O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

A GRAMA E O CAMINHO

 


A grama não é mais verde de nenhum lado da cerca.

Se assim às vezes nos parece, isto se deve apenas à distância, que nos separa do outro lado e não nos deixa ver as imperfeições existentes no gramado, tão belo quando visto ao longe.

Assim como o céu, que do solo vemos vestido em azul e de perto se mostra como o imenso vazio que realmente é, acontece com a vida dos outros, que nunca é como pensamos.

Porque – e lembro-me de isto já vos haver dito – nenhuma das nossas caminhadas sobre a Terra nos conduzirá à felicidade; todas elas nos levarão, tão somente, ao aprendizado.

Este, sim, pode algum dia fazer-nos felizes. Mas, quando isto acontecer, já não andaremos por estes caminhos; passearemos entre os Jardins do Amanhã, na Mansão da Eternidade.

Pois este mundo, onde vivemos, não é o da felicidade; mas o do estudo e da expiação. E, se nos é dado viver alguns momentos felizes, é para renovar as nossas forças na jornada.

Bem-aventurados, entre nós, aqueles a quem a Felicidade mostra o seu rosto, ainda que por breves instantes. Porque o brilho dos seus olhos iluminará o caminho que percorrerão.

Não nos ocupemos com a grama do vizinho; cuidemos, antes, de zelar pela nossa grama. É nela, que pisarão os nossos pés; é nela que andaremos, durante a nossa caminhada.

De nada nos adianta desejar algo que não nos pertence; e menos, ainda, abrigar a frustração pelas flores que vemos no jardim do vizinho. Devemos plantar as nossas próprias flores.

Porque, embora tudo comece com um sonho, não se realiza senão com o trabalho. O sonho é como a semente, que precisa ser plantada e cuidada, quer venha ou não a colheita.

Cuidemos, pois, de lançar as nossas sementes. E lembrar que precisamos estar atentos hoje, se desejamos uma boa safra amanhã. Porque é no dia-a-dia que plantamos o nosso futuro.

Vivamos, intensamente, cada um dos nossos momentos. Se não nos é dado saber quando a Felicidade nos mostrará o seu rosto, sempre devemos estar prontos para acolhê-la em nós.

Ou correremos o risco de jamais chegar a conhecê-la. Porque é difícil encontrar a felicidade, quando as sombras do medo e da frustração enevoam os olhos do nosso verdadeiro Eu.

Dediquemo-nos a seguir o nosso caminho. Procuremos fazê-lo com o coração leve, alijando de nós todos os sentimentos negativos; aqueles que nos tolhem e agrilhoam os nossos pés.

Pois é assim que mais verde nos parecerá a nossa grama.

Música:

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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

AS MÃOS VAZIAS


 

Lamentai-vos, às vezes, dizendo que tendes as mãos vazias.

Deixai-me lembrar-vos, entretanto, que ao final da jornada todos vós tereis as mãos vazias. Porque nada levareis, do que possais ter amealhado durante a vossa caminhada sobre a Terra.

Bens, pessoas ou coisas; tudo que aqui encontrastes, aqui ficará. Nada levareis, na Grande Viagem, senão as lembranças, boas ou más; e o aprendizado que elas vos hajam proporcionado.

Não vos preocupeis, pois, com o que tendes nas mãos; aqui o deixaríeis, de toda sorte. Cuidai, antes, de observar a bagagem que carregais em vossa alma; e sabereis se valeu a vida.

Recordai os vossos momentos felizes, e também os tristes. Revivei as alegrias e os sofrimentos que vivestes; assim, fareis o balanço da vossa jornada. E avaliareis o resultado final.

Antes de prantear um amor que se foi, lembrai-vos dos momentos felizes que ele vos trouxe; assim, o vereis por outro prisma. Não lamentareis as mãos vazias, mas festejareis o coração pleno.

Aqui não estais para encher as vossas mãos; ou, mesmo, os vossos alforjes. Esta não é uma jornada de conquistas, mas de aprendizado e crescimento; estes, sim, serão os vossos lucros.

Não podereis levar os vossos amores; mas tereis as lembranças dos momentos que vos fizeram viver. Nem levareis os vossos filhos, mas sim a felicidade de saber que bem os educastes.

Menos, ainda, podereis levar os vossos pais; mas ninguém poderá roubar-vos as recordações da convivência com eles. Deixareis os vossos amigos, mas levareis o calor da amizade.

