O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

ILHAS NO TEMPO



A vida é feita de momentos.
E deveis viver cada um dos vossos momentos. Porque nenhum deles retornará e nada vos restará senão o arrependimento, se deles não souberdes desfrutar.
O beijo de ontem não se repetirá amanhã; como a rosa que ontem se abriu, ainda que conserve o seu aroma e a sua beleza, jamais voltará a ser o mesmo botão.
Desfrutai, portanto, de cada uma das vossas alegrias; ou das vossas tristezas. Saboreai-a gota a gota, como faríeis ao mais delicado dos vinhos, em homenagem ao seu sabor.
Porque é na alegria e na tristeza, que mais intensamente se faz ouvir em vós a canção do Universo. Que vos sentis mais vivos e melhor escutais a voz do vosso verdadeiro Eu.
Esta é a verdade. E por isto existem momentos que se cristalizam em vossa memória; e se tornam como ilhas no tempo, às quais retornais sempre, através das vossas lembranças.
Às vezes, uma simples troca de olhares; um beijo roubado, um roçar de mãos. Um sorriso, uma música, um anoitecer junto ao mar, a carícia de uma brisa amena nos cabelos.
Em outras uma noite de insônia; a sensação de solidão, uma decisão errada, uma oportunidade não aproveitada. Uma carícia que não se fez, uma palavra que devia ter sido dita.
Pode ser um encontro ou uma despedida, um nascimento ou uma morte, uma conquista ou uma perda, um fracasso ou um sucesso, uma desilusão ou o início de um novo sonho.
Certo é que todos tendes as vossas ilhas no tempo. E, ainda que as tenteis compartilhar, não o conseguireis; porque o seu significado é muito próprio, para cada um de vós.
E ninguém existe que possa transferir a outrem as suas emoções, os seus pensamentos ou as suas lembranças. Por isto, apenas cada um de vós pode habitar as suas próprias ilhas.
Deveis mantê-las, sempre. Pois é a elas que retornareis, quando o presente vos esmagar com o peso da realidade, para que aos vossos corações volte a esperança no futuro.
Cuidai, porém, para que não vos absorvam em demasia. É no presente que viveis e cada dia vos traz a oportunidade de um novo momento, que se pode tornar uma nova ilha.
Não vos isoleis, portanto. Porque aquele que se perde no passado, perde também o presente e com ele a possibilidade de construir um novo futuro. De viver novos momentos.
E, afinal, a Vida é feita de momentos.    

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

AS VOSSAS CONTRADIÇÕES

Por que, simplesmente, não viveis?
Por que necessitais da ideia de recompensas e castigos, de medos e incertezas, de inseguranças e frustrações? Por que vos escravizais ao futuro, e não viveis o presente?
Eu me tenho dedicado a escutar as vossas vozes; e nas vossas perguntas, busco as minhas próprias respostas. Porque ninguém conhecerá a si mesmo, sem conhecer os seus irmãos. 
Vezes existem, entretanto, em que não vos entendo. Pois vejo que vos perdeis nas vossas contradições; que girais em círculos ao vosso redor e assim vos afastais de vós mesmos.
Tanto vos fazeis perguntas, que não vos sobra tempo para perceber que no vosso verdadeiro Eu estão as respostas; tanto quereis desfrutar da vida, que deixais de viver.
Desejais a água límpida e poluis a nascente; cantais o amor e temeis a entrega; proclamais a vossa fé e não sois capazes de confiar ao Universo os vossos destinos.
Elogiais a caridade e praticais o egoísmo; clamais pela paz e cantai hinos de guerra; pregais a tolerância e aferrai-vos aos preconceitos; plantai lágrimas e desejais colher sorrisos.
Enalteceis o perdão e deleitai-vos com a vingança; exibis as vossas posses e escondeis os vossos sentimentos; a solidão vos apavora, mas a companhia vos inibe e entedia.
Glorificais as doçuras do amor e entregai-vos ao sexo pelo sexo; cultuais os vossos corpos e esqueceis as vossas almas; apavorai-vos à ideia da morte, mas não cuidais de viver a vida.
Ide a vossos templos e repetis orações decoradas, quando é em vossos corações que podeis encontrar o Coração do Universo; e com as vossas palavras, que Lhe deveis falar.
Cuidais, acaso, que o Pai não esteja em seus filhos, senão quando estes o glorificam? Que não conheça as suas necessidades, não escute e não atenda os seus pedidos?
Sim; por vezes, não entendo as vossas contradições. E, todavia, eis que as percebo também em mim; porque a dúvida faz parte do aprendizado e é a sua verdadeira razão de ser.
O caminho, que tantos imprevistos oferece ao viajante, já não guarda segredos para o homem que concluiu a jornada; nem o frio da noite assusta a quem conhece o calor do sol.
Caminhemos, portanto. E que as contradições nos tragam novas perguntas, para que delas possam surgir novas respostas. É assim que um dia encontraremos o sentido da Vida.
E aprenderemos a viver.       

