versão desta bela música. 

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