Antes de lastimar o vazio das mãos, atentai para a bagagem que preenche a vossa alma; assim, vereis que não foi em vão a vossa caminhada. Que não foi desperdiçado o vosso tempo.

Pois, se o vosso corpo caminha apenas sobre a Terra, o vosso verdadeiro Eu habita na Mansão do Amanhã e passeia nos Jardins da Eternidade; um dia, todos vós retornareis a eles.

A nada necessitais carregar, em vossas mãos; assim como o pássaro, tampouco, precisa armazenar a comida. A cada dia que se passa, o Coração do Universo provê às suas necessidades.

E assim, também, o faz convosco; sois os Seus filhos diletos. Confiai n’Ele, que vos acompanha e protege todo o tempo. Se assim fizerdes, vereis que nenhum de vós tem as mãos vazias.

Talvez até assim vos possa parecer, quanto ao que cobiçais na Terra. Mas deixai que vos repita a pergunta: de que vos adiantaria ter as mãos repletas de tudo que aqui deixareis, um dia?

O importante é o que levareis em vossa alma.

Música:

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sexta-feira, 15 de outubro de 2021

AS VOSSAS CULPAS


Livrai-vos das vossas culpas.

Pois não podeis voltar no tempo, para consertar os erros que cometestes. E erros e acertos são constantes, nos caminhos de todos; porque é assim que construís, dia a dia, o vosso aprendizado.

De nada vos adianta amargurar-vos pelo que passou. E, embora alguns vos digam que o remorso vos liberta, através da expiação, eu vos asseguro que ele apenas vos prende ao passado.

Pois o fel não se torna menos amargo, de cada vez que o provais. E aquele que se mantém preso à culpa de ontem, não se sente digno de ser feliz no hoje; nem de construir um amanhã melhor.

Abandonai, portanto, no passado, o que quer que no passado tenhais feito. Assim vos sentireis livres para caminhar rumo a um novo destino e saudar com alegria e paz o sol do novo dia.

Eu vos tenho dito que não deveis abrigar o conceito de pecado. Porque nada do que façais pode ofender ao Coração do Universo, cuja força e poder não sois capazes, sequer, de imaginar.

Ora: se não existe o pecado, não há porque existir a culpa; e muito menos o castigo. Em verdade, os erros que cometeis prejudicam apenas a vós mesmos, atrasando os vossos passos.

E, por outro lado, vos são necessários; porque é através dos erros que todos aqueles que caminham sobre a Terra chegam aos acertos. Das lágrimas de hoje, veem os sorrisos de amanhã.

Alijai, pois, de vossos ombros as mochilas em que carregais as vossas culpas; elas são as pedras mais pesadas que podem existir. E precisais sentir-vos livres, para serdes capazes de voar.

Aprendei, sim, com os vossos erros. Contudo, tende sempre presente que o arrependimento é uma ferramenta de aprendizado; não o transformeis em grilhões, que prendam os vossos pés.

Porque apenas cada homem é capaz de aprisionar a sua própria alma. E as culpas que acalentais em vossa consciência são as únicas cadeias que podem limitar o vosso verdadeiro Eu.

É no passado, que estão os vossos erros; deixai lá, também, as vossas culpas. Levai, sim, em vossa bagagem, a lembrança do aprendizado; porque assim não repetireis os mesmos erros.

Carregar a culpa não vos torna melhores; só vos condena a reviver o sofrimento. E ninguém existe cuja alma possa sorrir, enquanto nela se perpetuam lágrimas pelo que já não mais existe.

Abandonai de vez as vossas culpas; não vos ocupeis em cobrar-vos, pelo que já se foi. O que passou, passou; importa o que virá. Arrebentai essas correntes, que vos prendem ao passado.

E sereis livres, para viver o presente e construir o futuro.

Música:
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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

AS JORNADAS PASSADAS

 


Julgais, acaso, que alguém possa avaliar a dor de outrem?

Sabei, então, que isso jamais acontecerá. Ninguém pode imaginar a dor ou a alegria de outra pessoa, ainda que tenha passado pelas mesmas circunstâncias e as retenha na memória.

Porque cada um de vós é um universo diferente; e tem um jeito próprio de ver e sentir. Sois como as folhas de uma árvore; embora semelhantes, não existem duas pessoas iguais.

E, se assim acontece aos vossos corpos, o mesmo ocorre com vossas almas. Ainda que nelas resida a mesma centelha do Universo, cada uma reage de acordo com o que sente.