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A CELEBRAÇÃO DA VIDA



É preciso celebrar a Vida.

No pássaro que canta, ou na manhã que nasce. Na flor que desabrocha e se oferece ao sol; na criança que vive as suas esperanças e no idoso que revive as boas lembranças.
É preciso celebrar a Vida, que agita o coração do amante; que vibra docemente na canção da brisa ao afagar os coqueiros, que baila em cada suspiro enamorado.
É preciso celebrar a Vida, que habita na carícia ingênua das mãos que se encontram, que navega nas salivas que se misturam, que faz vibrar os corpos que se possuem.
É em vós que existe a Vida. E ao vosso redor; na natureza que vos cerca, no Universo que vos envolve, na semente que repousa no solo, nos sonhos que acalentais. 
Em tudo, existe a Vida. E não é sábio o homem que não acredita na Eternidade; se tudo que vos cerca se renova, por que não se renovaria o vosso verdadeiro Eu?
Abandonai, portanto, as vossas angústias. Cuidai, sim, de desfrutar cada nascer do sol e cada cair da noite; de aproveitar os vossos dias de vida e as vossas noites de sono.
Este é o melhor caminho: celebrai a Vida, a todo momento, e livres estareis de temer a morte. Porque não vos é dado prever o futuro, mas decerto vos cabe viver o presente.
Embriagai-vos, portanto, com o cheiro gostoso da terra molhada; abandonai-vos à carícia do vento em vossos rostos, deixai que vos encante a inocência do bebê que vos sorri.
Amai os vossos amores. Entregai-vos ao oceano tempestuoso da paixão, navegai na cristalina lagoa da ternura; desfraldai as vossas velas, para que as possa enfunar o Amor.
Abandonai os vossos medos e encontrareis a coragem de que necessitais para realizar os vossos sonhos. Afugentai de vós os preconceitos e descobrireis a paz da compreensão.
Estai atentos ao chamado da felicidade, que todos os dias bate à vossa porta. Vivei cada momento como se fosse o último; porque um deles, e não sabeis qual, de fato o será.
Preocupa-vos, sim, com o plantio; é dele que vos virá a colheita. Lançai, entretanto, as vossas sementes com a alegria de quem planta e não com a angústia de quem ambiciona.
E, nas vezes em que vos for necessário regá-las com as vossas lágrimas, recordai que delas virão também os vossos sorrisos. Assim,  aprendereis a celebrar a Vida.

Que vos acompanha pela Eternidade. 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

AS LEMBRANÇAS E A SAUDADE



Dia virá em que partirei. Assim acontece a todos.

E espero estar entre vossas recordações. Porque não terá valido a jornada, para o homem cujos passos não fiquem ao menos marcados nos caminhos por onde andou. 
Não deixeis, entretanto, que as lembranças se tornem grilhões em nossos pés. Fazei delas, antes, as asas que me sustentarão durante o voo que me levará  ao Coração do Universo.
Porque as lágrimas de tristeza têm o peso do chumbo, enquanto o sorriso de alegria é leve como o pólen que flutua ao sabor da brisa, no céu azul da manhã.
E não é a tristeza da partida que devemos recordar, mas a alegria da chegada; nem a amarga frustração da ausência, mas as doces emoções da presença.
Como a lua não mergulha no horizonte antes que sobrevenha o nascer do sol, ninguém abandona cada etapa da jornada antes de percorrido o trajeto que lhe cabe.
Não lastimeis por mim, portanto. Se de volta fui chamado, concluída está decerto a minha missão; outros caminhos me aguardam e o aprendizado prossegue.
Não deploreis a minha ausência. Estarei convosco, em tudo que juntos partilhamos; nos nossos encontros, nas nossas conversas, nas alegrias e tristezas que dividimos.
Haverá um pouco do meu abraço em cada raio de sol que vos aqueça; e uma carícia suave de minha mão em cada sopro de brisa que afague os vossos cabelos.
Perdoai-me, se nem sempre fui correto convosco. Lembrai-vos, todavia, que a imperfeição é a marca do homem, mas perfeito sempre foi o meu amor por vós.
Não glorifiqueis a minha lembrança, tampouco. Porque fui apenas mais um a caminhar sobre a Terra e nenhum mérito me cabe, além de muito vos ter amado.              
Eis que sempre fui um sonhador; isto foi, ao mesmo tempo, meu maior defeito e minha maior qualidade. Pois o que vos poderia dar, senão os meus sonhos?  
Foi nos meus sonhos que viajamos juntos, quando o mundo nos sufocava com as suas realidades; e foram os vossos sonhos que fizeram nascer os meus.
Não vos preocupeis com o meu corpo inerte. Como não vos preocuparia o traje que eu despisse, mas a necessidade de aquecer-me, para poupar-me ao desconforto do  frio.
Aquecei-me com vosso carinho e vossa saudade. Não a saudade amarga, que vos faria sofrer; mas a saudade doce, que em si mesma encontra conforto.
Para que eu possa continuar em vós. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A SEARA E O NOVO ANO



