MOMENTOS ASSIM
Em que lágrimas assomarão aos vossos olhos, sem que vos deis conta dos motivos. Em que a solidão abrirá as suas asas sobre vós e nem a presença dos entes queridos a fará partir.
Em que uma música, um rosto,
um aceno, um perfume, uma roupa, um filme, um idoso que caminha devagar, ou uma
criança que corre, fará despertar em vós uma nostalgia vaga e imprecisa.
Em que experimentareis uma
saudade imensa e doce de pessoas, coisas e lugares que podeis ou não ter conhecido; de
instantes que vivestes e outros que apenas sonhastes em viver.
É quando vos encanta a beleza
do arco-íris, que enfeita o horizonte; quando percebeis a vibração de esperança
que traz o raiar do dia, ou a paz do crepúsculo que desce sobre o mundo.
É quando vos perdeis,
contemplando as estrelas que brilham no céu noturno; quando caminhais à
beira-mar, ouvindo o ruído das ondas e imaginando os lugares que além dele se
ocultam.
É quando vos enternece o botão
que se torna a rosa; quando vos maravilham a vida que se avoluma no ventre gestante
e as cores da borboleta que voa entre as flores do jardim, à luz do sol.
Sim; sempre existirão momentos
assim.
Em que os pensamentos se
confundem em vossa mente e os sentimentos se agitam em vosso coração. Em que
esqueceis as respostas que encontrastes, em meio às perguntas que surgem.
É quando velhas certezas se
diluem em novas dúvidas; quando a inquietude da mudança ocupa o lugar onde habitava o
sossego da rotina e a lógica cede espaço à atração do imprevisto.
É nestes momentos, que as
crenças se alteram; a incredulidade vacila ante o misticismo e os sonhos
enterrados ao longo do caminho voltam a fazer tilintar os sinos sonoros da
esperança.
É quando aqueles que vos
deixaram retornam, em vossas lembranças. Quando a saudade é o vazio e o próprio
reconforto; quando a ausência é tão forte, que quase se torna presença.
São momentos em que sorris por
entre lágrimas, ou chorais entre sorrisos. Em que tristeza e alegria, confiança
e desamparo, companhia e solidão, se mesclam e se completam em vossa alma.
Sempre existirão momentos
assim. Em que vos sentireis plenos e cheios de lacunas; em que duvidareis de
tudo que jugáveis saber, e ao mesmo tempo percebereis confusamente o sentido da
vida.
Sempre existirão momentos
assim. Em que vos sentireis distantes do mundo, livres das vossas cadeias, das
vossas convenções e dos vossos dogmas. Em que estareis próximos do
Universo.
Do vosso verdadeiro Eu.
Música: