O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

CORPO E ALMA


Estamos sujeitos, sim, às limitações do corpo.

Entretanto, se precisamos caminhar sobre a terra, nossa alma é livre; e pode voar entre as nuvens e as estrelas. Se o corpo envelhece e morre, a alma não tem idade e vive para sempre.

Porque o corpo precisa habitar no hoje, mas a alma passeia pelas lembranças do ontem e sonha com os jardins do amanhã. E, se o corpo nos traz sensações, a alma é a fonte da esperança.

Sim; é apenas para o corpo, que existem as restrições do tempo e do espaço. A nossa alma não conhece limites, porque nela reside a centelha da Vida; a essência do Coração do Universo.

Enquanto caminhamos sobre a terra, é normal que nos inquietemos com as necessidades e os desejos do corpo; afinal, essas necessidades e esses desejos fazem parte do nosso aprendizado.

Nunca, entretanto, devemos permitir que ensombreçam a nossa alma. Porque o corpo está sujeito ao tempo; e, de uma forma ou de outra, o tempo trará soluções para os problemas do corpo.

Ainda que não nos agradem essas soluções, elas fatalmente virão; e nada nos restará a fazer, senão aceitá-las. Ao peixe não cabe contrariar as correntes; apenas aprender a nadar por elas.

Não é sensato, porém, submeter a alma às aflições do corpo. Porque a este aqui deixamos, depois de cada jornada; mas o nosso verdadeiro Eu vai em frente, e segue os caminhos da Eternidade.

Aprendamos a aceitar as limitações do corpo; e busquemos, da melhor maneira, resolver os problemas que surgem neste mundo. Mas lembremos que este não deve ser o nosso maior cuidado.

O que mais precisamos é preservar a nossa alma. Porque é através dela que podemos sentir a Vida; que conhecemos sentimentos e emoções. Porque a alma é a nossa ponte para o Infinito. 

Alma e corpo: eis o que somos, enquanto caminhamos neste mundo. E esta dualidade, que nos permite aprender as lições de que precisamos, é exatamente o que dificulta o nosso aprendizado.

Assim precisa ser, entretanto; não podemos esquecer que as lições mais duras são aquelas que não mais esquecemos. Somos felizes nos sorrisos, mas é com as lágrimas que aprendemos. 

E, eu vos tenho dito, o aprendizado é a razão das nossas jornadas sobre a Terra; quando o tivermos completado, poderemos voar entre os planetas e conheceremos o Coração do Universo.

Aceitemos, portanto, a ditadura do tempo e as limitações do corpo; mas não nos angustiemos demais com os seus problemas. Precisamos lembrar, sempre, de manter a paz em nossa alma.

Ela é o nosso verdadeiro Eu.

Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/canto_gregoriano_all_by_myself (1).mid


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sexta-feira, 20 de agosto de 2021

VOLTAR NO TEMPO



Às vezes, penso que gostaria de voltar no tempo.

Assim, talvez eu pudesse consertar os erros que cometi no passado; evitar alguns caminhos que tomei e hoje, acredito, não tomaria. Caminhos que acabaram por me levar a mágoas e sofrimentos.

Aí, penso: se voltasse, será que não tomaria os mesmos caminhos? Porque tudo que hoje sei aprendi com os anos, em todos os caminhos por onde andei; sem eles, eu não seria como sou.

Este é o dilema da vida: enquanto jovens, não temos a sabedoria necessária para escolher o melhor caminho; só a adquirimos depois que já percorremos uma boa parte dos nossos caminhos.

Pois a recolhemos a cada passo. Em cada sorriso, em cada lágrima; em cada consequência, boa ou ruim, de cada uma das nossas escolhas. O que sabemos é o resultado do que vivemos.

Sim; devemos, a cada caminho que escolhemos, as lágrimas que nele derramamos e os sorrisos que sorrimos, durante a jornada. E é justo que assim seja, porque foram nossas as escolhas.

Não devemos apenas lamentar o que sofremos; é justo que também agradeçamos, por todas as alegrias que tivemos. Tristezas e alegrias são frutos que colhemos ao longo do nosso caminho.

Pensemos nisto, quando nos vier a vontade de retornar no tempo. Porque esse retorno não significaria apenas evitar instantes ruins; também implicaria em renunciar aos bons momentos.

E, egoístas que somos, não estamos prontos para abdicar de nossas alegrias. Pois a verdade é que a porta por onde nos visita a tristeza é a mesma por onde vem a alegria: o coração.

Nada nos cabe fazer, portanto, senão desfrutar dos momentos alegres. E, se agradecemos por eles, sejamos gratos também pelos momentos de tristeza, que nos ensinam as maiores lições.

Aceitemos esta verdade: navegamos pelo rio do Tempo. E não nos cabe controlar a correnteza, nem remar contra as suas águas; tudo que podemos fazer é aproveitar bem cada viagem.

Porque não somos os mesmos, em todos os momentos. E não reagimos só à lógica da razão, mas também ao sabor das emoções; escolhemos o caminho que, na hora, melhor nos parece.

Deixem-me, pois, com os momentos que vivi e os caminhos que trilhei. Decerto, não me fizeram a melhor das pessoas; mas não tenho dúvidas de que me tornaram uma pessoa melhor.

Hoje, quase ao fim da jornada, não tenho dúvidas de que estou onde me trouxeram os caminhos que escolhi. E não quero renunciar aos sorrisos que sorri, nem às lágrimas que chorei. 

Juntos, como o sol e a chuva, me ajudaram a crescer. 

