O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

O ADEUS DO AMANTE

 



Perdoa-me pelas desilusões que te causei.

E agradece-me pelos sonhos que despertei em ti; pois as desilusões não brotam senão antes floresciam os sonhos.

Como no tempo se alternam os dias e as noites, alternam-se na vida os bons e os maus momentos.

E, assim, nada é o que parece ser.

Pois mesmo na tristeza da despedida existe uma oculta alegria, que é a esperança do reencontro. E é no amargor da saudade que se oculta a doçura das lembranças.

Se em todo caso de amor existe alguém que mais ama, a esse será reservado o quinhão maior do sofrimento da separação. E é justo que assim seja, por lhe ter cabido a parcela maior de felicidade.

Parte, se assim o desejas. Pois, na verdade, nada me tomas senão aquilo que me deste.

E, assim, de direito te pertence.

Deixa, apenas, que eu te olhe mais uma vez. Para que a tua imagem se entrone no altar da minha saudade.

Pois não são os teus olhos que pretendo guardar,

- mas a luz do teu olhar. 

Assim como não são os teus lábios que pretendo reter,

- mas o sabor dos teus beijos.

E não é do teu corpo que preciso,

- mas do calor do teu amor.

Pois o amor não é como a paixão, que se nutre do que se pode ver,

- mas antes como a religião, que se alimenta do que se pode sentir. 

E, acredita, não pedirei para que fiques. 

Pois não é o amor que se humilha, mas o egoísmo. E não é a saudade que é insuportável, mas a frustração. 

Conforta-me o saber que não nos deixamos por desamor; mas pelo não entendimento do amor.

E, de fato, como poderíamos entender aquele que, dantes, jamais havia andado pelos nossos caminhos?

Assim como a esperança não é mais que o desengano antes do seu nascimento, o desengano é apenas o prólogo de uma nova esperança.

E o nosso conhecimento é a soma das nossas esperanças e dos nossos desenganos. 

Sigamos, pois; e, seguindo conservemos as lembranças do que houve entre nós.

Para que, mais sábios e menos egoístas, saibamos reconhecer a face do Amor; e permanecer em sua companhia. 

Se voltarmos a encontrá-lo em nossos caminhos.

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Do meu livro A Sabedoria de Hassan, disponível na Amazon.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

A FÁBULA DA PÉROLA




Deixai-me falar-vos da felicidade. 

Porque ela é a pérola que buscais, enquanto mergulhados no mar da vida. Embora os rochedos e as ondas vos dificultem o mergulho, persistis em abrir as ostras, para colher o vosso prêmio.

Para cada pessoa, existe uma pérola; e apenas a essa pessoa cabe encontrá-la. Ainda que mergulheis em dupla, a cada um cabe fazer a sua colheita; ou nenhum de vós terá completado o mergulho.  

Deveis ter presente que cada um tem o seu jeito de ser; por isso, há entre vós diversas formas de mergulhar. E vos cabe respeitar a todas, assim como desejais que a vossa seja respeitada.

Há o mergulhador temeroso: aquele que preza, acima de tudo, a sua comodidade e segurança. Experimenta a temperatura da água, usa repelente de tubarões e assusta-se a cada sombra.

Evita as águas mais profundas, foge aos rochedos que lhe parecem aguçados e aos peixes que o cercam. Perdido em seus medos, não encontra a pérola que lhe cabe e no fundo do mar permanece. 

Há o prático, que ignora o mergulho, a água, os corais e os peixes; e vai direto às ostras que avista, abrindo a todas, indiscriminadamente, com a sua faca, no afã de encontrar a pérola que lhe cabe.

E tão envolvido se encontra nessa busca, e tantas ostras abre e examina apressadamente, que a pérola que seria a sua torna-se igual a tantas outras e escapa por entre seus dedos ávidos.

Há o sonhador, a quem falta coragem para mergulhar e por isto apenas idealiza a sua pérola. Em sua imaginação, encanta-se com a textura delicada, a superfície perfeita, o colorido único.

A imagem preenche os seus sonhos, anima os seus dias. E em sua ilusão adora a pérola imaginária. Consola-se na solidão da noite, pensando que no dia seguinte mergulhará para encontrá-la.

Pode acontecer que nenhum deles encontre a sua pérola, mas ainda assim ela refletirá em todas as suas vidas: o temeroso a encontra no conforto, o prático nas tentativas e o sonhador na ilusão.

Deixai-me dizer-vos, entretanto que o mergulhador sensato é aquele que não faz da pérola a razão de sua vida; desfruta, simplesmente, de cada valioso minuto de que dispõe em cada mergulho.