Não espereis, portanto, que alguém possa entender o que se passa em vós. Pode, talvez, ser-vos solidário e oferecer-vos conforto; mas jamais alguém sentirá o que sentis.

Porque não sois páginas em branco, mas espíritos diferentes, com caminhadas diferentes. E, como as plantas dependem do solo onde crescem, sois moldados por vossas experiências.

Sim; ainda que não recordeis as jornadas passadas, é o aprendizado nelas recolhido que vos torna o que sois. E o que aprendeis na atual a ele se juntará, moldando o vosso futuro.

Esta é a razão de temores, de angústias e de traumas que não conseguis explicar. E também a causa de recordações; de tristezas e alegrias que vos acodem, sem motivo aparente.

Esta é a razão de muitas das vossas simpatias e antipatias; de afinidades e incompatibilidades instantâneas; de lugares onde nunca estivestes vos parecerem familiares.

Nas jornadas passadas, está a explicação de muitas das coisas que hoje não entendeis. Porque o viajante muda de trajes, mas nele permanecem as memórias do caminho.

Não vos deveis preocupar com isto, entretanto. Porque dia virá em que também esta jornada será finda; e as vossas alegrias e tristezas de agora estarão igualmente no passado.

Recordai, porém, esta verdade, quando vos sentirdes tentados a julgar alguém: não podeis entender as razões de outrem, como a ninguém é dado entender as vossas motivações, .

Praticai, portanto, a tolerância. Esta, nada mais é do que a arte de compreender que cada pessoa tem uma forma própria de reagir, que depende das experiências que viveu.

Sede tolerantes; e mais fácil se tornará o vosso viver. Ainda que não aprendais a perdoar, ao menos não tereis o ônus do rancor, se entenderdes que cada um tem um jeito de ser.

E este jeito depende de suas jornadas passadas.

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sexta-feira, 1 de outubro de 2021

CRÔNICA DAS TARDES DE SÁBADO

 

Parabéns, mamãe!

Hoje, você completaria um século de caminhada sobre a Terra. Entretanto, completamos quase dois anos sentindo a sua partida do nosso convívio, chamada que foi à Grande Viagem.

Eu gostaria que você estivesse aqui. Porém, embora já não possa mais abraçá-la ou cantar com você, a verdade é que sinto a sua presença ao meu lado, em muitos momentos da vida.

Sinto os seus braços ao meu redor, o seu beijo em meu rosto; ouço a sua voz em meus ouvidos. Estendo a mão para o ar, e é como se acariciasse os seus cabelos brancos e macios.

E é nos momentos em que preciso, que mais sinto essa presença carinhosa e amiga, que você sempre foi. É quando me sinto mais perdido ou temeroso, que me vejo em seu colo.

Obrigado também por isso, mamãe. Por esse amor tão grande, que vence o tempo e a morte; que continua em meu coração e, de uma forma que não sei explicar, me dói e consola.

Com a sua ausência, aprendi que a saudade que magoa também reconforta. Existe uma doçura oculta na saudade, que nos serve o fel da ausência mesclado ao mel das lembranças.

E, embora não possa evitar o fel, eu confesso que escolho sempre o mel. Prefiro lembrar de você sorrindo, cantando, pintando ou se aventurando, confusa, no mundo novo da internet.

Prefiro lembrar das nossas tardes de sábado. São memórias mais recentes, frescas ainda em minha lembrança e plenas de você; das horas conversando e ouvindo as suas histórias.

O meu coração lhe agradece, por tudo que você fez por mim; pelo que me ensinou, pelos anos em que me protegeu e apoiou. Mas o que mais guardo são os nossos últimos tempos. 

Talvez por serem mais recentes; talvez porque a idade já me houvesse ensinado um pouco da vida e do valor que tem o amor, essas tardes são as minhas recordações mais vívidas.

E sou grato ao Coração do Universo, porque as tivemos. Nos últimos dias da sua caminhada, pudemos retribuir um pouco do carinho e do amor que você nos deu todo o tempo.

Você continua viva em nós, mamãe! E continuará, enquanto aqui estivermos. Mais do que uma lembrança, você é uma presença em nossa alma; a certeza de que o amor existe.

Obrigado por tudo! E receba, hoje e sempre, o nosso presente: esta saudade infinita, amarga e doce, embrulhada na felicidade de ser seu filho. O amor e a nostalgia, que me invadem.

Quando penso em nossas tardes de sábado.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/EmiliePandolfi_SpeakSoftlyLove.mid

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95 anos: um dos últimos aniversários que tivemos com ela. 

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