Música:


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sexta-feira, 13 de agosto de 2021

A LIBERDADE DE SER FELIZ

 


Sim; sempre tereis preocupações.

Às vezes, com o trabalho e as finanças; em outras ocasiões, com a saúde e os assuntos do coração; em outras, ainda, com os vossos entes queridos. Sempre haverá o que vos preocupe.

Porque, eu vos tenho dito, não viestes a este mundo para serdes felizes; mas para que aprendais a ser felizes. E, ainda que não o percebais, existe uma grande diferença entre um e outro.

Pois, para que possais reconhecer a felicidade, necessitais antes experimentar a sua ausência. Assim como não conhece o valor do reencontro, aquele que jamais amargou a dor da saudade.

Como poderia alguém descrever-vos a praia, se jamais tivesse pisado em suas areias? Como vos falaria sobre a carícia da brisa nos cabelos, o calor do sol na pele, a espuma nas ondas do mar?

Como explicar o orgasmo, a quem nunca o atingiu? Como falar da ânsia profunda e doce, que nos invade o corpo e a alma? Como explicar o desejo que cresce, até que extravasa de nós?

Como um homem descreveria a ternura, sem tê-la experimentado em si mesmo? Como falaria do sentimento quase infantil, da necessidade inexplicável de proteger a pessoa que se ama?

Não. Decerto, sem as preocupações não conheceríeis a Vida. Nem, tampouco, seríeis capazes de identificar a felicidade; ainda que ela, por mais de uma vez, cruzasse o vosso caminho.

Para que possais ser plenos, necessitais antes provar do vazio. Porque nada existe, que para vós tenha um valor absoluto; cada coisa, para cada homem, tem o valor que ele próprio lhe atribui.

Por isto, sempre tereis preocupações; quando nada houver que vos angustie no presente, os vossos cuidados se voltarão para o futuro. É normal que assim seja; faz parte de cada jornada.

Acostumai-vos a isto. E cuidai de resolver, uma a uma, as dificuldades que vierem a vosso caminho. Escalar montanhas e atravessar rios fazem parte da trilha; e não vos tiram o prazer de seguí-la.  

Atentai, portanto, para vós mesmos; porque não deveis permitir que as preocupações vos ocupem os pensamentos, a ponto de esquecer-vos de viver a Vida, em cada momento que passa.

Sede como o corcel, que busca o abrigo enquanto a chuva cai ou o sol o fustiga; que procura o alimento, quando a fome o atormenta; ou vai em busca do poço, quando é a sede que o incomoda.

Entretanto, não deixa de galopar pelos campos, com a crina esvoaçando ao vento e as narinas dilatadas pelo simples prazer de correr, embriagado de alegria com a própria liberdade.

Porque é preciso aprender a estar vivo, para ser feliz!

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/ernesto_cortazar_honey.mid

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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

MISTÉRIOS


A Vida é o maior de todos os mistérios.

Pois não sabemos quem somos; de onde viemos, nem para onde vamos. Não entendemos a infinitude do Universo; não controlamos o passar do tempo, nem sabemos para onde nos levará.

Não sabemos o que existe depois da morte; se retornaremos ou não, se continuamos ou se chegamos ao fim. Cada homem tem a sua própria opinião e a sua crença, mas nada há de provado. 

Conhecemos o mecanismo da reprodução; mas como explicar que, da junção entre um espermatozoide e um óvulo, possa surgir um embrião que se tornará um ser humano vivo e inteligente?

Ou como o pólen, levado por ventos e insetos, caia sobre o solo e venha a gerar outras plantas? Como a semente, tão pequenina, encerra em seu interior a mesma árvore de onde surgiu?

Por que o botão se transforma em flor e cai sobre a terra, para tornar-se o adubo que ajudará novas flores a brotar? Por que a espuma orla de branco as ondas do mar, como se as adornasse?   

Entendemos o processo de envelhecimento. Mas é assombroso ver como o bebê se torna criança, adolescente e adulto. E como, quando idosos, voltamos a ser semelhantes às crianças.

Sabemos que existe o amor. Mas é impossível explicar o que nos faz sentir, o que desperta em nós; a reação química que nos faz ter prazer com outro corpo, o sentimento que une duas almas.

Vemos as estrelas no céu e sabemos que obedecem às leis da gravitação. Mas como entender a Força que as colocou em seus lugares? Saber porque o seu brilho tanto nos atrai e encanta?

São tantas as perguntas sem respostas! Normalmente até sabemos o “como”, mas não descobrimos o “porque”. E, no corre-corre de todos os dias, não ligamos às maravilhas que nos cercam.

Sim; a Vida é o maior de todos os mistérios. Jamais encontraremos todas as respostas. E, acredito, nem mesmo chegaremos a formular todas as perguntas, ainda que em milhares de anos.

E nem precisamos fazê-lo. Porque, apesar de ser o maior dos mistérios, a Vida é, também, o mais fácil de conviver. Não nos preocupemos com mistérios e perguntas; vivamos, tão somente.

Não precisamos das perguntas, porque não precisamos das respostas. Viver não é um mistério a ser resolvido, mas uma dádiva a ser desfrutada; o importante não é perguntar; é viver.

Vivamos o melhor possível e sigamos em frente; façamos o nosso melhor e aproveitemos a vida. Não nos preocupemos nem com o tempo, porque virá um dia em que ele acabará para nós.

Então, todas as perguntas serão respondidas. Ou perderão a razão de ser.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/andre_rieu_bolero_de_ravel.mid

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