Pois esse é o que aproveita a carícia amiga da água em seu corpo, aprecia a beleza intensa dos corais e admira, embevecido, o nado inconsciente e o colorido variado dos peixes que encontra.

Porque sabe que a pérola não é uma finalidade, mas uma motivação. E agradece ao Universo pela água onde mergulha, pelos corais onde encontra as ostras e pelos peixes que o acompanham.

Para ele, a pérola não é tão necessária; porque a enxerga fragmentada em tudo que existe. E esta é a lição que deveis aprender: encontrar a felicidade não deve ser a obsessão de vossa vida.

Mas a sua consequência.

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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

ACREDITAI EM VÓS

 


Nunca vos deveis entregar ao desânimo.

Porque problemas sempre surgirão em vossos caminhos. E, ao invés de resolver qualquer um deles, a desesperança mina as vossas forças e fecha os vossos olhos às soluções que poderíeis encontrar.

Acreditai sempre, portanto, e a todos resolvereis, um por um. Quando a coragem ameaçar faltar-vos, lembrai-vos de quantas vezes já estivestes em situações difíceis; hoje, todas elas estão no passado.

Perseverai. São os passos do homem que o levarão em frente, ou o farão recuar; e apenas a cada um de vós cabe decidir a direção que tomará. Segui em frente e levareis a bom termo a vossa jornada.

Pois o navegante que pula do barco, durante a tormenta, corre maior risco de perder-se nas águas revoltas. Mais sensato é aquele que permanece a bordo e posiciona as velas, para resistir ao vento.

Confiai em vós mesmos, em quaisquer circunstâncias; e acreditai no Coração do Universo, que não desampara a nenhum de Seus filhos. Isto é o que precisais, para encontrardes o melhor caminho.

Como faz o viajante que, na noite do deserto, busca orientar-se pelas estrelas, procurai em vosso verdadeiro Eu o melhor caminho a seguir, quando vos julgardes perdidos ou em dúvida.

Porque é através dele, que vos fala o Infinito; a Sua essência, que vive em vós,  é capaz de transformar em dia ensolarado a noite mais escura, e a Sua força vos toma pela mão e vos conduz.

Confiai n’Ele, portanto e em vós mesmos. Porque, se uma centelha da Sua essência habita em vós, sereis capazes de operar verdadeiros milagres, quando a Ele vos conseguirdes conectar.

Quando, ao contrário, cedeis ao desânimo, renunciais à comunhão com o Universo; então, turva-se a vossa mente e os vossos problemas vos parecem maiores do que realmente são.

Evitai, pois, entregar-vos à descrença. Recordai que o pensamento é energia; tanto pode elevar-vos às estrelas e fazer-vos caminhar por entre as nuvens, como acorrentar as vossas almas.

Eu vos tenho dito, e repetirei enquanto voz me restar, que apenas de vós dependem as escolhas e os caminhos que tomareis em cada jornada; sois os responsáveis por vossos destinos.

Porque nada aprenderíeis, se assim não fosse. Como o Pai aponta aos filhos as direções a seguir, faz convosco o Coração do Universo; ao livre arbítrio compete  cada uma de vossas escolhas.

Pois nenhum mérito cabe à criança, por sua natural inocência; entretanto, honras são devidas ao adulto que experimentou as tentações e conseguiu manter-se digno, por suas próprias decisões.

Acreditai, sempre, em vós e na Força que vos ampara.

E mais leves se tornarão os vossos caminhos.

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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

PESSOAS



Pessoas são pessoas.

E cada pessoa é ela mesma. Um mundo à parte, com os seus próprios mares, rios e desertos; com suas montanhas e seus vales, suas flores e seus espinhos. Com suas certezas e suas dúvidas.

Cada uma tem suas opiniões, suas ideias e seus pensamentos; sente de seu jeito e reage de acordo com aquilo em que acredita. Porque cada pessoa tem o seu próprio caminho a seguir.

Em verdade, somos como as folhas de uma árvore; que têm a mesma essência, se nutrem da mesma seiva e convivem no mesmo tronco. Parecem todas iguais, mas são diferentes entre si.

Como as folhas, não ocupamos o mesmo galho; porque a árvore precisa da nossa presença. Entretanto, tanto as que estão acima como as dos galhos mais baixos, recebem seiva, chuva e sol.   

É assim que somos; e cada um de nós depende dos outros, embora ignore essa realidade. Somos viajantes de um comboio, que rumam ao mesmo destino e a ele não chegarão senão juntos.

Pessoas têm em si a luz e a escuridão; são maravilhosas e assustadoras, confortam e fazem sofrer. Cada pessoa, em si, é um pleonasmo e um paradoxo, uma afirmação e uma negativa.

