O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A CANÇÃO DO UNIVERSO


Detende os vossos passos.

Esquecei, por instantes, a pressa que vos leva de um lado para o outro; observai o botão de rosa que se abre, a criança que sorri, ou a nuvem branca que desliza no céu azul.

Abandonai as preocupações do cotidiano, e quedai-vos a ouvir o marulhar das ondas que quebram docemente na areia da praia; olhai as espumas brancas que flutuam sobre o mar.

Ainda que seja apenas por um momento, assentai-vos às margens do regato cristalino; ouvi a música suave que canta para vossa alma e apreciai os peixinhos que nele nadam.  
    
Admirai o brilho das estrelas, que cintilam como diamantes sobre o veludo negro que é o céu da noite; ou deixai-vos encantar pelo cone prateado que o luar traça sobre as águas.

Como o lagarto deitado sobre a pedra, deixai-vos preguiçosamente envolver pelo calor abençoado do sol, que anuncia o nascer de um novo dia e desperta o mundo à vossa volta.

Vede a vida que se renova no ventre redondo da mulher que passa por vós; acompanhai, com ternura e sem pressa, os passos lentos do velhinho que caminha à vossa frente.

Deitai-vos com gratidão por vossa cama e vosso teto, em cada noite; e erguei-vos do leito, em cada dia, com alegria e esperança, por vos ter sido dada a graça de uma nova manhã.

Abençoai o alimento que vos retempera as forças e acaricia o vosso paladar; que haja, em vossos corações e em vossa alma, uma prece silenciosa e agradecida, a cada refeição.

Zelai por vossa saúde, como o fazeis por vossas casas. Lembrai-vos de que o vosso corpo é a ferramenta para que o vosso verdadeiro Eu aprenda as lições das quais necessita. 
  
Reconhecei a vossa pequenez e percebei a vossa grandeza; aceitai as vossas limitações e esforçai-vos sempre para superá-las, buscando fazer-vos melhores em cada dia.

Vivei intensamente as vossas emoções e os vossos sentimentos, que vos fazem valorizar a Vida e amadurecer, através do aprendizado, para que amanhã habiteis na Eternidade.

Detende-vos por algum tempo, em todos os dias, para atentar às pequenas coisas que vos cercam, pois são elas que vos podem ensinar as grandes lições das quais necessitais.

Aprendei a ouvir o vosso coração, porque é através dele que a Vida vos fala; e, se a ele atentardes, sereis capazes de ouvir a música que todo o tempo paira ao vosso redor.

A canção do Universo. 


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/carmen_cavallaro_melodia_imortal.mid

Inspirado pela bela imagem, que encontrei no blog da Vera Lúcia (http://nuvemdeestrelas.blogspot.com.br/)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A PERFEIÇÃO


Não deveis buscar a perfeição
.
Pois não a encontrareis, em vós ou nos outros. E o homem insensato, que acalenta um sonho impossível de realizar, nada mais faz do que cultivar a própria desilusão.

Ensina o ditado que a semeadura é livre, mas a colheita será obrigatória; assim, aquele que imagina alguém perfeito colherá, em um dia cruel, a decepção inevitável e dolorosa.

Deveis, sim, procurar tornar-vos melhores a cada dia. Porque, se olhardes à vossa volta, vereis que tudo caminha para a evolução; nada existe que seja hoje como era ontem.

Aceitai-vos como sois; este é o primeiro passo para que vos torneis melhores. Sede como o rio, que segue o seu leito, mas escava as suas margens, buscando o crescimento.

Aceitai-vos como sois; necessitais perceber que tendes defeitos, para que os possais corrigir. E, uma vez reconhecidas as vossas falhas, mais tolerantes sereis com as alheias.

Aceitai-vos como sois; deveis conhecer as vossas forças, as vossas fraquezas e os vossos objetivos, para que possais estabelecer o vosso curso e escolher os melhores caminhos.

De nada adianta à estrela pensar que sua luz ilumina todo o universo, ao rio acreditar que suas águas possam vencer a força do mar, ou ao orgulho julgar-se mais forte que o amor.

Cada homem tem os seus ideais, as suas crenças, os seus princípios e as suas capacidades. E eles vos impõem limites, que só com o tempo e o esforço podeis superar.

Aprendei esta lição. E não busqueis ser perfeitos; ou encontrar alguém que o seja, em vosso caminho. Melhorai e tornai melhores os que vos cercam, um pouco em cada dia.

Esta é a missão de quem caminha sobre a terra. E, se é verdade que a cada um cabe melhorar a si próprio, é também verdade que juntos mais facilmente o conseguireis.

Abandonai a busca da perfeição. Como o fruto não amadurece senão no tempo certo, o vosso verdadeiro Eu não estará pronto para ela, senão ao adquirir o Conhecimento.

Nenhum viajante atravessará o deserto, sem percorrê-lo passo a passo; e precisará estar abastecido, enchendo o seu cantil com a água que encontrar em cada oásis.

Detende-vos, para abastecer o vosso cantil com a água pura dos oásis de sabedoria que encontrardes, ao longo do caminho. É assim que atravessareis o deserto do aprendizado.

E chegareis ao Conhecimento. 


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_jean_claude_borelly_concierto_de_aranjuez.mid

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

OS VOSSOS ERROS


Não deveis lamentar os vossos erros.

Em verdade, eles constituem o vosso maior patrimônio. Porque, como os bens materiais vos compram conforto neste mundo, os vossos erros podem adquirir para vós um futuro melhor.

