O AMOR
Não vos deveis iludir, vendo no amor a vossa ponte para a felicidade.
Vede-o, antes, como o sonho que anima os vossos passos; que vos traz forças para a caminhada constante em busca do Conhecimento, da Vida e da Eternidade.
O amor não é apenas a nuvem, que no céu assume os formatos criados pela imaginação do vento; é também a chuva benfazeja que cai sobre a terra, preservando a vida.
O amor não está apenas na beleza e no perfume da
flor, mas também no ramo que a acolhe, na raiz que da terra extrai o alimento e
na seiva que sustenta a planta.
O amor não está apenas na mão generosa que distribui
a dádiva; mas também no trabalho honesto, que com o próprio esforço tornou
possível existir a doação.
O amor não está nos gemidos de prazer, mas na ânsia
que domina os amantes durante o encontro dos corpos e leva as almas a buscar no
orgasmo a sensação de plenitude.
O amor não traz o desejo irracional de possuir
alguém, mas a generosidade de renunciar ao egoísmo; de colocar a felicidade do
amado acima da própria felicidade.
O amor não é a inocência, mas a malícia temperada
pelo carinho; não é a pureza, mas o encanto da luxúria a dois. Não é sagrado,
nem profano; é a canção da Vida em vós.
O amor é a gota que escorre da testa suada e cai
sobre uma boca entreaberta em sussurros
de ânsia; é a língua que a colhe e faz desaparecer entre os lábios vermelhos e
ofegantes.
O amor é a carne que penetra a carne, para que as
almas se possam encontrar. É o gozo e o sofrimento, a mais doce companhia e a
pior solidão, o efêmero e a eternidade.
O amor é a paz e a inquietude; o ciúme e a renúncia,
a compreensão e a intolerância, o perdão e a vingança. A sensação de possuir o mundo e no instante seguinte o vazio de nada ser.
O amor é a canção que flutua no ar e o murmúrio das
ondas na praia. É o doce silêncio de quando nada é preciso dizer e
o silêncio opressivo de quando nada resta a dizer.
O amor é a sensação de poder e a agonia dolorosa da
impotência. É ele que vos transforma em anjos ou demônios, ao sabor dos vossos
caprichos e das vossas fraquezas.
O amor é o tudo e o nada; o vosso céu e o vosso
inferno. Brilha nas cores vivas da alvorada e soluça na escuridão profunda da
noite sombria, entre o descaso e o abandono.
Escusai-vos de querer entender o amor. Porque ele não
vos pertence, mas apenas visita os vossos corações; a sua casa é na mansão do
amanhã, onde vivem os vossos sonhos.
No coração do Universo.
Imagem encontrada na internet.