Pessoas sofrem e se alegram, choram e sorriem; erram e se arrependem, no processo que faz nascer o aprendizado. Têm preconceitos e os superam; iniciam as guerras e celebram a paz.

Pessoas são fracas, mas encontram forças para seguir os seus sonhos. Amam com paixão e esquecem com rapidez os seus amores. São incrédulas, mas querem crer em anjos e fadas.  

Com nossas interrogações e exclamações, pontuamos a história das nossas vidas; alternamos medo e coragem, egoísmo e generosidade. Julgamos os que nos cercam, e não nos conhecemos.

Cultivamos ilusões que encantam e negamos realidades que desagradam. Queremos ter o controle das nossas vidas e estamos à mercê de tudo que nos cerca. Desejamos ter, mais do que ser.  

Vivemos como se fôssemos eternos, esquecidos de que cada minuto pode ser o último desta jornada. Angustiamo-nos por coisas de somenos, como se viver não fosse o mais importante para nós.

Chegamos sem ter nada e buscamos, por todo o tempo, coisas que não levaremos. Mas somos fugazes e perenes: morremos e continuamos vivos, nas lembranças daqueles que nos amam.

Em nós, convivem o tudo e o nada; a esperança e a desilusão; o amor e o ódio Somos os nossos próprios anjos e demônios; convivemos com os nossos abismos e construímos as nossas pontes.

Em nossa pequenez e nossa grandeza. 

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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

O PASSADO E O FUTURO

 


Não podeis apagar o vosso passado.

Nem mudá-lo, tampouco; o próprio nome já o diz. O passado se perdeu nas dobras do tempo, e nada nem ninguém poderá alterar o que fizestes; ou as consequências que vos trouxe ou traz.

Acalmai, portanto, a vossa alma quanto ao passado. E toda vez que algo nele vos mortificar, lembrai-vos de que, se não fosse por cada um dos vossos passos, hoje não estaríeis no lugar onde estais.

Sim: às vezes, se alterásseis um único passo, poderíeis mudar completamente o vosso rumo e o vosso destino. Hoje, não adianta arrepender-vos de qualquer coisa que fizestes ou deixastes de fazer.

Porque estais onde estais e sois o que sois. Cabe-vos apenas caminhar para onde quereis ir e tornar-vos o que desejais ser; e este pode ser o melhor momento para iniciardes estas jornadas.

Para isto, entretanto, precisais romper com o passado, do qual não deveis guardar senão as boas lembranças e os ensinamentos proveitosos. Os passos são difíceis, quando se carregam pedras.

Alijai, portanto, do vosso passado, as recordações ruins e os arrependimentos; ele é a mochila que levais às costas, e nela nada deveis carregar senão as flores que possam perfumar o vosso caminho.

Pois ninguém consegue seguir em frente, olhando para trás. O ontem foi determinante para o hoje, mas não o precisa ser para amanhã; o passado não é senão o farol que pode iluminar o futuro.

Necessitais ser como o homem que, a cada novo dia, arranca uma folha do calendário; e nada guarda do dia que passou, além das lembranças que lhe possam interessar ou o deixem satisfeito.

Lágrimas não mudam o passado, nem constroem o futuro. Com uma prece de gratidão, deveis encerrar cada noite; e com um sorriso de esperança, receber cada dia que o Universo vos permite viver.

Até porque – e isto necessitais ter sempre presente – não sabeis qual deles será o vosso último. E de nada vos serve remoer mágoas do passado, quando podeis semear alegrias que ireis colher no futuro.

Muitas vezes, vos tenho dito que a vida é uma sucessão de escolhas. E nenhum sábio conseguiria fazer sempre as escolhas certas; até porque só no futuro conhecerá as consequências de cada uma.

Não há, portanto, razão para lamentardes qualquer de vossas escolhas; como não cabe ao lavrador reclamar do que plantou. Enterradas as sementes, apenas as pode desenterrar e semear novamente.

O que passou, passou; é preciso seguir em frente. Lembrai-vos de que cada um de vós é como uma onda que se prolonga, espuma sobre espuma, até que a derradeira consiga atingir a areia da praia.  

E vos espera o Coração do Universo.

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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

A ESCOLHA


Em cada passagem por este mundo, é breve o tempo da nossa permanência.

E cada instante, cada hora, cada dia que se vai, jamais retornará. Irá juntar-se aos muitos que se foram, reduzindo ainda mais o tempo de que dispomos.

Assim como a rosa, que dura o necessário para abrir-se em flor, também o homem tem o tempo de que necessita, para cumprir a sua missão.

E essa missão não é mais que o aprendizado; pois cada homem que caminha sobre a Terra caminha, na verdade, para alcançar o seu lugar no Universo.

