O RANCOR E O PERDÃO
Afastai o rancor de vossa alma.
Pois
ele a ninguém prejudica, senão a vós mesmos. E, além dos efeitos danosos que
pode causar à vossa saúde, é uma insensata tempestade, que agita e atormenta o
vosso verdadeiro Eu.
Nada
tendes a ganhar, em alimentar o rancor. Ao contrário, apenas perdereis a paz
interior; ele é como um verdadeiro tsunami, que vos arrebata a sensatez e a
tudo arrasta em seu caminho.
Alimentar
o rancor pode custar-vos amizades, amores e boas lembranças. Por um simples
momento de ira, um gesto ou uma palavra infeliz, de amigo de anos podeis tornar-vos
desafeto feroz.
E não
serieis sábios se, depois de todo o tempo e todo o trabalho que vos tomaram a
semeadura e o cultivo da amizade, permitísseis ao rancor transformar em amargor
a vossa colheita.
Evitai,
portanto, abrigar o rancor. Lembrai-vos de que, quase sempre, ele é filho do
orgulho e da soberba e traz consigo sua irmã favorita, a frustração. E é ela
que vos rouba a tranquilidade.
E faz
pior, porque vos tira a liberdade. Acorrenta-vos àquele que vos provoca o
rancor; e a vossa alma, que voava entre as estrelas, passa a arrastar-se na
poeira do desejo de vingança.
O rancor é um peso,
que oprime o vosso peito e vos rouba a alegria.
É como uma lápide fria e agourenta, que mantém sepultados em vosso peito sentimentos de tolerância e compreensão.
Não vos enganeis,
quanto a isto; nem gasteis com ele o vosso precioso tempo. Aquele que acolhe o
rancor, mergulha na escuridão do ódio e nada consegue acalentar, senão sonhos de
vingança.
Para o vosso próprio
bem, ensurdecei os vossos ouvidos à voz do rancor e para ele trancai as portas
do vosso ser. Escutai, sim, a canção harmoniosa do perdão, que vos devolverá a
paz e a luz.
O vosso coração é o
Jardim da Eternidade. Se nele podeis cultivar e colher as flores perfumadas e belas do amor e da amizade, por que cultivaríeis a erva daninha e rasteira do
rancor?
Lembrai-vos de que colhereis o
que plantardes. E, se assim é, por que não escolher as sementes que
perfumarão o ar ao vosso redor, e alegrarão os vossos olhos, por todo o tempo?
O rancor vos
escraviza, o perdão vos liberta. Não vos julgueis fracos, ao perdoar alguém
que vos tenha magoado; forte não é aquele que inicia uma guerra, mas o que a
faz chegar ao seu final.
Aprendei, pois, a
perdoar. Ao fazê-lo, não vos estareis humilhando, nem vos diminuiríeis perante
o ofensor. Antes, vos tornareis superiores a ele; e talvez o ensineis, também, a perdoar.
Pois o triunfo não
está na vingança, mas no perdão. Enquanto ela vos torna devedores, ele vos
iguala; não vos torna credores, mas vos faz livres, novamente. E vos
permite recomeçar.
Sem a pesada carga do
rancor.
Música:
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