Necessitais, porém, saber utilizá-los. Assim como a fortuna, por maior que seja, nada trará de bom se não for sabiamente usada, também os erros de nada servem, se não trazem o aprendizado.

É, sem dúvida, verdade que “sobre o leite derramado não adianta chorar”. Entretanto, é igualmente verdade que o homem sábio adotará providências, para que o leite não volte a derramar.

Porque não podeis modificar o passado; e de nada vos adianta lastimar as causas, quando chegam as consequências. Mas é certo que está ao vosso alcance evitar que se repitam, no futuro.

Eu vos tenho dito que viveis somente no hoje; nada podeis fazer no ontem e nem no amanhã. Mas, se aproveitardes as lições do ontem, tornareis melhor o vosso hoje e o vosso amanhã.

Não lamenteis, portanto, os vossos erros. Mesmo porque aquele que vive mergulhado no remorso por suas ações de ontem, não percebe as opções de hoje e as oportunidades para o amanhã.

Aprendei, sim, com eles. Pois o homem insensato, que não aprende com a própria experiência, está condenado a repetir os seus erros e reviver muitas vezes o mesmo sofrimento.

Para diante, caminhais; para diante, voltai sempre os vossos olhos. Lembrai-vos, porém, de que os vossos erros podem ser como a luz que vem de vossas costas e ilumina o caminho à frente.

Não desprezeis os ensinamentos que os erros vos podem trazer; nem vos deixeis entristecer por havê-los cometido. Sois como a criança, que necessita cair para aprender a andar.

Tende presente, todavia, que embora a criança não se deixe amedrontar pelas quedas, tampouco as comemora; chora a cada uma delas. Sofrei por vossos erros, pois só assim aprendereis.

Esquecei-os, entretanto, tão logo passe a dor que vos causaram. Conservai apenas, em vossa memória, as lembranças de como os cometestes e quanto vos doeram, para que de futuro os eviteis.

Porque o anzol que ontem, a um movimento descuidado, vos feriu os dedos, é o mesmo que hoje vos ajuda a apanhar os peixes que amanhã vos servirão de alimento e saciarão a vossa fome.

Chorai os vossos erros; mas não gasteis em lamentá-los o tempo que podeis aproveitar em aprender. Os erros são como as pedras, que vos magoam os pés, mas pavimentam o vosso caminho.

E vos conduzem ao aprendizado. 


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/andrerieu-bolero.mid 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

A VOSSA SOLIDÃO


Aprendei a viver com a vossa solidão.

Porque, ainda que ameis e sejais amados, a solidão continuará em vós; assim, eu vos tenho dito. E assim acontece, porque ninguém conhece os vossos sentimentos e as vossas razões.

Por isto, ninguém vos pode entender como vos entendeis. E não deveis lançar, sobre os ombros dos que vos amam, a obrigação de vos entender e aceitar, se nem vós mesmos o fazeis sempre.

Acostumai-vos à solidão, portanto. E, mesmo quando estiverdes felizes com os vossos amores, sabei que ela vos aguarda na próxima esquina; na próxima briga, na próxima separação.

Ainda quando a companhia dorme em vosso leito, a solidão vos espreita nas horas mortas da noite, no silêncio de vosso quarto, na inquietude das vossas dúvidas e dos vossos pesares.

Ainda quando as pessoas vos cercam e abraçam, quando chamam o vosso nome e agradecem a vossa presença, a solidão vos espera ao fim das festas, no momento do vosso retorno.

Por mais intensos que sejam os vossos orgasmos, mais profundos os vossos momentos de ternura, mais sinceras e apaixonadas as juras de amor que dizeis e escutais, a solidão vos aguarda.

Por mais que vos vejais refletidos em vossos pais, em vossos irmãos, em vossos amigos, em vossos amores, em vossos filhos e em vossos netos, a solidão virá decerto ao vosso encontro.  

A solidão faz parte de vós. E mesmo quando a felicidade vos acena, quando a esperança vos anima, quando a amizade se mostra presente, a solidão escondida espera o seu momento.

Porque sois como pássaros inquietos, que voam em bandos, mas à noite se recolhem ao isolamento de seus ninhos, até que o sol da manhã os aqueça e faça voar novamente juntos.

Sós, chegais a este mundo. Mesmo quando nascem gêmeos, cada um vê a luz por sua vez. E sós, também, o deixareis; é em vossos olhos que a luz se apaga, quando chega a vossa hora.

Abandonai a ilusão da companhia. Nos palcos da vida, cada um de vós é um artista, que desempenha o seu papel; e por mais estrondosos que sejam os aplausos, um dia a cortina cairá.

E nada existe de mais triste que a realidade da solidão, para aquele que se deixou levar pelo sonho da companhia. Triste não é o silêncio dos bastidores; são as poltronas vazias no teatro.

Acostumai-vos à solidão. E sabei que ela não é vossa inimiga, mas a vossa condição natural; vede que até mesmo entre os astros precisa existir a distância, para que exista o universo.

É assim que é. Gravitais em torno daqueles que vos cercam, mas cada um tem a sua órbita própria; e não sois como linhas que se sobrepõem, mas como retas que se tocam em poucos momentos.

A solidão faz parte de vós. É ela que vos acompanha em todos os momentos, que vos acolhe quando lambeis as vossas feridas; é ela que vos receberá, quando se encerrar o espetáculo.

Nela descansareis, até a próxima sessão.


Música:

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