Mais uma vez, renovam-se as vossas esperanças.

Porque vos encontrais no limiar de um novo ano. E, como o agricultor prestes a lançar ao solo um novo lote de sementes, desejais uma colheita mais produtiva do que vos foi a anterior.

Em verdade, o manto do futuro não abriga apenas plumas macias de alegrias; oculta, igualmente, o gume aguçado de tristezas. Decerto, havereis de sorrir e chorar no novo ano.

Como também para o agricultor a semeadura não garante a colheita. Dos ventos e do solo, do sol e das chuvas, dos insetos e das forças da Natureza, dependerá a safra que virá a ter.
Comemorai, porém, o ano que nasce; como o semeador comemora a nova seara. Assim deveis proceder; porque o homem de nada será capaz, quando não o animar a esperança.

Fazei retinir, portanto, as vossas taças. Abraçai-vos, beijai-vos, confraternizai e desejai-vos felicidade uns aos outros; sinceramente, como deveríeis fazer em todos os dias.
Sorvei, no líquido borbulhante do champanhe, o esquecimento das contrariedades passadas e a deliciosa esperança da felicidade intensa que, almejais, vos trará o novo ano.

Desfrutai, por maravilhosos instantes, da ilusão de que este será um ano perfeito, em um mundo perfeito, onde apenas a alegria, a saúde e o sucesso andarão ao vosso lado.

Acreditai, ainda que apenas enquanto soam as badaladas da meia-noite, que a paz possa derrubar todas as fronteiras; criar uma nação única, sem fome, sem intolerância e sem ódio.
Cantai as vossas esperanças. Para que, ainda que por apenas um momento, as fadas possam abrir as suas asas, unicórnios corram ao luar, sereias brinquem entre as ondas do mar.

Acreditai, sim; com todas as vossas forças. Para que os amores sejam eternos, o medo e a desconfiança se tornem sem sentido, a mentira sem razão de ser, a solidão uma lembrança distante.
Acreditai que podeis dar-vos as mãos, conviver com as vossas diferenças, amparar os vossos passos, vencer o vosso egoísmo e o vosso orgulho, ver um irmão em cada um de vós.

Sede como o agricultor, que não apenas semeia, mas cuida por todo o tempo da sua plantação. Porque, para que se realizem os vossos sonhos, não bastam os vossos desejos.

É necessário cultivar o melhor de vós.  

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

AOS NOSSOS AMIGOS

Em 22/10/2013 submeti-me à cirurgia de retirada da tireoide. Detectado um câncer, voltei a internar-me, em 26/12/2013, para aplicação terapêutica de iodo radioativo e apenas em 28/12, depois de 66 dias, pude iniciar a necessária reposição do hormônio T4.

Alguns, que conheçam o processo e as consequências da falta do hormônio, bem podem avaliar as dificuldades deste período. Esta foi a razão pela qual não tivemos o post da sexta-feira passada e não pude ainda retribuir o abraço dos amigos.
A todos agradeço de coração e prometo que, na medida do possível, logo o nosso oásis estará de novo em plena atividade. Nesta sexta, se assim nos permitir o Universo, estaremos de volta.

Que 2014 seja melhor, para todos nós!   

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