E o aprendizado não será isento do sofrimento. Pois como poderia o botão de rosa transformar-se em beleza, sem suportar o calor do sol ou o sopro do vento?

Tampouco ocorrerá sem alegrias. Suportaria a rosa o calor do sol, ou o sopro do vento, não fossem o frescor da noite e a carícia da brisa?

Entretanto, a rosa não busca o sol causticante ou o vento inclemente; apenas os suporta, encontrando na noite e na brisa o refrigério de que necessita para recompor as forças.

Que vos sirva este exemplo.

Pois vos tenho visto a gastar a maior parte do vosso precioso tempo em esmiuçar o vosso sofrimento, quando deveríeis desfrutar das vossas alegrias.

Eis que vos afligis a chorar pelo que vos falta, e esqueceis de sorrir pelo que é vosso. E, assim fazendo, edificais um castelo de sofrimento, que a cada dia vos manterá mais prisioneiros de seus muros invisíveis.

Tendes olhos. A vós, cabe escolher o que vereis.

Pois, se olhardes para o chão, nada vereis além do barro. Se, entretanto, os levantardes para o céu, descobrireis a beleza das estrelas e o fascínio do Infinito.

É vossa a escolha.

Lembrai-vos, todavia, de que as trevas nada podem gerar, além da escuridão cada vez mais densa. E é a luz, dissipando as trevas, que vos pode mostrar o Caminho.

Buscai, pois, a alegria. É ela que vos permitirá ouvir a canção da Vida, e olhar para o amanhecer de cada novo dia como a promessa de algo maravilhoso em vossa estrada.

Deveis, sempre, fugir ao sofrimento. E não permitir que os momentos de amargura encontrem, em vosso coração, guarida mais prolongada que os instantes de felicidade.

É curto o tempo de cada estada.

E, se assim é, por que o desperdiçareis em sofrer, se podeis usá-lo para sorrir? Por que abrigar lembranças amargas, se dispondes também de doces lembranças?

Em vosso caminho encontrareis, todos os dias, a inquietude e a paz.

Cabe-vos escolher qual delas caminhará, por mais tempo, ao vosso lado.

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Do meu livro Hassan, disponível na Amazon. 

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

DE CRÍTICAS E COMPREENSÃO


Evitai a tentação de criticar.

Porque ninguém é perfeito, nem gosta de ouvir sobre os seus defeitos. Escolhei sempre elogiar as qualidades da pessoa, e deixar que ela mesma perceba as suas falhas.

Porque mais se consegue dando flores, do que jogando pedras; melhor oferecer o apoio de um braço amigo, do que apontar o dedo para alguém que passe por um tropeço.

Acreditai, sempre, que cada um procura dar o melhor de si mesmo. E os erros que possa cometer não são da sua intenção, mas meros acidentes do próprio percurso.

Em verdade, eu vos digo: não conheço alguém que ofereça o pior de si; nem alguém que não tenha cometido um erro, apesar da intenção de acertar. Somos humanos.

Cuidado, portanto, ao fazer as vossas críticas. Há quase dois mil anos, Alguém desafiou: “Quem jamais errou, que atire a primeira pedra”. E nem uma foi arremessada.

Lembrai-vos d’Ele, quando vos sentirdes tentados a criticar; e por certo estareis inclinados à compreensão. Antes de apedrejar alguém, recordai as flores que recebestes.

A intolerância destrói; o amor constrói. Grandiosos impérios existiram, gerados pelas armas; todos já se foram, mas a sombra da cruz, símbolo do amor, ainda une o mundo.

Acostumai-vos a aconselhar, em vez de criticar. E tende presente: aquele que pretende aconselhar, precisa aprender a ouvir; ou não conhecerá as razões do aconselhado.

Aprendei, também, a escolher as vossas palavras. Palavras são ferramentas: existem as que constroem e as que destroem; e nem todos os danos podem ser reparados.

Ninguém pode mudar outrem. Só o homem muda a si mesmo; e, para isso, precisa ser convencido da necessidade de mudar. A mudança não vem de fora, mas de dentro.

Não podeis indicar, e muito menos impor a alguém um novo caminho; precisais caminhar junto, ou não conseguireis ajudar na mudança. É apoiando ao outro, que o fareis.

Precisais segurar bem alto a vossa tocha, para iluminar o caminho a quem não o conhece bem. Não julgueis; não vos cabe o direito de condenar sequer a vós mesmos.

Evitai, pois, a tentação de criticar. Sim, é bem mais fácil; mas não vos trará benefício algum, e muito menos ao criticado. Buscai compreender, antes de tentar ensinar.

O amor é sempre o melhor caminho.

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